Cuidados com a alimentação aumentam tempo e qualidade de vida dos animais
Assim como ocorre com nós, humanos, a alimentação e uma dieta nutricional balanceada estão diretamente ligadas à saúde e ao bem-estar dos pets, tanto para seu crescimento físico quanto em relação ao desenvolvimento e longevidade dos animais.
Assim, a alimentação dos pets deve ser pensada não apenas em termos de necessidades energéticas, mas também de necessidades nutricionais, com vitaminas, minerais, nutrientes, gorduras e níveis de umidade, de modo que ela seja a mais eficiente possível, de acordo com as especificidades de cada animal.
“A nutrição é indispensável para o desenvolvimento saudável dos pets. Se a dieta for deficiente em proteínas, sem suplementação adequada, com balanço incorreto de cálcio e fósforo, pode resultar em inúmeros prejuízos, a maioria deles irreversíveis no desenvolvimento dos animais quando filhotes”, explica a médica veterinária, doutora em nutrição animal e sócia fundadora da Cachorro Verde, Sylvia Angélico..
Dentre esses problemas, ela cita, como exemplos, alterações estruturais, ou seja, deixar o filhote “torto”, diminuir e prejudicar a taxa de crescimento do pet, acarretando em um filhote pequeno, abaixo do que deveria ser normalmente.
“Além disso, uma nutrição deficitária pode fazer com que o sistema imune do animal não funcione adequadamente, consequentemente, deixando-o sem proteção às infecções e mais suscetível à enfermidades importantes”, observa.
Alimentos benéficos
Segundo a especialista, há várias maneiras de descobrir e saber quais são os alimentos mais indicados para uma alimentação saudável. A primeira delas é consultando fontes confiáveis, como veterinários que tenham experiência com alimentação natural e nutrição para cães e gatos.
“Essa deve ser a principal fonte, mas reforço que é muito importante que esses profissionais sejam experientes no assunto, pós-graduados, de preferência, pois na faculdade de veterinária o ensino sobre a parte nutricional é deficitário, de forma geral, sendo mais voltado para ração, e não há muito espaço para detalhar sobre alimentos naturais”, alerta.
Outras fontes recomendadas pela médica veterinária são livros e até mesmo alguns sites, desde que de confiança e, preferencialmente, referenciados por médicos veterinários, zootecnistas experientes e, principalmente, especializados em nutrição.
Dieta saudável
Sylvia explica que uma dieta que atenda todas as necessidades nutricionais dos pets deve ser baseada, principalmente, em proteínas de origem animal, preferencialmente, pois ela é a mais completa, já que contém todos os aminoácidos que eles precisam, na proporção adequada e de alta disponibilidade e assimilação, alta digestibilidade e comumente utilizadas, como carnes de frango, bovinos, peixes, ovos e laticínios.
“Gorduras também são importantes, pois possuem os ácidos graxos, necessários, por exemplo, para saúde da pele e pelagem, do cérebro e funcionamento adequado do sistema imunológico”, informa.
Ela acrescenta ainda que as fibras devem fazer parte da alimentação dos bichinhos, para garantir um bom trânsito intestinal, evitando tanto constipação quanto diarreia, assim como micronutrientes, como as vitaminas e micro minerais, na quantidade e doses adequadas.
Alimentos proibidos
Dentre os alimentos considerados “perigosos”, ela lista alguns que os pets não devem consumir por serem prejudiciais à saúde dos animais. “Deve-se evitar, por exemplo, a cebola, pois ela pode causar anemia, e macadâmias, que podem causar problemas gastrointestinais e uma paralisia temporária dos membros inferiores”, informa.
Além disso, segundo a especialista, é preciso evitar a ingestão de uva, pois essa fruta pode levar uma grande parcela dos cães a desenvolverem um problema renal agudo. “Não sabemos quais cães são predispostos a isso, sendo assim, de forma geral, é melhor evitar”, recomenda.
Na opinião da especialista, outro alimento que deve ser evitado, a qualquer custo, é o chocolate, considerado por ela um dos mais danosos à saúde dos pets, já que o produto tem, em sua composição, a teobromina, além da cafeína, substâncias que os cães não metabolizam corretamente e que podem causar danos neurológicos, cardiológicos e outros.
Ela alerta que, em caso de ingestão de alguns desses alimentos, o veterinário deve ser procurado o mais rapidamente possível, para uma avaliação da quantidade ingerida, se o animal apresenta sintomas e o que deve e pode ser feito a respeito.
Outros perigos
De acordo com a médica veterinária, além dos alimentos citados, os pets também não devem consumir ossos cozidos, de uma maneira geral, pois eles, após o cozimento, tornam-se muito difíceis de digerir, porque ocorre uma transformação em seu colágeno, o que pode levar a um processo de obstrução ou perfuração de alças intestinais ou, até mesmo, do estômago do animal.
“Na natureza, os predadores, de todos os tamanhos, consomem os ossos das presas, sejam aves, répteis, anfíbios, pequenos mamíferos, etc., mas estes ossos são sempre crus. Então se for ofertar ossos, tanto para cães quanto para gatos, é fundamental que estes estejam crus”, sugere.
“Há dietas que trabalham de maneira responsável com a inclusão de ossos, como a alimentação natural crua com ossos, que tem várias regras para que haja segurança para os pets”, acrescenta.
Ela reforça que, em casos de nutrição inadequada, os pets podem ter déficit de crescimento, problemas imunológicos, problemas de pele e pelagem, desenvolver questões renais (hepáticas), problemas gastrointestinais, alergias, obesidade, taxa de ganho de peso inadequada, problemas de colesterol e triglicérides, diabetes, além de fraturas, quedas de dentes, entre outros.
“Ou seja, não há como subestimar a importância da nutrição adequada para o desenvolvimento saudável dos pets”, conclui Sylvia.