Atividade é lucrativa e pode ser mais uma importante fonte de renda para o produtor (Foto: Emater)
O diretor de marketing da Companhia de Turismo do Estado do Rio de JaneiroTurisRio, Pablo Kling, destaca o potencial do turismo rural para o desenvolvimento econômico de regiões do Brasil e dá dicas para que produtores rurais comecem a atuar no segmento.
“Falar de turismo rural é falar de desenvolvimento econômico, social. De uma atividade que na última década foi responsável pela geração de 1 em cada 5 empregos no mundo. No Brasil criou mais de 83 mil empregos só esse ano”, afirmou Kling, durante palestra na Rio Innovation Week.
Segundo ele, que está à frente do Programa Turismo Rural RJ , o turismo corresponde a 10% do PIB mundial, e no Brasil apenas 8%. De janeiro a agosto de 2023, os gastos com estrangeiros no Brasil foram de mais de 22 bilhões de reais.
“A essência do Brasil é o Brasil rural”, diz Kling.
Em 2018, estima-se que o turismo rural crescia 30% ao ano. E, na avaliação dele, isso se manteve após a pandemia, pelo fato do turismo rural agregar características que são mais buscadas pelos viajantes.
“Estudo mostra que 40% dos viajantes nacionais querem suas experiências mais modestas, mais rústicas e “pé no chão”. Buscam férias desconectadas Querem sair da sua realidade. Isso proporciona uma grande possibilidade de mercado para o turismo rural.”
Agregando valor aos produtos locais
Kling destaca que o turismo rural pode ser mais uma fonte de renda para o produtor, e que é uma atividade lucrativa.
Segundo ele, a definição do turismo rural é um conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural mas que tenha comprometimento com a produção agropecuária.
“Não é apenas estar na área rural, mas agregar valor aos produtos e serviços”, afirma.
“Contemplar a agricultura familiar e inserir os produtos no mercado turístico é uma dos principais objetivos do Programa turismo Rural RJ, por exemplo. Além da capacitação de agentes de viagem e a promoção por meio da imprensa e influenciadores digitais, para conquistar mais visitantes”.
O que o produtor rural deve fazer?
1- Identificar suas características e valorizar sua produção
Segundo Kling, o produtor deve identificar as características únicas da sua produção, e tentar agregar valor aos seus produtos. Como por exemplo, estender o tempo de vida de uma fruta, produzindo compotas e geleias.
“O produtor rural não pode abandonar a produção e se dedicar ao turismo, mas agregar o turismo a sua essência. Pois o turista está buscando justamente esse atrativo”.
2- Integração com a natureza
Segundo o coordenador do programa Programa Turismo Rural RJ, o viajante busca desconectar-se da vida urbana e ter mais contato com a natureza. Para isso, é essencial a preservação dos recursos naturais da região ;
Junto a isso, é importante pensar em passeios de barco, visitas a mirantes e cachoeiras, em trilhas, experiências como pesque e pague em rios e lagoas, entre outras.
Sempre propiciam o contato com a natureza e podem ser oferecidas na água (canoagem, rafting, boia cross, acqua-rider, mergulho, vela, windsurf) no ar (ultraleve, asadelta, paraquedismo, skysurf, base jump, balonismo) ou na terra (caminhada, montanhismo, bungee-jump, canyoning, espeleologia, ciclismo, mountain biking, cavalgada, arvorismo, sandboard, off-road).
3- Aspectos históricos e culturais
Explorar um conjunto de atividades turísticas comprometidas com a história local, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural, incluindo a venda e exposição de produtos de artistas ou artesãos, com técnicas locais.
4- Memória afetiva
“Precisamos encantar os turistas e gerar aquela memória afetiva. É isso que faz com que o turista volte ao local ou saia falando bem”.
Segundo ele, o mais importante é a experiência. Até mesmo a hospedagem pode ser de maneira simples,na própria casa do produtor rural. Também é possível pensar em cafés da manhã da roça e almoços com produtos locais.
5 – Circuito integrado
Segundo Kling, um dos maiores desafios do turismo rural é aumentar o tempo de hospedagem dos turistas. Para isso, é necessário pensar um circuito de atividades e estruturas integradas, o que se pode definir como oferta turística técnica e diferencial.
A oferta turística técnica é composta pelos equipamentos e serviços existentes no destino, que dão suporte para o desenvolvimento da atividade turística, como: meios de hospedagem, meios de alimentação fora do lar, agências de turismo receptivo, manifestações culturais, artesanato, serviços de apoio ao turista, entre outros.
A oferta turística diferencial são os atrativos turísticos naturais e culturais, responsáveis pela escolha do turista por determinado destino, ou seja, é aquilo que atrai o fluxo turístico, que motiva a viagem.
Assim, o desenvolvimento do destino turístico depende da oferta turística diferencial, que tem capacidade de atrair os turistas, e também, da oferta turística técnica, uma vez que os serviços complementares são essenciais para recepção e permanência dos visitantes na localidade.
6 – Conexão com a Internet
A rede rural ainda é um dos maiores desafios, a qualidade da nossa internet rural. E hoje boa parte dos pagamentos são digitais, via crédito e, pix, que precisam de conexão com a internet. Além disso, o turista quer postar uma selfie, uma foto nas redes sociais”.
Uma das saídas é procurar formas alternativas de comunicação, como internet via rádio e celular rural, que podem ser providenciados coletivamente, com outros empresários rurais.
7- Divulgação
“A maioria dos turistas buscam o destino rural é urbana da classe média. Saber onde ele está facilita direcionar a mídia de divulgação, seja ela digital, ou física”, aponta Kling.