Resultados de pesquisa com leite funcional revelaram o aumento de 160% nos níveis de selênio, 33% de vitamina E nas crianças e ainda redução de 16% no LDL, conhecido como mau colesterol, nos idosos
As pesquisas para o desenvolvimento do leite funcional — enriquecido com selênio, óleo de girassol e vitamina E — têm seus primeiros resultados divulgados. Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e da universidade de São Paulo (USP), responsáveis pelos estudos, afirmam que as crianças que receberam o alimento tiveram aumento de 160% nos níveis de selênio no sangue e 33% no de vitamina E. Os idosos tiveram redução de 16% na quantidade de LDL (mau colesterol).
Além dos resultados positivos para os humanos, a alimentação enriquecida ministrada às vacas, diminuiu em 30% a ocorrência da doença mastite nos animais, o que aumentou a produção de leite. A pesquisa da APTA e da USP é a única do Brasil que alia avaliação zootécnica com análise na saúde humana em um mesmo experimento.
O leite de vaca é considerado um dos principais alimentos da nutrição humana por fornecer nutrientes fundamentais para o organismo como proteína, lactose, gordura, vitaminas e minerais. Dentre os minerais presentes, o cálcio é o mais importante, sendo responsável pelo crescimento, desenvolvimento e manutenção dos ossos e dentes. “A composição básica do leite bovino é direcionada às necessidades nutricionais dos bezerros. Ela pode ser modificada, por meio da alimentação das vacas, para torná-lo mais interessante à nutrição humana”, afirma o pesquisador da APTA, Luiz Carlos Roma Junior.
Benefícios para crianças e idosos
Pensando nisso, os pesquisadores da APTA e da USP alimentaram as vacas com uma quantidade maior do que a exigida de selênio e vitamina E. Com essa mudança, foi possível dobrar os níveis desses nutrientes no leite consumido, com autorização dos pais, por 90 crianças de uma escola municipal do interior de São Paulo. As crianças, da primeira a terceira série, que permanecem na escola por tempo integral, ingeriram o leite funcional por três meses. De acordo com os pesquisadores da Faculdade de zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, Arlindo Saran Netto e Marcus Antonio Zanetti, a análise do sangue das crianças constatou nas que receberam leite desnatado (comum) redução de 15% na concentração de vitamina E no plasma sanguíneo e as que receberam o leite funcional acréscimo de 160% de selênio e 33% de vitamina E.
A segunda parte do experimento foi realizada com 130 idosos, de 78 anos, moradores de um abrigo em Ribeirão Preto-SP. Segundo os pesquisadores da Faculdade de medicina de Ribeirão Preto da USP, Hélio Vannucchi e Karina Pfrimer, a avaliação preliminar do consumo alimentar de idosos, sem considerar o consumo do leite ofertado, indicou o consumo de alta quantidade de gordura total, saturada, poli-insaturada e baixa quantidade de selênio e vitamina E, de acordo com a recomendação da faixa etária. “Dos exames avaliados antes e depois da suplementação, destacam-se o colesterol e o LDL, que apresentaram redução nos níveis plasmáticos nos grupos que consumiram o óleo de girassol”, afirma Pfrimer.
Animais também se beneficiam
A dieta enriquecida ministrada para as vacas também trouxe benefícios aos animais, como redução de 30% na ocorrência da mastite. “O selênio e a vitamina E também agem com os antioxidantes, protegendo as membranas celulares contra substâncias tóxicas e radicais livres que podem causar sérios danos às estruturas das células, acelerando o processo de envelhecimento e desencadeando algumas formas cancerígenas”, afirma a pesquisadora da APTA, Márcia Saladini vieira Salles.