Descubra algumas boas razões para consumir carne vermelha (Foto: Shutterstock)
Presente na dieta dos seres pré-humanos há cerca de 2,6 milhões de anos, a carne vermelha teve um papel fundamental no desenvolvimento das pessoas, em especial do cérebro. A proteína foi essencial para fornecer mais calorias (com menos esforço) aos humanos, favorecendo o crescimento desse órgão, que exige muitos nutrientes.
Porém, ainda há muita desinformação sobre o consumo dessa proteína. De acordo com a nutricionista especializada em dietas low carb, cetogênica e carnívora, Letícia Moreira, essa questão está relacionada há alguns mitos criados para diminuir o consumo desse alimento.
Em primeiro lugar, segundo Letícia, é crucial entender que não se deve eliminar a ingestão de proteína animal da dieta. “É preciso adotar uma alimentação baseada em comida de verdade, optando por ingredientes frescos, naturais e com mínimo de processamento para manter uma boa saúde, e a proteína animal é protagonista nesse contexto, pois é fonte de uma variedade de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo”, destaca.
Mitos sobre a carne vermelha
Para dar luz a algumas informações que não retratam os reais benefícios relacionados à ingestão de carne vermelha, a especialista lista alguns mitos e esclarece mais sobre o assunto. O primeiro deles é sobre o aumento do colesterol.
A carne vermelha não está associada ao aumento do colesterol. O seu consumo não impacta negativamente os níveis de colesterol em indivíduos saudáveis. “O mito de que a carne vermelha eleva o colesterol é desmistificado quando analisamos a dieta como um todo. A qualidade das gorduras e a presença de carboidratos processados têm um impacto muito maior na saúde cardiovascular”, informa Letícia.
Outro mito é sobre a questão de que a carne não apodrece no intestino. Na verdade, a carne é digerida de forma eficiente no sistema digestivo humano, e o tempo de digestão é semelhante ao de outros alimentos proteicos, como ovos e laticínios. Estudos demonstram que a carne não provoca fermentação prejudicial no intestino.
“O processo digestivo humano é bastante eficiente. O que realmente importa é a saúde intestinal e a composição da dieta. A carne não apodrece no intestino, mas sim contribui para a saúde do organismo”, relata.
Letícia observa também que carne não aumenta o ácido úrico, pois, apesar do alimento conter purinas, que podem aumentar os níveis de ácido úrico em algumas pessoas, o consumo moderado de carne não é um fator determinante no desenvolvimento de gota.
Além disso, ela acrescenta que a carne vermelha é uma fonte rica de ferro heme, que é mais bem absorvido pelo organismo. No entanto, para a maioria das pessoas saudáveis, o consumo regular de carne não causa aumento excessivo nos níveis de ferritina, que é a proteína que armazena ferro no corpo. A excreção de ferro é regulada pelo organismo, e excessos são raros.
“A ferritina é uma proteína de armazenamento de ferro, e sua elevação não está ligada ao consumo de carne, mas sim a processos inflamatórios e se deve investigar o estado de saúde geral do indivíduo” afirma a especialista.
Outros mitos
Conforme esclarece a nutricionista, não há evidências conclusivas que demonstrem que o consumo moderado de carne vermelha cause doenças renais em indivíduos saudáveis. Um estudo da National Kidney Foundation sugere que o risco de doença renal é mais associado a fatores como hipertensão e diabetes do que ao consumo de carne.
“A carne é uma fonte de proteína de alta qualidade, e em pessoas saudáveis não causa doenças renais. A questão é individual, ou seja, cada pessoa deve observar, junto de um profissional, suas necessidades e condições de saúde”, informa Letícia.
Segundo ela, a carne pode fazer parte de uma alimentação saudável, uma vez que o alimento fornece proteínas de alta qualidade e nutrientes essenciais, como ferro, zinco e vitaminas do complexo B. Ou seja, na opinião da especialista, é recomendado incluir cortes de carne bovina em uma dieta.
Outro mito destacado por ela é a relação direta entre o consumo de carne vermelha e o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Estudos mostram que a dieta como um todo, incluindo a quantidade de carboidratos e a qualidade da alimentação, é mais influente no risco de diabetes do que a carne em si. O importante é focar na qualidade da carne e na variedade da dieta.
“O consumo de carne, quando integrado a uma dieta saudável, não é um fator de risco para diabetes. O foco deve estar em reduzir açúcares e carboidratos processados”, orienta.
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Essencial para saúde do corpo e da mente
O ganho de peso é resultado de um balanço calórico positivo, não apenas do consumo de carne. Quando integrada a uma dieta saudável e a um estilo de vida ativo, a carne vermelha não é um fator isolado que leva ao ganho de peso. Além disso, a proteína encontrada na carne pode ajudar na saciedade, reduzindo a ingestão total de calorias.
Sendo assim, conforme esclarece a nutricionista, a carne em si não é a vilã da balança. O que realmente importa é a quantidade total de calorias consumidas e a qualidade da dieta como um todo.
Outro ponto destacado por ela é que a carne vermelha é uma excelente fonte de proteína, crucial para a recuperação e construção muscular. A ingestão adequada de proteína após o exercício é vital para o crescimento muscular e a recuperação. Pesquisas indicam que a proteína da carne é eficaz na promoção da síntese proteica muscular.
“Para atletas e praticantes de atividades físicas, a carne é uma aliada indispensável. Ela fornece os nutrientes necessários para a recuperação e o desenvolvimento muscular”, complementa.
Por fim ela reforça que a carne vermelha é uma fonte concentrada de nutrientes que são essenciais para a saúde. De acordo com a United States Department of Agriculture (USDA) – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos –, 100 gramas de carne bovina contêm uma quantidade significativa desses nutrientes, contribuindo para a saúde geral.
“A carne é uma verdadeira fonte de nutrientes, incluindo proteínas, gordura, ferro, zinco e vitaminas B12 e B6, oferecendo uma variedade de vitaminas e minerais que são fundamentais para a saúde e o bem-estar geral”, conclui Letícia.