Segundo a GFI Brasil, a ingestão das principais proteínas de origem animal caiu 67%
Um levantamento realizado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) mostra que o consumo das carnes bovina, suína, de frango e de peixe caiu 67% entre os brasileiros na sua última pesquisa em relação ao ano anterior.
O instituto credita o resultado à alta dos preços dos produtos e à busca por hábitos mais saudáveis, que passam por maior adoção das proteínas de origem vegetal. A mesma pesquisa também notou que, do total de consumidores que diminuíram a carne na alimentação, 47% pretendem reduzir ainda mais em 2023.
Ainda de acordo com a pesquisa, 52% dos brasileiros reduziu o consumo de carne nos últimos 12 meses por escolha própria. Além disso, praticamente dois em cada três consumidores (65%) consomem alguma alternativa vegetal (legumes, grãos, frutas) em substituição aos produtos de origem animal pelo menos uma vez por semana, ante 59% no ano anterior.
Esses dados sofrem influência por causa do leque de denominações para os diversos tipos de dietas em consequência da restrição/escolha alimentar. Veganismo, vegetarianismo, crudivorismo, apivegetarianismo e frugivorismo são algumas das dietas que a carne fica fora do cardápio.
Mudança de hábito
Os fundamentos para a mudança de hábito ganhou reforço com a instituição do Dia Mundial Sem Carne, comemorado em 20 de março. A data faz parte de uma ação para incentivar as pessoas a consumirem menos carne e começou com o movimento de uma ONG, nos Estados Unidos, e se espalhou por outras partes do mundo.
Segundo a nutricionista Fernanda Larralde, especializada em nutrição esportiva, saúde da mulher e fitoterapia, parceira da Bio Mundo (rede de lojas de produtos naturais e nutrição esportiva), essa mudança de hábito parte de algo ainda maior.
“O que leva as pessoas a mudarem o estilo de vida, principalmente em relação à alimentação, está muitas vezes associada a uma ideologia, seja a preocupação com os animais e o meio ambiente, a influência de familiares, motivos religiosos ou espirituais e, em alguns casos, em decorrência de alguma condição clínica. Cada um desses fatores tem o seu valor e peso individual”, afirma Fernanda.
De acordo com a Fernanda, a carne vermelha se destaca principalmente por proporcionar ferro e vitamina B12 – nutrientes cuja falta no organismo causam anemia (ferropriva e perniciosa, respectivamente).
Vantagens e desvantagens
Na opinião da nutricionista, parar de comer carne tem suas vantagens e desvantagens, porque é uma das principais fontes de proteínas, cálcio, vitamina B12, minerais importantes como o ferro e outros. Nesse sentido, ela diz que, no caso do ferro, o chamado ferro heme (Fe 2+), também chamado de ferro ferroso ou orgânico, é encontrado apenas em alimentos de origem animal, como carnes, aves e frutos do mar, a partir da hemoglobina e da mioglobina provenientes desses produtos.
“Então, ao passar para uma dieta mais restrita, a pessoa precisa ter um acompanhamento nutricional para compensar esses nutrientes e fazer uma suplementação adequada”, avalia.
Por outro lado, ela lembra que a carne possui gordura e colesterol e, quando consumida em excesso, pode fazer mal ao corpo no longo prazo. “A escolha por parar de comer carne pode contribuir para reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, emagrecimento, diminuição do colesterol, melhora da microbiota intestinal, entre outros”, acrescenta.
Para Fernanda, o maior desafio é escolher o melhor alimento para substituir a carne na nutrição diária. “Através de exames é possível identificar a necessidade de suplementar e repor cada nutriente de maneira correta”, indica e acrescenta que alguns alimentos já indicados nas consultas podem complementar a alimentação de qualquer pessoa adepta da dieta mais variada.
A especialista afirma que os alimentos mais importantes para compor um prato nutritivo, independente da dieta, são a soja (dê preferência, orgânica), o tofu, além de leguminosas (ervilha, grão-de-bico, feijão, lentilha), amêndoa e cereais em geral.
Ela lembra que todos esses itens podem ser facilmente encontrados em lojas de produtos naturais, como a Bio Mundo, onde podem ser encontrados produtos diet, light, integrais, veganos, funcionais, sem glúten, sem lactose e suplementos vitamínicos e esportivos.
“É importante abrir o leque alimentar e incluir cereais integrais, hortaliças, cogumelos, algas e gorduras saudáveis como a do azeite de oliva, sementes e oleaginosas. E, para facilitar a absorção do ferro contido nos legumes, a recomendação é incluir na refeição uma fonte de vitamina C, que pode ser uma fruta cítrica como a laranja, o limão, a acerola e o morango”, orienta.