O consumo de bebidas alcoólicas adulteradas ou falsificadas está no centro de um alerta nacional de saúde pública (Foto: Divulgação/Governo de São Paulo)
O Ministério da Saúde confirmou que o número de suspeitas de intoxicação por metanol chegou a 43 em todo o país, ultrapassando a média anual de 20 casos. Dez já foram confirmados em São Paulo, onde também houve uma morte oficializada e outras sete estão sob investigação. Em Pernambuco, há quatro casos suspeitos, incluindo dois óbitos em análise.
A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica grave, capaz de causar cegueira permanente ou levar à morte mesmo em pequenas quantidades ingeridas.
O metanol é um álcool industrial usado na produção de solventes, plásticos, resinas e medicamentos. Por ser incolor e ter cheiro semelhante ao do etanol, não pode ser identificado a olho nu nem por testes caseiros.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou a situação como “anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país”. A Polícia Federal investiga a suspeita de envolvimento de uma organização criminosa responsável por adulterar bebidas alcoólicas com a substância.
Sintomas de intoxicação
Segundo especialistas, os sinais aparecem em duas fases:
Até 6 horas após a ingestão: sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, dificuldade para andar, taquicardia e queda de pressão.
Entre 6 e 24 horas após a ingestão: visão turva, sensibilidade à luz, dilatação da pupila, perda da percepção de cores, convulsões e até coma.
Diante de qualquer suspeita, a orientação é procurar imediatamente atendimento médico para avaliação e possível acionamento dos centros de toxicologia.
Medidas de segurança para o consumidor
Autoridades de saúde reforçam que a prevenção começa na compra da bebida.
A primeira recomendação de especialistas é NÃO consumir bebida alcoólica, principalmente os destilados.
Confira outros cuidados:
Comprar apenas em estabelecimentos confiáveis.
Desconfiar de preços muito abaixo do mercado.
Observar se o lacre está intacto e se o rótulo não apresenta erros ou borrões.
Conferir se há partículas ou impurezas no líquido.
Procurar o registro do Ministério da Agricultura na embalagem.
Em destilados, verificar o selo do IPI próximo à tampa.
Exigir nota fiscal para garantir a procedência.
Essas medidas ajudam a reduzir o risco de consumir bebidas adulteradas ou falsificadas.
Monitoramento nacional e treinamento online
Para acompanhar a evolução dos casos, o governo federal instalou uma Sala de Situação extraordinária que reúne equipes dos ministérios da Saúde, Justiça e Agricultura, além da Anvisa, secretarias estaduais e municipais e conselhos de saúde. O objetivo é coordenar as ações de investigação, monitoramento e resposta rápida diante da ameaça sanitária.
A Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), a ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas) e a ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) informaram que estão divulgando informações práticas para comerciantes, bares, restaurantes e demais elos da cadeia de distribuição para combater a falsificação de bebidas alcoólicas, por meio de treinamentos online.
A iniciativa está capacitando os profissionais do setor para identificar as características dos produtos autênticos, diferenciar dos falsificados e reforçar medidas de segurança, além de destacar a importância de comprar apenas dos canais oficiais.
“A expectativa é capacitar todas as casas e profissionais do setor. As sessões são diárias e começaram nesta quarta-feira, 01/10. Somente no primeiro dia foram capacitados 11.925 estabelecimentos. Os treinamentos são online, gratuitos e com certificado”, afimam as associações.
O treinamento envolve orientações detalhadas sobre como identificar falsificações em garrafas, tampas, rótulos e líquidos. Além dos aspectos técnicos, o treinamento alerta para os riscos legais e sociais do mercado ilegal.
“Estabelecimentos que compram de canais informais ou deixam de exercer cautela na aquisição de bebidas podem ser responsabilizados criminalmente”.