Crescimento foi maior nas regiões Nordeste (+ 84%) e Norte (+ 53%). O Brasil já conta com 1.574 startups atuando no agronegócio – as chamadas agtechs
O Radar Agtech Brasil 2020/2021 mapeou um número de startups ativas 40% maior em comparação a edição de 2019, mesmo em um ano de pandemia. Atualmente, o País já conta com 1.574 startups atuando no agronegócio – as chamadas agtechs .
Segundo o documento, elaborado em parceria entre a Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens Research and Consulting, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o estado de São Paulo mantém a liderança em quantidade de agtechs, com 48% do total, mas a Região Nordeste foi onde o estudo encontrou o maior número de novos empreendedores.
O sócio da Homo Ludens Luiz Ojima Sakuda, um dos coordenadores do estudo, destaca que, como em outros setores, a transformação digital foi acelerada no campo e esse interesse maior dos produtores rurais pelas soluções tecnológicas representa um grande ganho também para as startups.
“Os dados do Radar Agtech Brasil 2020/2021 mostram que, apesar de ainda haver a liderança dos centros tradicionais, a cultura de empreendedorismo e inovação está chegando com força a novos locais. Identificamos 316 cidades com agtechs, sendo que 26 cidades possuem um ecossistema com 10 ou mais agtechs”, ressalta Sakuda.
Ele acredita que existe um potencial tecnológico que pode ter forte impacto positivo no setor do agro, se houver mais oportunidades de colaboração e investimentos voltados para esse ecossistema.
Para Murilo Vallota Gonçalves, associado da SP Ventures, o mapeamento também auxilia as startups a se prepararem melhor para atuar no mercado, com informações relevantes tanto para essas empresas quanto para os investidores. Além de destacar o aumento na procura por soluções digitais, ele aponta um movimento de maior consciência econômica, social e ambiental na sociedade brasileira.
Gonçalves adianta que outras análises do Radar Agtech Brasil 2020/2021 serão produzidas ao longo do ano, em especial com relação aos impactos ESG (Ambiental, Social e Governança, sigla em inglês) gerados pelas empresas; não só os socioambientais, mas também sob a visão de gestão do negócio.
Queremos ajudar as startups a entenderem melhor esse conceito para que possam se diferenciar e propor soluções mais criativas”, salienta.
Detalhes do estudo
O novo levantamento aponta que a cidade de São Paulo, classificada como o 18º ecossistema de startups do mundo, segundo estudo de 2020 da StartupBlink, contribui com 22% do total das agtechs mapeadas.
Com 345 startups, a capital paulista é seguida de Piracicaba (60), Curitiba (59), Rio de Janeiro (54), Campinas (48), Porto Alegre (42), Belo Horizonte (40), Ribeirão Preto (39), Florianópolis (36) e Londrina (28) que, juntas, concentram 47,7% do total de agtechs.
O percentual por regiões ficou o seguinte: Sudeste, 62,4% (983); Sul, 25,2% (397); Centro-Oeste, 6,1% (96); Nordeste, 4,6% (72); e Norte, 1,7% (26), representando um aumento no número mapeado de 84,6% das agtechs nordestinas e de 53% no número de startups da Região Norte em comparação com o Radar Agtech Brasil 2019.
Além disso, os cinco estados com mais startups do agro são: São Paulo (757), Paraná (151), Minas Gerais (143), Rio Grande do Sul (124) e Santa Catarina (122).
O estudo mostra ainda que a maioria das startups que atuam antes da fazenda está voltada à área de Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição Vegetal.
Dentro da porteira o destaque é para Sistemas de gestão de propriedade rural e, depois da fazenda, para Alimentos inovadores e novas tendências alimentares, diz a coordenadora do trabalho na Embrapa, Shalon Silva, supervisora de Ambientes, Redes e Iniciativas da Secretaria de Inovação e Negócios (SIN).
O quadro geral com as cinco principais áreas de atuação das agtechs nos segmentos antes, dentro e depois da fazenda ficou assim: Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição Vegetal (46); Crédito, permuta, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária (42); Análise laboratorial (33); Sementes, mudas e genômica vegetal (24); e Nutrição e saúde animal (19).
Dentro da fazenda são: Sistema de gestão de propriedade rural (154); Plataforma integradora de sistemas, soluções e dados (111); Drones, máquinas e equipamentos (79); Sensoriamento remoto, diagnóstico e monitoramento por imagens (70) e Conteúdo, educação, mídia social (58).
E depois da porteira as categorias são: Alimentos inovadores e novas tendências alimentares (293); Marketplaces e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários (100); Armazenamento, infraestrutura e logística (57); Mercearia on-line (45); Restaurantes on-line e kit de refeições (39).
Segundo Silva, além do método ativo de busca, a metodologia foi aperfeiçoada para mostrar um retrato o mais abrangente possível da realidade.
“Os dados coletados na atual versão do Radar Agtech Brasil 2020/2021 proporcionam a classificação das startups em segmentos alinhados com as atualizações das tipologias internacionais e, adicionalmente, traz em seus resultados a discussão do cenário de investimentos em agtechs e foodtechs nacionais”, pontua.
O papel da pesquisa na digitalização da agricultura
Para a diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Regina Martin, o Brasil está na vanguarda da digitalização na agricultura.
“O País teve uma adoção digital que cresceu durante a pandemia. Essa realidade o coloca em uma posição diferenciada que pode facilitar as transições para a competitividade e o futuro do setor agropecuário, fomentando diferentes ferramentas para abordagens como agroecologia, bioeconomia, agricultura urbana, sistemas alimentares, agricultura vertical, smart farming (agricultura inteligente) ou agricultura digital”, avalia.
Segundo ela, a Embrapa, como empresa pública de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), está ampliando suas parcerias para o desenvolvimento de novas soluções com diversas organizações para gerar e disseminar resultados com inovações para agricultores.
“Dessa maneira, desenvolve conhecimento crítico e busca a complementaridade de ativos com esses atores do ecossistema – startups e investidores – dando ênfase à sustentabilidade e proteção dos interesses nacionais para continuar fortalecendo a proeminência do Brasil no agronegócio mundial”, afirma a diretora.