Ampliação das Farm Labs é vista como um diferencial (Foto: Lebna Landgraf)
Identificar tecnologias climáticas emergentes e inovações para transformar o sistema agroalimentar brasileiro foi a temática central de um debate realizado na última quinta-feira, 20 de novembro, na AgriZone, Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa, na COP 30. Sob a moderação da chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Paula Packer, o painel contou com diferentes atores apresentando propostas científicas e de mercado.
O supervisor de Ecossistemas de Inovação da Embrapa, Vitor Mondo, detalhou o avanço das Farm Labs, ambientes que combinam características de fazendas produtivas com campos experimentais, projetados para acelerar o desenvolvimento e a validação de tecnologias agropecuárias. Mondo apresentou as três iniciativas do AgNest em diferentes níveis de maturidade e afirma que há um movimento amplo da Embrapa para compartilhar infraestrutura com o ecossistema de inovação, fortalecendo parcerias público-privadas e dando escala ao modelo de inovação aberta.
Segundo o supervisor, as Farm Labs transformam uma área experimental em uma fazenda produtiva com foco em agricultura sustentável, desenvolvimento tecnológico e demonstração de sistemas inovadores. “Trabalhamos para transformar áreas experimentais em ambientes produtivos que possam receber empresas, startups e instituições de pesquisa”, explicou.
O gerente do Imaflora, Lisandro de Souza, destacou que o mercado internacional tem exercido, ao longo das últimas décadas, um papel decisivo na indução de inovação e melhorias socioambientais nas cadeias agropecuárias brasileiras. Segundo ele, esse movimento começou nos anos 2000, quando pressões externas e ameaças de boicotes a commodities do país forçaram setores produtivos a desenvolver soluções que conciliam produção, conservação ambiental e desempenho econômico.

Farm Labs são ambientes que combinam características de fazendas produtivas com campos experimentais, projetados para acelerar o desenvolvimento e a validação de tecnologias agropecuárias. Foto: Embrapa
Souza reconhece que o Brasil conduziu avanços no setor agropecuário, por meio de políticas públicas e mecanismos estaduais. O gerente do Imaflora também detalhou a adoção de novas certificações socioambientais, que reconhecem operações que cumprem critérios ambientais e de origem segura da produção. Segundo ele, o governo chinês solicitou que, até o próximo ano, o Brasil seja capaz de fornecer até 1 milhão de toneladas de carne certificada como livre de desmatamento, o que corresponde a cerca de 4% das importações chinesas. “Esse movimento abre oportunidades para que o país fortaleça sua imagem ambiental e amplie sua competitividade no mercado global”, reconhece.
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Já a pesquisadora da Alliance Bioversity International & CIAT, Wendy Francesconi,,afirmou que a integração entre ciência, inovação e finanças é essencial para acelerar a transição para uma agricultura e pecuária de baixo carbono no Brasil. Segundo ela, práticas sustentáveis precisam ser acompanhadas de rastreabilidade e monitoramento, para evitar que se tornem apenas discursos sem comprovação.
A pesquisadora destacou ainda o apoio da instituição a fundos de impacto climático, projetos de carbono no solo e sistemas agroflorestais, além do uso crescente de plataformas digitais e imagens de satélite para monitoramento ambiental. “A ciência é chave para dar segurança aos investidores e garantir resiliência climática aos sistemas produtivos”, afirmou.








