Objetivo é otimizar uso da terra, além de fixar carbono no sole e na biomassa vegetal
Um projeto de pesquisa voltado para o bioma Cerrado, focado na recuperação de pastagens degradadas por meio de sistemas integrados de produção, será desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em parceria de instituições de ensino, pesquisa e extensão, como Emater-MG, Embrapa, entre outras entidades.
O objetivo é abarcar diferentes esquemas produtivos para otimizar os usos da terra e fixar carbono no solo e na biomassa vegetal. “A recuperação de pastagens degradadas é um trabalho que não pode esperar”, afirma o pesquisador da Epamig, Fernando Franco.
O especialista aponta como diferenciais do projeto o trabalho de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), desde o início, além da possibilidade de conduzir ensaios em áreas de ILPF estabelecidas há mais tempo. As pesquisas serão realizadas nos Campos Experimentais da Epamig dos municípios de Uberaba, Patos de Minas e Prudente de Morais.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estima que, no Brasil, cerca de 130 milhões de hectares de pastagens estejam degradados e necessitem de alguma intervenção para reverter o estado em que se encontram. “Somente no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, regiões que compõem o bioma Cerrado, existem 2,5 milhões de hectares de pastagens com algum nível de degradação”, informa Franco.
Etapas
Segundo o pesquisador da Epamig, os trabalhos terão início com o ensaio de ‘recuperação de pastagens degradadas pelos sistemas integrados de produção’. “Utilizar sistemas integrados para recuperação de pastagens significa a implantação de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF); Integração Lavoura e Pecuária (ILP); reformas de pastagens; florestas plantadas e, ainda, lavouras em monocultivo”, aponta.
“Pretendemos medir o consumo de água para a produção de forrageira nesses sistemas integrados, ou seja, vamos analisar o quanto esses sistemas são mais eficientes que pastagens degradadas, ou até mesmo pastagens em monocultura, no que diz respeito à utilização de água”, acrescenta Franco.
O segundo ensaio é denominado ‘recuperação da pastagem sob o sistema silvopastoril’. As pastagens dos campos da Epamig em Patos de Minas e Prudente de Morais foram implantadas junto à eucaliptos. “Em função do desenvolvimento das árvores, houve competição por água, luz e nutrientes, fator que prejudicou o desenvolvimento das pastagens. Dessa forma, os testes do segundo ensaio consistirão nos diferentes níveis de desbaste (retirada de árvores) de eucalipto para aumentar a disponibilidade de nutrientes, água e luz para as forrageiras”, destaca.
“Nesse ensaio, esperamos que os resultados indiquem qual é o nível mínimo de desbaste de árvores necessário para a retomada do potencial produtivo das forrageiras estabelecidas em sistemas ILPF”, diz o pesquisador. Ele informa que tratamento controle dos dois ensaios será a própria pastagem degradada, pois o projeto tem como objetivo demonstrar o potencial de fixação de carbono, eficiência no uso da água e input produtivo quando se converte pastagens degradadas em sistemas integrados de produção.
O terceiro ensaio do projeto prevê a utilização de animais para desfrutar das pastagens recuperadas e a avaliação da emissão de metano entérico e de gás óxido nitroso. Nesse ensaio, também serão avaliados os efeitos da presença de árvores na biodiversidade de abelhas, insetos benéficos e pragas.
Parceiros
Além das instituições de ensino, pesquisa e extensão, que vão envolver alunos, estruturas de laboratório e equipamentos nos três ensaios do projeto, empresas privadas também parceiras, serão responsáveis por custear mudas de eucalipto Corymbia citriodora e corretivos de solo.
O pesquisador da Epamig afirma que ainda busca empresas para participar das operações de retirada de eucalipto do ensaio dois. “Sabemos que essa é uma atividade onerosa, mas que gera divisas com a venda da madeira. A contrapartida da Epamig será ceder a madeira colhida para as empresas parceiras”, informa Franco.
A pesquisa é financiada pelo programa de apoio a projetos do Projeto Rural Sustentável (Cerrado). Mais informações são obtidas pelo número de telefone (34) 3317-7600.