País é referência na aplicação de economia circular nesse segmento
O Brasil, por mérito do Sistema Campo Limpo, programa gerenciado pelo InpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), apresenta um índice de 94% no encaminhamento sustentável das embalagens primárias comercializadas em todo território nacional.
Tanto o País como o programa são considerados referências globais na aplicação dos conceitos de economia circular nesse segmento. “Desde a criação do programa, em 2002, até o ano passado, mais de 630 mil toneladas de embalagens vazias foram destinadas de forma correta”, informa o engenheiro agrônomo e diretor-presidente do InpEV, João Cesar Rando.
De acordo com levantamento do instituto, a estimativa do programa, para este ano, é receber entre 53 mil e 54 mil toneladas. Além disso, em parceria com a Fundação Espaço Eco, o InpEV realizou estudos para avaliar os impactos ambientais e econômicos do sistema, que ressaltam a importância da implementação desse programa em nível nacional.
“Um dos benefícios oriundos desse programa é a economia de energia de 36 bilhões de megajoules, o suficiente para abastecer 5,2 milhões de casas por um ano, além de extração 20 vezes menor de recursos naturais”, destaca o engenheiro agrônomo.
Outra vantagem apontada pelo executivo é que, em relação ao impacto nas mudanças climáticas, o sistema evitou a emissão de 823 mil toneladas de CO2eq na atmosfera, ou o equivalente à 1,8 milhão de barris de petróleo não extraídos.
Objetivo
O Sistema Campo Limpo foi idealizado dentro do conceito de logística reversa, integrando a cadeia produtiva em um objetivo comum. Ao mesmo tempo, desde a sua criação, atende aos critérios ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), uma vez que trabalha conceitos de economia circular, conserva o meio ambiente e promove a geração de mais de 1000 empregos diretos.
“O programa está assentado em quatro pilares: legislação, integração (responsabilidade compartilhada), educação e conscientização, e gestão de processos e informações”, explica Rando. Segundo ele, atualmente, são atendidas 1,8 milhão de propriedades agrícolas que fazem o uso de defensivos agrícolas, com a participação de mais de 130 fabricantes e 267 associações de cooperativas e distribuidores.
O sistema conta ainda com mais de 400 unidades de recebimento de embalagens e promove recebimentos itinerantes para atender produtores com dificuldade de movimentação e regiões onde não existem cadeias produtivas estruturadas. “Antes da pandemia, tivemos 5 mil recebimentos itinerantes em todo o País. Mesmo com as restrições da pandemia, ano passado, foram quase 4 mil”, destaca Rando.
Logística
O transporte das embalagens é realizado pelo InpEV, que leva os resíduos aos recicladores e incineradores parceiros. Para manter a logística eficiente, o órgão adotou uma gestão de processos e informação, que orienta a tomada de decisão, com foco na eficiência e na produtividade, além de contribuir para a redução de custo e para a captura de valor.
Entre as tecnologias citadas pelo executivo está o agendamento online de devolução de embalagens vazias, que permitiu ao sistema receber informações sobre o volume de devolução dos produtores rurais, organizando de forma mais assertiva a logística. “Também estamos trabalhando para implantar um sistema de código de barras, a fim de automatizar e agilizar as informações”, conta.
Quando as embalagens são recicladas, elas se transformam em novos produtos para a construção civil, indústria automotiva, energia e moveleira. Os artefatos também estão sendo transformados em novas embalagens e tampas para atender as indústrias de defensivos agrícolas.
O InpEV também montou a primeira fábrica que recicla e produz embalagens, a partir da resina plástica reciclada, com certificação das Nações Unidas. Além das embalagens, o sistema também recebe dos produtores rurais as sobras dos defensivos agrícolas pós-consumo, regularmente fabricados e comercializados. “São mais de 160 unidades para receber essas sobras e dar a destinação e o tratamento ambientalmente adequados a esses resíduos”, finaliza Rando.