Vinícola cria proposta de sabores singulares alcançados a partir de práticas inovadoras e tecnológicas de cultivo, colheita de inverno e produção sustentável (Foto: Divulgação)
Em uma fazenda em Uberaba, terra do gado zebu e da agropecuária, nasceu a Arpuro, vinícola no Cerrado Mineiro que, pioniera na região, começa a escrever sua história no mundo do vinho brasileiro. A vinícola mineira, que também já figura como um dos locais mais intessantes do enoturismo nacional, não só por conta de seu ´pioneirismo, mas também pela produção de vinhos finos, tudo dentro das práticas mais sustentáveis e tecnológicas possíveis, tem uma história recente, porém muito robusta.

A biomédica, sommelier de vinhos e azeites, e diretora de marketing da Arpuro, Cristiane Marega. Foto: Divulgação
“Somos uma família de 5 irmãos e, durante a pandemia, ficamos isolados na fazenda de nossos pais. Da necessidade de trabalhar, implementamos torres de internet rápida na fazenda durante esse período, Em seguida, investimos em centrais e sensores meteorológicos como curiosidade para verificar o clima, já que havia uma variação muito grande de temperatura durante o dia. Com isso percebemos que a região apresentava um microclima ideal para o cultivo de uvas”, explica a biomédica, sommelier de vinhos e azeites, e diretora de marketing da Arpuro, Cristiane Marega.
Ela conta ainda que, em 2021, foram plantadas as primeiras videiras (as variedades escolhidas para a primeira safra foram Syrah, Sauvignon Blanc, Marselan e Marsanne), a princípio, em 4 hectares de uvas vitis viníferas (posteriormente foram adicionados mais 10 hectares à plantação, totalizando 14 hectares), criando uma proposta de produção de vinhos com sabores singulares alcançados a partir das práticas mais inovadoras, sustentáveis e de alta tecnologia. “Em 2024, lançamos oficialmente nossos primeiros rótulos produzidos 100% em Uberaba”, acrescenta.
Atualmente, além das variedades já citadas, a Arpuro tem plantadas uvas brancas como Chenin Blanc, Roussane e Assyrtyco. Entre as tintas, além da Syrah e Marselan, a vinícola conta com as uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec, Merlot, Tempranillo, Touriga Nacional e Grenache.
“Hoje temos 4 rótulos da safra 2024 e 1 rótulo da safra 2025. Na Arpuro, além de blend de uvas, nós produzimos vinhos com um blend de técnicas. Usamos tanques de inox e ovos de concreto. Produzimos vinhos bem aromáticos com toque mineral e respeitando toda a expressão do terroir”, destaca Cristiane.
Do plantio das frutas até a transformação em vinho
Na produção, Cristiane informa que as uvas são plantadas em espaldeiras com um moderno sistema de irrigação, espalhado por 100% do vinhedo. “Usamos alta tecnologia em todos os setores da vinícola, onde podemos ter, em tempo real, todo o mapeamento do manejo, fábrica e controle total da propriedade, que conta com solo arenoso, 860 metros de altitude e clima propício para a produção onde, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) é possível ser adotada a dupla poda”, informa.
A técnica de dupla poda, também conhecida como poda invertida, é uma técnica agrícola usada em videiras para produzir uvas de alta qualidade durante o inverno. “Essa técnica envolve realizar duas podas anuais para induzir a videira a um ciclo de maturação e colheita diferente, que ocorre na estação mais seca e com maior amplitude térmica, favorecendo a maturação completa dos cachos e a qualidade do vinho”, detalha a bióloga.

Atualmente, a vinícola possui uma estrutura completa para produção de vinhos, desde a colheita, vinificação e armazenamento e uma sala com barricas e fuldres. Foto: Divulgação
Ela destaca ainda que os robustos investimentos em tecnologia de ponta para garantir uma matéria-prima de altíssima qualidade são essenciais para a produção de vinhos finos, com um processo que começa com o uso de drones para o mapeamento detalhado da área, o que permite definir com precisão as melhores regiões e traçados para o plantio. “Hoje a vinícola possui uma estrutura completa para produção de vinhos, desde a colheita, vinificação e armazenamento e uma sala de barricas com barricas e fuldres”, detalha a sommelier.
A vinícola conta ainda com um sistema avançado de irrigação por gotejamento, que monitora em tempo real a quantidade de água utilizada em cada talhão, além da umidade e temperatura do solo. “Usamos tratores autônomos, garantindo maior precisão e eficiência operacional. Todos os dados coletados são armazenados na nuvem e integrados a um sistema inteligente que apoia os engenheiros agrônomos na tomada de decisões estratégicas”, detalha Cristiane.
Inovação além do campo
De acordo com a diretora de marketing da vinícola, o processo do campo à mesa da Arpuro é divido em várias fases, conforme ela lista abaixo:

Na Arpuro, o cuidado com a produção vai desde a coleta e monitoramento de dados desde o plantio até a colheita. Foto: Divulgação
– Coleta e monitoramento de dados desde o plantio até a colheita: Cada etapa é mapeada com tarefas específicas no controle de campo, permitindo rastreabilidade total e gestão eficiente das operações agrícolas.
– Controle detalhado da produção dos vinhos: Acompanhamos cada fase com tarefas específicas, geração de gráficos, análises químicas e diversos indicadores que garantem a qualidade e consistência do produto final.
– Banco de dados integrado: Com a junção de todas essas informações, é possível traçar um perfil histórico e completo de cada vinho produzido — desde a origem da uva até o engarrafamento — criando um sistema totalmente mapeado e transparente.
“Usamos prensa pneumática francesa para brancos e roses, garantindo maior frescor aos vinhos e barricas Cavin de bosques escolhidos a dedo. Essa abordagem tecnológica nos permite elevar o padrão de qualidade, otimizar recursos e oferecer ao consumidor um vinho com identidade, rastreabilidade e excelência”, afirma.
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Os vinhos da Arpuro
Segundo Cristiane, em relação aos diferenciais da vinícola, o destaque está na busca pela produção de vinhos mais elegantes, com foco na qualidade e cuidados com todo o processo produtivo, respeitando o terroir, a variedade das uvas e suas características.

A Arpuro possui um estruturado enoturismo com experiências sensoriais e harmonização com a cozinha mineira contemporânea. Foto: Divulgação
“Possuímos uma enologia de alta qualidade. Os vinhos são elaborados por dois enólogos: Rui Cunha (português, com vasta experiência) e Lucas Amaral (jovem talento brasileiro). Soma-se a isso, a grande variedade de castas plantadas, que dá bastante flexibilidade”, destaca. “Atualmente, a Arpuro também possui um estruturado enoturismo com experiências sensoriais e harmonização com a cozinha mineira contemporânea”, finaliza a sommelier








