Objetivo é diminuir impactos na produção do café
Em função das geadas de 2021, muitos cafezais necessitaram passar por algum tipo de poda de renovação, enquanto outros precisaram ser erradicados. Assim, para que não ocorra mais perdas, é imprescindível o correto manejo das lavouras. “O longo período de estiagem e as geadas ocorridas em no ano passado impactaram a safra atual de café e deve ainda trazer consequências para a próxima”, argumenta o pesquisador da Embrapa, André Dominghetti Ferreira.
Segundo ele, os tratos culturais nos cafezais não atingidas pelas geadas permanecem normais, variando em função das particularidades de cada região produtora, com alguns ajustes, principalmente, nas quantidades de fertilizantes aplicados via solo, em função da carga pendente das lavouras e das análises foliares que devem ter sido realizadas previamente.
“No período entre o fim de fevereiro e início de março, é importante que o cafeicultor faça terceira adubação de solo que vai resultar uma melhor nutrição dos cafezais e granação dos frutos, proporcionando maior rendimento no beneficiamento do produto”, avalia Ferreira.
Alertas
O pesquisador lembra que, uma vez que este é o período de chuvas nas regiões cafeeiras, há elevado crescimento vegetativo das plantas, não só dos cafeeiros, mas também das ervas daninhas. “É fundamental que o produtor faça o correto manejo dessas plantas daninhas para que não haja competição por nutrientes com o cafezal”, alerta Dominghetti.
Além disso, ele alerta sobre a segunda aplicação de inseticida para o controle da broca e do fungicida para o controle da ferrugem. Ele lembra ainda que, atualmente, existe várias cultivares de café que apresentam resistência à ferrugem e devem ser consideradas na renovação da lavoura.
“Em algumas regiões onde o clima está mais seco e quente pode ocorrer ataque do bicho mineiro, necessitando realizar o monitoramento e o manejo integrado de pragas (MIP), avaliando a necessidade de intervenção com uso de defensivos agrícolas”, destaca.
De acordo com Dominghetti, houve relatos de aparecimento de algumas lagartas em cafezais, como a curuquerê-dos-capinzais. “Assim como no caso do bicho-mineiro, é necessário monitorar a lavoura e, em casos de danos econômicos, intervir com o uso de inseticidas”, acrescenta.
Outras medidas
Para minimizar problemas relacionados ao déficit hídrico provocado pelos períodos de estiagem, o pesquisador recomenda avaliar a possibilidade de implantação de sistema de irrigação, caso haja recursos hídricos e financeiros disponíveis.
Já em relação às geadas, Dominghetti explica que, no curto prazo, em lavouras adultas, não há muito o que fazer. “No médio e longo prazo pode ser feito o plantio de árvores nas lavouras localizadas em áreas sujeitas ao acúmulo de ar frio”, conclui.