A plantas alimentícias não convencionais, como ora-pro-nóbis, beldroega e banana verde, contribuem para diversificação das refeições
Uma alimentação saudável e equilibrada ajuda prevenir doenças e das pessoas de todas as idades. Entre os desafios para tornar as refeições mais saudáveis, o estilo de vida atual, para quem vive nas grandes cidades e a falta de uma orientação adequada podem interferir nesse processo.
Na opinião da nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo SP, Fernanda Carvalho Nunes da Silva, incluir alimentos in natura no dia a dia pode fazer muita diferença, como no caso das plantas alimentícias não convencionais (PANC), que inclui várias espécies com propriedades distintas e versatilidade para compor receitas e enriquecer as refeições.
Algumas espécies do grupo são comuns em determinadas regiões do país, como a ora-pro-nóbis para os mineiros, ou do jambu para os paraenses. “Ao promover as PANC e a importância do seu consumo, além dos benefícios nutricionais, também são disseminados os valores culturais de cada região, trazendo mais diversidade ao prato dos brasileiros”, observa Fernanda.
De acordo com a nutricionista, as PANC criam barreiras naturais protetora contra insetos e patógenos, que são formadas por compostos bioativos benéficos para a saúde. “Muitos desses compostos possuem função antioxidante e protegem as células dos danos causados pelos radicais livres”, explica. “Além disso, atuam como anti-inflamatórios, retardam o processo de envelhecimento e têm efeitos protetores ao nosso organismo”, acrescenta.
A especialista, que também é responsável pela horta urbana criada e mantida pelo Hospital São Camilo de São Paulo, na unidade Granja Viana, cita algumas das principais plantas que podem tornar as refeições mais saudáveis e equilibradas. “Essas plantas são, muitas vezes, espontâneas. Ou seja, nascem nos parques, nas calçadas e nos quintais de casa sem ter sido plantadas. Porém seu cultivo é possível e bastante simples”, frisa. Confira!
Entre as plantas que podem ser cultivadas em casa a nutricionista destaca as seguintes:
Guasca
Também conhecida como picão branco, a planta possui teores altos de sais minerais como cálcio, fósforo, potássio e magnésio, além de fibras, proteínas e compostos antioxidantes. Ajuda a proteger os rins, o fígado, o coração, além de regular a pressão. A nutricionista informa que planta pode ser desidratada e usada como tempero seco. “Na unidade Granja Viana, por exemplo, utilizamos nas preparações hipossódicas porque acentua o sabor de sal das preparações”, relata.
Beldroega
Rica em fibras, cálcio, vitamina C, proteínas, tem altos teores ômega- 3. pode ser usada principalmente na forma crua, em saladas. Fernanda recomenda incluir a Beldroega picada para dar crocância, mas também pode ser usada em caldos, sopas e pratos cozidos.
Ora-pro-nóbis
Folha delicada, que cozinha rapidamente, pode soltar baba se picada muito fina. É rica em cálcio, ferro, magnésio e vitamina A, além de ser uma excelente fonte de proteínas e fibras solúveis e insolúveis. Pode ser usada crua, em pequena quantidade, devido ao oxalato presente, ou cozida de forma breve. A nutricionista destaca que é possível, ainda, bater a folha crua com água, formando um gel que poderá ser utilizado como substituto da clara do ovo em massas e pães.
Outras opções
A especialista ainda destaca outras opções na alimentação, como a Nirá (semelhante à cebolinha verde), a taioba e o peixinho (que recebeu este nome devido ao seu sabor, que lembra o peixe).
Para pessoas que desejam inovar e incrementar seus pratos, há opções de PANC inusitadas, mas que são igualmente ricas em nutrientes. “A banana verde, por exemplo, é uma fonte de prebióticos que auxiliam na saúde intestinal. Pode ser usada em preparações cuja base é a batata, como sopas e cremes, substituindo esse ingrediente trazendo sabor, uma ótima textura além de diminuir o índice glicêmico das refeições, indicado para diabéticos”, exemplifica.
Além da banana, a grumixama (cereja brasileira), rica em antocianinas, e o cará moela, fonte de energia, são mais alguns exemplos de como é possível ampliar o consumo de nutrientes de forma criativa e diferente. A especialista indica a grumixama para fazer geleias, por exemplo, enquanto o cará moela pode ser utilizado para caldo verde ou até mesmo pães.
“As PANC podem promover uma mudança no olhar para a comida, pois nos possibilita descobrir sabores e realmente investir em nossa saúde por meio de receitas simples e ingredientes acessíveis”, arremata Fernanda.