A iMicro-Biotech desenvolveu um bioinsumo capaz de aumentar a produtividade, promovendo um futuro mais sustentável para a agricultura brasileira
Localizada no Norte Fluminense, em Campos dos Goytacazes, a startup iMicro-Biotech, fundada pela CEO Júlia Rosa e pelo engenheiro agrônomo e COO Rafael Ribeiro, está ganhando destaque no setor agrícola com seu fertilizante biológico inovador.
A empresa, que nasceu dentro da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), com o apoio dos professores e mentores Fabio Olivares e Gonçalo Apolinário, combina anos de pesquisa científica com tecnologia de ponta para oferecer uma solução sustentável e eficiente para os produtores de soja e milho.
O produto, fruto da biotecnologia, é formulado à base de microrganismos benéficos que promovem a fixação de nitrogênio, potencializam a solubilização de outros nutrientes no solo, e melhoram o enraizamento das plantas e aumentam a produção de biomassa e grãos.
De acordo com Júlia Rosa, o fertilizante biológico da iMicro-Biotech proporciona um ganho de 6% na produção de soja e 15% na de milho, números que, quando aplicados ao faturamento anual dessas culturas no Brasil, representam um acréscimo de 22,10 bilhões e 21,71 bilhões de reais, respectivamente.
“Nosso produto não só aumenta a produtividade, mas também melhora a qualidade dos grãos. No caso do milho, por exemplo, observamos espigas com grãos mais uniformes e preenchidos, e na soja, vagens com maior peso e melhor preenchimento de grãos, o que são indicadores claros da eficácia da nossa tecnologia”, explica Júlia, em entrevista à Revista A Lavoura.
Diferenciais competitivos

Fertilizante biológico da iMicro-Biotech proporciona um ganho de 6% na produção de soja e 15% na de milho. Foto: Divulgação
Um dos principais diferenciais do fertilizante biológico da iMicro-Biotech – que integra o hub de startups apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura, o SNASH – é a sua capacidade de adaptação às mudanças ambientais, incluindo as climáticas, um desafio crescente para a agricultura global.
“Nossa tecnologia aumenta a sobrevivência dos microrganismos no campo, mesmo em condições adversas, o que garante uma atuação mais eficiente do produto”, destaca Júlia, que é doutora em biotecnologia e desenvolveu a startup juntamente com Rafael Ribeiro, também doutorando na área.
Além disso, o produto se apresenta como uma alternativa viável aos fertilizantes químicos, principalmente os nitrogenados, amplamente utilizados no Brasil, mas dependendentes de importações, sobretudo da Rússia, país que enfrenta instabilidades geopolíticas.
“Os fertilizantes químicos nitrogenados, por exemplo, são caros e têm um impacto ambiental negativo, emitindo gases de efeito estufa e contaminando solos e água. Nosso produto, por outro lado, é sustentável, natural e muito mais acessível”, afirma a CEO.
Em termos de custo, os insumos biológicos também saem na frente. Enquanto os químicos custam em média R$ 1.000 por hectare, o biológico fica em torno de R$ 50 por hectare.
“Isso representa uma economia bilionária para o Brasil, que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo”, complementa Júlia.
Além dos benefícios econômicos, o fertilizante biológico da iMicro-Biotech contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa e para a preservação do solo e da água.
“Nosso produto é uma alternativa sustentável que pode ajudar o Brasil a se adequar às exigências do mercado internacional, onde a rastreabilidade e a sustentabilidade são critérios essenciais para a importação de alimentos”, ressalta Júlia.
Mercado e expansão

CEO Júlia Rosa e COO Rafael Ribeiro. Foto: Divulgação
A iMicro-Biotech já está testando seu produto em diferentes regiões do país, incluindo o Paraná, onde os resultados têm sido promissores.
“Aplicamos o fertilizante em soja no Paraná, uma região com clima e solo totalmente diferentes do Norte Fluminense, e observamos ganhos de produtividade equivalentes. Isso mostra a estabilidade e a eficácia do nosso produto”, comemora Júlia.
Atualmente, a empresa está focada em atender às exigências regulamentatórias e na biofábrica, além de estreitar parcerias com cooperativas agrícolas e expandir suas operações para o modelo B2B (business-to-business).
“Já contamos com clientes pagantes que apostam no desenvolvimento de tecnologias para agricultura, muitos dos quais começaram como usuários experimentais. Isso é uma validação importante do nosso produto”, diz Júlia.
Com um ecossistema de apoio que inclui a FAPERJ, o Programa Doutor Empreendedor e a Tec Incubadora, a iMicro-Biotech está bem posicionada para continuar crescendo e contribuindo para o avanço da agricultura sustentável no Brasil.
“Estamos orgulhosos do que o time construiu até aqui, e confiantes de que nosso produto pode fazer a diferença não só para os produtores, mas para o planeta como um todo”, finaliza Júlia Rosa.