A Embrapa Milho e Sorgo avaliou 246 acessos de milho de todo o Brasil para identificar o perfil de carotenoides. Seis linhagens da Embrapa foram selecionadas e utilizadas para o desenvolvimento de uma variedade pró-vitamina A e o resultado é uma seleção de grãos com até 4 vezes mais carotenoides que os encontrados em variedades comuns. A pró-vitamina A, que a partir de reações químicas no organismo transforma-se em vitamina A, tem papel importante para a saúde dos olhos.
Segundo o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Miranda, em uma das variedades avaliadas, o valor médio de pró-vitamina A foi de 7,6 mg/g, enquanto as 20% melhores espigas apresentaram valores médios de 9,2 mg/g. “Estes valores são, respectivamente, cerca de 3,5 e 4,2 vezes maiores que os encontrados em milho de grãos amarelos”, relata o pesquisador.
Ainda segundo ele, nas próximas duas safras a variedade selecionada será avaliada quanto ao desempenho agronômico na região Nordeste e em outras regiões do país. “Caso os testes indiquem boa performance agronômica e melhor qualidade nutricional, poderemos ter uma nova cultivar com maiores teores de carotenoides já este ano”, afirma.
Enquanto isso, algumas comunidades rurais estão recebendo o BRS Assum Preto, uma variedade de alta qualidade proteica e maiores teores de aminoácidos essenciais, como triptofano e lisina.
Uma das principais contribuições que a pesquisa agropecuária deve oferecer para o combate à desnutrição é o desenvolvimento de alimentos mais nutritivos. Além de características desejáveis como a facilidade de serem produzidos, processados e consumidos, tais alimentos devem ser também acessíveis à dieta básica das populações, em especial, das regiões mais pobres do mundo, como África, Ásia, América Latina e Caribe, principais focos dos programas HarvestPlus e AgroSalud, que no Brasil configuram uma rede de centros de pesquisa coordenados pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ).
Biofortificação
A biofortificação de produtos agrícolas para melhoria da nutrição humana quer suprir a dificuldade de suplementação de vitaminas e minerais (pró-vitamina A, ferro e zinco) em regiões sem infraestrutura adequada para a distribuição de alimentos processados.
Por isso, a proposta supera as limitações a partir do uso de tecnologias que têm como base a semente de produtos agrícolas melhorados convencionalmente (cruzamento de plantas da mesma espécie).