A participação do Chile na 15a edição da feira Bio Brazil Fair | Biofach América Latina – considerada o grande encontro anual do mercado orgânico no Brasil e maior evento de negócios do setor na América Latina – vai girar em torno do acordo bilateral, firmado em abril deste ano, entre os dois países para comércio e exportação de produtos orgânicos brasileiros e chilenos, visando ao incremento desse setor. O evento, que começou no dia 5 de junho, será encerrado no sábado (8), no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.
Na pauta está o destaque para a exportação de vinhos chilenos Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Carmenère, Sauvignon Blanc, Chardonnay e vinhos tintos e brancos de corte (mescla de cepas variadas) que registraram crescimento expressivo, ao lado de plantas medicinais, muitos dentre eles, chegando a mais de três dígitos. Para o mundo, as exportações chilenas de produtos orgânicos alcançaram a marca de US$ 285 milhões, em 2018.
Firmado recentemente, o acordo de equivalência de produtos orgânicos do Brasil e do Chile entrará em vigor a partir de junho de 2019, permitindo o incremento do comércio entre os dois países neste setor. Segundo empresários chilenos e brasileiros, esta aliança é um marco para se começar grandes novos acordos e negócios entre Brasil e Chile.
Os trâmites para a formalização da aliança começaram a ser tratados há seis anos, e representam o fim de barreiras para o reconhecimento da certificação brasileira no capítulo dos orgânicos, pelo Chile, com reciprocidade do Brasil no que tange aos produtos chilenos. O acordo abrange inicialmente produtos de origem vegetal, e prevê no futuro a inclusão de outras áreas como a pecuária e políticas públicas que fomentam a produção orgânica.
Certificação
Produtores brasileiros não precisarão mais contratar certificadoras credenciadas no Chile para inspecionar as unidades de produção daquele país, o que impacta em menos custos. A aliança também beneficiará os pequenos e médios produtores, abrindo uma janela para a exportação de seus produtos, e eliminando os custos com certificação para a comercialização. A mesma regra valerá para os produtores chilenos.
Outro ganho importante para os produtores brasileiros é que o Chile aceitou os Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade Orgânica. Nesses sistemas são formados grupos de produtores, que desenvolvem modelos de controle da qualidade com visitas e verificações nas áreas de produção. Com isso, a responsabilidade da certificação é compartilhada entre os próprios produtores. O sistema participativo também permite a divisão dos gastos, reduzindo o custo de produção.
A norma chilena, assim como a brasileira, reconhece a certificação participativa da mesma maneira que a certificação por auditoria (feita pelas certificadoras privadas), uma inovação no trânsito de produtos importados, pois os demais países só reconhecem a certificação por auditoria.
A expectativa é de que haja um aumento no comércio de produtos orgânicos em geral de ambos os países, já que o acordo tem como principais objetivos a promoção de ações que visem facilitar o comércio, bem como iniciativas e políticas que estimulem o desenvolvimento da produção orgânica chilena e brasileira, mantendo uma comunicação fluida e colaborando mutuamente em questões de controle.
Vinhos
Além de produtos vegetais e processados, o acordo também inclui na pauta o item vinhos,e da mesma forma, estabelece o reconhecimento dos sistemas de certificação e controle para a produção orgânica dos dois países no setor viticultor, permitindo que os produtos sejam exportados e comercializados tanto no Chile quanto no Brasil.
Com o objetivo de começar e simplificar a operação, haverá um período de transição e adaptação, onde poderão ser utilizados rótulos com selo orgânico chileno ou selo orgânico brasileiro. O acordo terá duração de cinco anos, sendo renovado automaticamente por períodos iguais.
Orgânicos: promissora porta que se abre entre Chile e Brasil
Dados do ministério da Agricultura do Chile dão conta de grandes oportunidades de comércio de produtos orgânicos chilenos como frutas frescas, maçãs, kiwis, frutas secas, cranberry, frutas congeladas e polpa. Mas quem ocupa posição de destaque no ranking dos orgânicos exportados para o Brasil são os vinhos chilenos, ficando atrás somente do azeite de oliva.
Maçãs, suco de maçã, plantas medicinais e frutas vermelhas congeladas também se incluem no rol de produtos orgânicos chilenos importados pelo Brasil, que ocupa atualmente a 16a posição entre os países que importam tais produtos do Chile.
Cerca de 95% da produção de orgânicos no Chile é exportada. Nesse contexto, se destacam frutas e hortaliças congeladas, conservas, polpas de frutas e hortaliças; vinho, azeite de oliva, frutas e hortaliças desidratadas. As frutas ocupam o segundo lugar no ranking, com destaque para mirtilos e maçãs, e em menor escala, os kiwis. A maior concentração da produção orgânica situa-se na Região dos Rios (29%), seguida da Região do Maule (22,9%) , e em terceiro lugar, da região de Biobió (20,5%).
Seis de cada dez consumidores brasileiros adquirem produtos orgânicos – cerca de 15% da população urbana, segundo dados pesquisados no ano passado. Cana de açúcar, arroz, café, castanha, cacau, palmito e mel, entre outros, são os principais produtos brasileiros na pauta orgânica da exportação.
Leia também a matéria sobre o acordo entre Brasil e Chile em torno da exportação e importação de produtos orgânicos de cada país, acessando o site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Clique aqui!
Sobre a Biofach
O evento fomenta as relações comerciais e a troca de experiências e conhecimento entre fornecedores, profissionais do varejo e consumidores em geral há 15 anos. Referência para quem vive em sintonia com este universo de lançamentos em alimentos, moda, cosméticos, produtos de higiene e serviços, a feira promove ainda networking, soluções e atualização profissional que se multiplicam em bem-estar e qualidade de vida.