Os interessados precisam pedir autorização ao Ministério da Agricultura
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) concedeu ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no dia 12 deste mês, licença ambiental de operação para cultivo comercial da macroalga Kappaphycus alvarezii, no Parque Aquícola número 5, na Baía Sul de Florianópolis.
“Esse é um momento histórico de um planejamento que se iniciou em 2006”, comemora Alex Alves dos Santos, pesquisador do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Epagri/Cedap).
Durante 4 anos, período de validade da autorização, o maricultor deverá realizar o monitoramento ambiental e enviar um relatório anual ao IMA. “Qualquer maricultor que estiver localizado nesse parque aquícola pode pedir autorização ao Mapa para cultivar a macroalga”, explica Santos.
Fonte de renda
A macroalga produz a carragenana, usada como espessante pelas indústrias química e alimentícia. Para se ter uma ideia do potencial da atividade como importante fonte de tenda, em 2015 o Brasil importou 1.836 toneladas do produto, o equivalente a US$16 milhões. Outra opção é a produção de biofertilizante a partir dessa matéria-prima. Atualmente, o quilo da alga fresca é comercializado entre R$ 3,00 e R$5,00.
Conforme explica Santos, a estratégia dos pesquisadores catarinenses é iniciar os cultivos comerciais da macroalga integrados ao de moluscos, diversificando a produção e aumentando a renda dos produtores. “No futuro, cada produtor poderá avaliar o que é melhor para si, ou seja, continuar com a integração ou partir para o monocultivo de algas”, diz ele.
O parque aquícola Florianópolis número 5 está localizado na Baía Sul da capital catarinense e engloba a região costeira dos bairros Caieira Barra do Sul, Ribeirão da Ilha e Tapera. Abrange 106 áreas aquícolas e 104 produtores. A capacidade produtiva é estimada entre 38,4 e 64 toneladas de macroalga por hectare a cada ciclo de cultivo. Segundo estudos, há possibilidade de três e cinco ciclos anuais.
De acordo com Santos, Santa Catarina conta com 21 parques aquícolas. A próxima etapa do trabalho é a liberação do cultivo da macroalga nas 20 áreas ainda não contempladas. “O caminho é longo, mas temos que comemorar a autorização recebida para o segundo maior parque aquícola do Estado”, afirma o pesquisador.
As pesquisas
Há cerca de uma década, a Epagri/Cedap e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) firmaram uma parceria institucional para a realização de estudos sobre a viabilidade da produção da macroalga no Estado. Em 2009 começaram os cultivos experimentais em Florianópolis, que depois foram ampliados para os municípios de Governador Celso Ramos e Penha.
As ampliações eram condicionantes para a liberação dos cultivos comerciais, impostas pelo Ibama, órgão licenciador de espécies exóticas. Até agora, apenas Rio de Janeiro e São Paulo estavam liberados para cultivos comerciais.
A macroalga é nativa de regiões tropicais do continente asiático, como Indonésia e Filipinas, que são os maiores produtores mundiais. Por ser de uma região quente, ela não consegue se reproduzir sozinha no Brasil. No País, os plantios e replantios são realizados com pequenos ramos retirados do vegetal. Os ramos rebrotam e crescem em ciclos que variam de 30 a 60 dias, dependendo da temperatura. No verão, os ciclos são menores.