A produção nacional de cana-de-açúcar a ser moída pela indústria sucroalcooleira na safra 2011/2012 deve chegar a 642 milhões de toneladas. O número é recorde nacional e representa um aumento de 2,9% na produção total, em relação ao ciclo 2010/2011. O resultado faz parte do primeiro levantamento do ciclo, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O aumento da produção se deve, principalmente, ao crescimento de área e à produtividade dos canaviais das novas usinas, que entraram em operação nas últimas safras. Por outro lado, a produtividade média deve ser 1,8% menor que a da safra anterior, passando a 76,04 toneladas por hectare. O motivo é a estiagem nas áreas produtivas da região Centro-Sul, de abril a novembro de 2010. Na maioria das usinas, houve atraso no início das atividades, devido aos fatores climáticos do ano anterior, que prejudicaram o desenvolvimento dos canaviais.
Do total de cana a ser esmagada, 51,89% (333,1 milhões t) são destinados à produção de 27,01 bilhões de litros de etanol. Deste volume, 18,38 bilhões de litros são do tipo hidratado e 8,71 bilhões do anidro. Os 48,11% (308,9 mil t) restantes vão para a produção de 40,94 milhões t de açúcar, bem acima da safra passada, quando foram produzidas 38,17 milhões t.
Área
No que se refere à área destinada ao setor, a pesquisa indica 8,44 milhões de hectares, o equivalente a 4,8% a mais que a safra anterior. O estado de São Paulo ocupa a maior parte, com 4,46 milhões de hectares ou 52,8% do total nacional.
Em seguida, vêm Minas Gerais (740,15 mil ha), Goiás (673,38 mil ha), Paraná (619,36 mil ha), Mato Grosso do Sul (480,86 mil ha), Alagoas (450,75 mil ha) e Pernambuco (324,03 mil ha).
A pesquisa de campo foi realizada por 42 técnicos, que visitaram 411 usinas, além de contatos com representantes de entidades de classe, associações e cooperativas em todos os estados produtores.
Antônio Marcos Da Costa – CONAB
Uso de bagaço de cana para geração de energia elétrica
A energia elétrica gerada com a queima do bagaço de cana produzido pelas usinas de açúcar e de álcool é o tema do mais recente estudo publicado pela Conab, após análise dos dados da safra 2009/2010, realizada pelo técnico da empresa, Ângelo Bressan Filho. “A Geração Termoelétrica com a Queima do Bagaço de Cana-de-açúcar no Brasil”, título do estudo, que foi distribuído em Ribeirão Preto/SP, durante a Agrishow.
O objetivo da publicação, segundo Bressan, “é trazer um pouco de luz para uma questão estratégica para qualquer país: a geração e a distribuição de energia elétrica, com foco na utilização do bagaço no período de safra, mas que somente nos anos recentes tem conhecido algum desenvolvimento”.
Fonte energética
Para Bressan, há pouca participação desta fonte energética no total do país, em parte devido ao pouco prestígio junto aos profissionais do assunto e também à indecisão dos donos de unidades industriais, que teriam que redimensionar seus equipamentos e melhorar a eficiência no aproveitamento energético do ‘agrocombustível’, fato que permitiria a venda da energia excedente para terceiros, por meio da rede elétrica nacional.
A troca das caldeiras, turbinas e geradores por outros de maior capacidade, segundo o técnico, poderia aumentar a quantidade média de energia dos atuais 85,8 kilowatts para 188,2 kilowatts por tonelada de bagaço queimado. “Como essa é uma fonte limpa e renovável, traria também inegáveis ganhos ambientais ao país”, avalia.
Próximos 10 anos
O estudo também projeta para os próximos 10 anos o comportamento dos mercados do açúcar e do álcool etílico; estima a quantidade de cana-de-açúcar necessária para atender as demandas doméstica e internacional desses produtos e dimensiona a quantidade anual de bagaço que estará disponível para ser destinada à geração elétrica até o ano de 2020.
O enorme potencial de geração ainda inexplorado e o esperado crescimento das safras de cana nos próximos anos, com a consequente expansão na disponibilidade de bagaço, fazem com que a ‘agroeletricidade’ seja o mais novo e promissor produto do agronegócio brasileiro, acredita Bressan.