Produto foi medalha de ouro no concurso internacional de queijo, realizado em Araxá
O requeijão moreno produzido em Porteirinha, no Norte de Minas, por Everson Pereira, também conhecido pelo apelido de Toko, está entre os queijos mais saborosos do mundo. A chancela foi dada pelos jurados do concurso mundial do queijo, o International Cheese Awards, realizado durante a Expoqueijo Brasil 2021, em novembro, em Araxá, no Triângulo Mineiro.
O Requeijão Moreno Toko conquistou medalha de ouro, na categoria Massa Fundida. Seu idealizador comemorou o prêmio e viu na conquista mais uma oportunidade de valorizar o seu produto, fabricado há oito anos, numa agroindústria de pequeno porte que mantém na sua propriedade rural, a três quilômetros do centro urbano de Porteirinha.
Toko é acompanhado pela Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), desde que resolveu a se dedicar à atividade, resgatando um ofício dos bisavós maternos, que, segundo ele, já fabricavam o requeijão moreno. A confecção do produto é a realização de um sonho dele e da esposa Mirani Rodrigues Santos Pereira, que são os responsáveis pela queijaria.
“Meus bisavós produziam e a gente sempre sonhou resgatar essa cultura. O requeijão moreno é típico na nossa região, no norte mineiro. Minha esposa e eu trabalhamos numa fábrica de requeijão e foi lá que aprendemos a produzir”, relata Pereira. “Com muitas dificuldades conseguimos abrir a nossa queijaria e fizemos um bom requeijão, o melhor do mundo”, conta com orgulhoso.
A produção
O requeijão moreno é um tipo de queijo artesanal, feito a partir de leite cru coagulado naturalmente. É um produto obtido da fusão da mistura de creme de leite com massa de coalhada dessorada (sem o soro) e lavada. Nos meios técnicos é considerado um queijo de massa fundida. De consistência firme ou de corte, é comercializado em barras. Como o próprio nome sugere, o requeijão moreno é amarronzado, com tonalidade que pode variar de mais clara a escura, dependendo do tempo de cozimento ou fritura do creme de leite usado para dar o acabamento final.
Agroindústria
Desde que abriu sua agroindústria, Pereira vem se capacitando, investindo e melhorando a estrutura da queijaria. Sua produção diária é de 40 quilos de requeijão moreno. O concurso de Araxá não foi o primeiro a premiar o seu requeijão. Em 2019, ele ficou em terceiro lugar, com medalha de bronze, no 5º Prêmio Queijo Brasil, realizado em Florianópolis, SC.
Seu produto pode ser comercializado em todo Estado de Minas Gerais, porque possui registro no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), como agroindústria de pequeno porte. No momento, o Requeijão Moreno Toko é comercializado em Montes Claros, Americana, Janaúba, Porteirinha e Belo Horizonte.
Toko sonha alto e quer colocar seu produto em todo o mercado brasileiro. Para isso, está em processo de adequação da queijaria para receber o selo do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA). Ele tem um cadastro provisório junto ao IMA, por possuir instalações e equipamentos mínimos que permitem fabricar o requeijão em condições higiênico-sanitárias e que garantem a produção de um alimento seguro.
Adequações
“Ao fim de dois anos, se ele fizer tudo de acordo com o que a legislação exige, obterá o registro definitivo da agroindústria, o Sisbi. Como o IMA tem equivalência ao Ministério da Agricultura (Mapa), o órgão mineiro pode conceder o Sisbi, afirma a assessora técnica de Agroindústria de Leite e Derivados da Emater-MG, Marciana de Souza Lima. “Isso vai abrir portas comerciais para Toko vender o seu requeijão moreno em todo País.”
Segundo o técnico Agropecuário do escritório local da Emater-MG, em Porteirinha, Diogo Franklin Caires, que também presta assistência ao produtor há dois anos e meio, algumas exigências que foram acordadas e estão sendo cumpridas por Toko, que tem prazo de dois anos para concluir. “Ele tinha forno com carvão, hoje, é tudo máquina a vapor. Agora está terminando as reformas da construção”, exemplifica Diogo.
Regiões produtoras
A fabricação do requeijão moreno é tradição no norte mineiro, principalmente na microrregião da Serra Geral, e também é muito produzido no Vale do Mucuri e Vale do Jequitinhonha, no nordeste do Estado. É considerado um alimento rico por seu valor nutricional, cultural e gastronômico, sendo apreciado com um bom cafezinho, nas regiões produtoras.
“Mesmo sendo o requeijão moreno um tipo de queijo artesanal, classificado como queijo de massa fundida, feito de leite cru, coagulado naturalmente, ainda não existe uma região produtora caracterizada e reconhecida oficialmente pelo Estado, como já acontece com alguns queijos artesanais de Minas”, diz Marciana.