A região prepara-se para a safra das oliveiras e colheita das azeitonas começa em breve
A colheita de azeitonas da safra 2024 na região da Serra da Mantiqueira, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro começa no final de janeiro e a expectativa é que a produção de azeites cresça em relação ao ano de 2023, quando alcançou 60 mil litros.
O engenheiro agrônomo Pedro Moura, integrante do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), relata que houve boa florada na região e a previsão é que a extração de azeites, no próximo ano, seja superior, apesar de ainda não ser possível dimensionar.
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Evolução
Luiz Fernando de Oliveira, engenheiro agrônomo e coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da EPAMIG salienta que a produção de azeites no Brasil é bastante recente. “A primeira extração nacional foi realizada pela EPAMIG, em Maria da Fé-MG, no ano de 2008, e, por essa razão, pesquisadores e olivicultores acompanham com cautela a evolução de cada safra”, afirma.
Segundo Oliveira, foram alcançados importantes avanços em termos de tecnologia em todas as etapas da cadeia produtiva, ou seja, produção de mudas, tipo de poda, manejo, agroindústria, análise da azeitona e do azeite.
Mas, para ele, “ainda há muito a se evoluir seja no estudo do comportamento das plantas, seja no conhecimento do potencial produtivo da oliveira ou em ações para amenizar os impactos das condições climáticas”.
Azeitech
Pedro Moura informa que para a safra 2024, a EPAMIG prepara mais uma edição do Azeitech, composto pelo 19º Dia de Campo de Olivicultura e pela 9ª Mostra Tecnológica, que acontecem no próximo dia 2 de fevereiro, no Campo Experimental de Maria da Fé, justamente no período de colheita das azeitonas.
“Na ocasião, a agroindústria de extração de azeite da Unidade será reinaugurada”, destaca.
O especialista ressalta que “o lagar, modernizado, conta com novos equipamentos, como máquina extratora, lavadores de garrafa, rotuladores e tanques de inox, que vão ampliar a capacidade de produção e os serviços aos ofertados olivicultores e produtores de azeite de abacate”, completa.
Alta nos preços e consumo de azeites
O agrônomo da EPAMIG conta que, esse ano, a produção mundial de azeite sofreu uma queda brusca, em função das mudanças climáticas registradas, principalmente, na Europa, em países exportadores como Espanha, Itália e Grécia. “Por essa razão, os preços dos azeites nos supermercados brasileiros também oscilaram para o alto, com elevação superior a 20%, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas”, sublinha.
O especialista prevê que essa alta se mantenha até a recuperação da produtividade nas regiões tradicionais. “E temos pela frente um período de alta demanda, a Páscoa, no qual os preços podem aumentar mais”, avalia Moura.
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Consumo brasileiro
Luiz Fernando de Oliveira conta que o Brasil está entre os países que mais consomem azeite no mundo e importa, em média, 100 milhões de litros por ano.
Segundo o agrônomo, a produção nacional é bastante incipiente e resulta em pouco mais de 500 mil litros/ano. “Como a cultura exige um mínimo de horas de frio, o crescimento das áreas de produção é restrito”, explica.
Oliveira informa que o plantio se concentra em regiões serranas como a Mantiqueira e frias como o Sul do Brasil. “O azeite nacional tem como principal diferencial o frescor”, salienta.
Atividade em crescimento
De acordo com o especialista, na Mantiqueira, a atividade está em crescimento, mas não há intenção de competir quantitativamente com as grandes regiões produtoras. “O objetivo é, sim, marcar espaço pela produção de azeites de elevada qualidade e sabor marcante”, enfatiza.
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Fraudes
Os pesquisadores da EPAMIG alertam ainda para o risco de fraudes no azeite. O produto, que é um dos mais adulterados no gênero alimentício, tende a ser mais visado nesta fase de alta de preços. “Temos de lembrar que o azeite tem um alto custo de produção e que esta alta de preços é uma tendência mundial, então, o consumidor precisa desconfiar de preços muito mais baratos do que os comumente praticados”, alertam.
Escolhendo certo
Oliveira chama atenção para outros aspectos, que também devem ser considerados na hora de escolher o azeite. “Há características interessantes a serem observadas no momento da compra como, por exemplo, a data do envase, ou seja, quanto mais jovens os azeites, melhores suas características e seu frescor”, ensina.
Ele dá orientação também quanto ao local de produção e envase, cuja preferência deve ser dada aos produtos envasados no local de origem, “pois o azeite, fabricado em um local e engarrafado em outro, tem mais chance de ser adulterado ou de ter suas características modificadas do que aquele que já está acondicionado no recipiente em que será comercializado”, esclarece.
Embalagens
Quanto às embalagens, o especialista alerta que “para preservar suas características, é importante que o azeite seja isolado da luz, assim, vidros escuros, são preferíveis”.
Outro ponto a ser observado na hora de adquirir o azeite, segundo o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da EPAMIG, é a exposição das garrafas no ponto de venda, “uma vez que o azeite tem que ficar armazenado em local fresco e protegido da luz”, conclui.