Tradicional produtor desse alimento, Minas Gerais se destaca pela tradição e pela qualidade
Minas Gerais têm motivos de sobra para comemorar, a cada 20 de janeiro, o Dia Mundial do queijo, seja pela tradição na fabricação, seja pela alta qualidade desse alimento que é um dos principais produtos da economia mineira, garantindo gerando renda, emprego e incentivando o turismo gastronômico.
Nas regiões mineiras da Serra da Canastra, Serra do Salitre e do Cerro, a produção de queijo possui selo de Indicação de Procedência. O Estado produz diversos tipos de queijos, com várias opções para os consumidores, destacando os que são fabricados com leite pasteurizado, como o Minas Frescal, o Minas Padrão e o Provolone, além dos que são produzidos com leite cru.
Segundo dados do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), de 1,2 milhão de toneladas de queijo produzidas no Brasil, em 2020, cerca de 40% foram originados de Minas Gerais. A receita com as exportações do produto, no mesmo período, foi de US$ 76 milhões.
Levantamento do Sistema Safra Agroindústria da Emater-MG mostra a importância da atividade para o Estado. Dados de 2021 indicam que do total de estabelecimentos agroindustriais de leite e derivados no Estado 92,6% pertencem à agricultura familiar.
São 2,3 mil agroindústrias familiares de Queijo Minas Frescal, 927 de Muçarela e 400 unidades de processamento do Minas Padrão. Quanto aos queijos artesanais, a produção mineira das queijarias familiares é também expressiva. O todo, são 3,3 mil agroindústrias do Queijo Minas Artesanal, 600 unidades de processamento de Requeijão Moreno e 570 de Queijo da Serra Geral.
“O queijo é um alimento de riquíssimo valor cultural, nutricional e afetivo, principalmente para os mineiros. Muitos de nós temos na família alguém que está ligado à atividade queijeira”, afirma Erik Flores Fernandes, assistente técnico em Ciência e Tecnologia da Emater-MG, que atua no fortalecimento do segmento.
Minas artesanal
O Estado possui oito regiões caracterizadas como produtoras de Queijo Minas Artesanal: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca. A caracterização e o reconhecimento das regiões são baseados em estudos que avaliam o processo de fabricação e as características peculiares do local de origem, como a história, a economia, a cultura, relevo, altitude, vegetação, o clima, entre outros.
“O Queijo Minas Artesanal preserva uma tradição de séculos de existência e representa a principal renda ou a complementação para produtores. É uma alternativa de agregação de valor ao leite”, afirma Fernanda Quadros, engenheira de alimentos da Emater-MG. “Nas microrregiões produtoras do Minas Artesanal, observa-se a transferência do ‘saber fazer’ essa iguaria de pais para filhos, permitindo a manutenção da tradição”, acrescenta.
A Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), orienta os produtores sobre adequações das queijarias, currais e anexos, obtenção higiênica do leite, tratamento de água, controle sanitário do rebanho, boas práticas agropecuárias, boas práticas de fabricação. Além de dar suporte técnico no atendimento às exigências da legislação vigente, também atua na mobilização e na organização dos produtores.
Anualmente, a Emater–MG e a Seapa promovem o Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal. Os competidores são selecionados após participarem das disputas municipais e regionais. Em 2021, o vencedor foi o queijo Jacuba, produzido por Maria Teresa Viana Boari, do município de Coronel Xavier Chaves, na região do Campo das Vertentes.
Nos últimos anos, os queijos mineiros também têm sido valorizados no mundo. Na edição de 2021 do Araxá International Cheese Awards, os queijos de Minas Gerais faturaram 69 medalhas, entre ouro, prata e bronze. Foi o estado brasileiro com o maior número de premiações, seguido por São Paulo, com 16 medalhas. A disputa, realizada em Araxá, MG, teve a participação de mais de 800 queijos mineiros, nacionais e de outros países.
Turismo e gastronomia
Um exemplo que reúne turismo e gastronomia é a Rota do Queijo Artesanal do Triângulo Mineiro, criada recentemente para estimular o turismo rural associado à gastronomia e, principalmente, divulgar o queijo produzido na região.
A rota é formada por quatro fazendas localizadas em três municípios. São elas: Fazenda Retiro Velho, em Araguari; Fazenda São José do Paranaíba, em Tupaciguara; Fazenda Aprazível e Fazenda Rio das Pedras, em Uberlândia. As queijarias possuem o registro de inspeção do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) ou do Serviço de Inspeção Municipal (SIM).
A queijaria Ouro das Gerais, localizada na Fazenda Aprazível, possui o Selo Arte concedido pelo IMA e já ganhou a medalha de Prata no Concurso Mundial do Queijo em 2019, na França. A propriedade é conduzida pela veterinária Walkíria Naves e seu esposo, Gilmar. Os filhos do casal, Matheus e Thiago, estudantes de zootecnia e administração, ajudam na atividade que eles pretendem dar continuidade no futuro.
O rebanho da propriedade é de gado Jersey, com alimentação a pasto. A produção mensal, de 1,5 mil quilos de queijo, é comercializada no Espírito Santo, em Goiás, Paraná e São Paulo. “A rota do queijo é uma oportunidade para o consumidor conhecer todo o processo de fabricação e valorizar ainda mais o Queijo Minas Artesanal”, afirma Walkíria.