Líder mundial no reaproveitamento do metal, reciclagem de latas de alumínio no país fica próxima dos 100% (Foto: Pixabay)
Há menos de um mês para a realização da 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a,Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), reforça a capacidade infinita de reciclagem deste metal e promove a conscientização sobre a sua importância para o desenvolvimento sustentável do país.

A reutilização do alumínio contribui para redução dos riscos ambientais. Foto: Divulgação
De acordo com a entidade, o Brasil produziu cerca de 1,9 milhão de toneladas de produtos de alumínio em 2024, registrando aumento no consumo per capita, que passou de 7,8 kg para 8,8 kg por pessoa. Nesse mesmo ano, aproximadamente 1 milhão de toneladas de alumínio reciclado foram utilizadas, o que representa 57% do total fabricado, mais que o dobro da média global, de 28%. Em relação às latas de alumínio, esses números são ainda maiores. Apenas 2,3% das latas de alumínio para bebidas utilizadas no Brasil não foram recicladas, os 97,7% reutilizados equivalem a 33,9 bilhões de unidades ou 417,7 mil toneladas.
O doutor em Ciências dos Materiais, Carlos Moraes, explica que, além do desenvolvimento econômico, a reutilização do alumínio contribui para redução dos riscos ambientais, como os que acontecem na extração de grandes áreas e na geração de rejeitos de bauxita que chegam às barragens.
“Para cada tonelada de alumínio primário são necessárias cerca de quatro toneladas de minério de bauxita, o que causa impactos significativos em áreas de extração. Além disso, aproximadamente 75% do processo se converte em rejeitos, armazenados em barragens. Isso representa grandes riscos ambientais, como os já observados em desastres envolvendo essas estruturas”, afirma o especialista.
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O processo até a reciclagem
Segundo a ABAL, o desempenho que faz do Brasil uma referência na reciclagem há 16 anos está no desenvolvimento pioneiro da indústria nacional do alumínio, que desde a década de 1990, investe em redes próprias de coleta e capacidade de reciclagem, criando a infraestrutura necessária para que fabricantes e envasadoras cumpram seus compromissos de logística reversa, conforme prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos, vigente desde 2010.

Para que a reciclagem aconteça, a jornada da lata começa no descarte e passa por uma cadeia de trabalhadores até retornar às prateleiras. Foto: Pixabay
Para que a reciclagem aconteça, a jornada da lata começa no descarte e passa por uma cadeia de trabalhadores até retornar às prateleiras. Conforme explica Moraes, o processo se inicia com os catadores — hoje cerca de 800 mil em todo o Brasil, segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis —, que recolhem e encaminham o material para as cooperativas, responsáveis pela triagem e pelo repasse aos recicladores.
Embora o sistema funcione de maneira eficiente, ele ressalta que o processo de reciclagem é complexo, pois materiais que envolvem a lata, como a tinta da embalagem ou resíduos internos, podem alterar a composição do alumínio. “Nem sempre é possível reciclar 100% do material, pois o metal pode absorver gases como oxigênio (O), hidrogênio (H) ou nitrogênio (N) durante o processo de fusão. Esses elementos podem estar presentes na tinta externa ou no filme polimérico interno da lata. Quando absorvidos pelo metal líquido, eles geram porosidades durante a solidificação, diminuindo a resistência do produto final”, esclarece.








