Setor representa 43,6% da pauta de exportações do Estado
O agronegócio paulista apresentou aumento nas exportações de 9,26%, atingindo US$19,81 bilhões, e alta de 9,30% nas importações, somando US$3,76 bilhões, entre janeiro e agosto de 2024, comparados com o mesmo período do ano anterior.
O levantamento foi realizado pelo coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Carlos Nabil Ghobril, e os pesquisadores José Alberto Ângelo e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
A apuração aponta que, de janeiro a agosto de 2024, a participação das exportações do agronegócio paulista, no total do estado, foi de 43,6%, enquanto que o desempenho das importações setoriais foi de 7,5%.
Demais setores da economia
Ghobril destaca que “é importante salientar que as exportações paulistas, nos demais setores da economia, excluindo o agronegócio, totalizaram US$ 25,64 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 46,13 bilhões, resultando em um déficit externo de US$ 20,49 bilhões no período acumulado de janeiro a agosto de 2024”.
O coordenador da Apta completa que “assim, conclui-se que o déficit do comércio exterior do estado de São Paulo só não foi mais acentuado devido ao desempenho positivo do agronegócio estadual, cujo saldo como reportamos acima atingiu US$ 16,05 bilhões”.
LEIA TAMBÉM
Exportações do agronegócio paulista por grupos de produtos
De acordo informação de Ghobril, os cinco principais grupos de produtos nas exportações do agronegócio paulista, de janeiro a agosto de 2024, foram:
1. Grupo sucroalcooleiro
Participação de 39,9%, totalizando US$7,91 bilhões, onde o açúcar representou expressivos 93,1% e o álcool etílico (biocombustível), 6,9%.
2. Carnes
Esse grupo teve 10,6% de participação no período, alcançando um valor de US$2,10 bilhões, com a carne bovina representando 84,0%.
3. Produtos florestais
Já os produtos florestais tiveram 10,4% de participação nas exportações do agronegócio paulista de janeiro a agosto desse ano, com um total de US$2,05 bilhões, sendo 53,8% de celulose e 38,6% de papel.
4. Complexo soja
Os produtos que compõem o complexo soja participaram com 10,0%, registrando um total de US$1,98 bilhão, sendo que a soja em grão representou o total de 80,4%.
5. Sucos
Esse setor do agro paulista teve 8,7% de participação, alcançando o valor de US$1,73 bilhão, sendo que o suco de laranja corresponde a 97,9% do grupo.
LEIA TAMBÉM
Vendas externas setoriais
O especialista explica que esses cinco agregados representaram 79,6% das vendas externas setoriais paulistas.
Segundo ele, o grupo do café, tradicional no estado de São Paulo, ocupa a sexta posição, com 4,2% de participação, registrando US$837,61 milhões, 72,6% referente ao café verde e 23,5%% café solúvel.
“Ao compararmos os primeiros oito meses de 2024 com o mesmo período de 2023, houve variações significativas nos valores exportados dos principais grupos de produtos paulistas, com destaque para aumentos nos grupos de café (+32,6%), sucos (+30,6%), complexo sucroalcooleiro (+26,6%), produtos florestais (+15,2%) e carnes (+4,6%), e uma queda no grupo complexo soja (-35,5%)”, relata Ghobril.
Essas variações nas receitas de comércio exterior refletem oscilações tanto nos preços quanto nos volumes exportados, esclarece o coordenador da Apta.
Importações do agronegócio paulista
Ghobril destaca que os principais produtos importados pelo agronegócio paulista, no acumulado de janeiro a agosto de 2024, foram: salmões (US$307,57 milhões), papel (US$267,20 milhões), trigo (US$223,79 milhões), produtos têxteis de algodão (US$146,51 milhões), leite em pó (US$138,51 milhões), rações para animais (US$137,29 milhões), outros peixes (US$132,50 milhões) e arroz (US$129,99 milhões).
Participação do estado de São Paulo no Brasil
De acordo com informação do coordenador da Apta, o agronegócio de São Paulo representou 17,8% do total nacional, com aumento de 1,7 ponto percentual em comparação ao mesmo período do ano anterior. “As importações, por outro lado, recuaram 1,5 pontos percentuais, fechando em 29,3%”, salienta.
Ele aponta que, entre os principais estados exportadores em valores, São Paulo e Mato Grosso estão tecnicamente empatados, sendo que o São Paulo ocupa a segunda posição, com 17,8% de participação, atrás de Mato Grosso (17,9%).
Já o Paraná, de acordo com informação de Ghobril, aparece em terceiro lugar (11,4%), seguido por Minas Gerais (9,9%), Rio Grande do Sul (8,4%) e Goiás (6,8%). “Esses seis estados juntos representam 72,2% das exportações totais do agronegócio brasileiro nos primeiros oito meses de 2024”, frisa.
O profissional sublinha ainda que “a participação dos grupos do agronegócio paulista no agronegócio nacional, no acumulado até agosto de 2024, se destacou nos seguintes grupos de produtos, cuja participação em valores ultrapassou 50% do total nacional: sucos (85,9%), produtos alimentícios diversos (73,7%), demais produtos de origem vegetal (62,9%), plantas vivas e produtos de floricultura (63,7%) e complexo sucroalcooleiro (61,5%)”, afirma.
Balança comercial brasileira
Ghobril relata também que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 54,08 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2024, com exportações totais de US$ 227,00 bilhões e importações de US$ 172,92 bilhões.
Esse resultado, de acordo com o coordenador da Apta, representa uma redução de 13,4% no saldo da balança comercial em comparação com o mesmo período de 2023, quando o superávit foi de US$ 62,43 bilhões. “Observa-se que o saldo é positivo, porém menor que o ano passado”, salienta.
Em sua avaliação, “na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro, nos primeiros oito meses de 2024, apresentaram uma leve retração de 0,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 111,59 bilhões, o que corresponde a 49,2% do total nacional”.
No mesmo período, segundo informação do profissional, as importações cresceram 14,9%, atingindo US$ 12,83 bilhões (7,4% do total nacional).
LEIA TAMBÉM
Balança comercial do agronegócio
Ele frisa que o saldo da balança comercial do agronegócio apresentou um superávit de US$98,76 bilhões no acumulado de janeiro a agosto de 2024, sendo 2,5% inferior ao registrado no mesmo período de 2023.
“Assim”, completa o coordenador, “o comércio exterior brasileiro só não apresentou déficit devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$115,41 bilhões e importações de US$160,09 bilhões, resultaram em um déficit de US$44,68 bilhões no acumulado até agosto de 2024”.
Grupos de exportação do agronegócio
Ghobril informa ainda que os cinco principais grupos de exportação do agronegócio brasileiro, no período de janeiro a agosto de 2024, foram: complexo soja (US$ 43,94 bilhões, com a soja em grão representando 82,8% e o farelo de soja 15,1%), carnes (US$ 16,17 bilhões, com a carne bovina, de frango e suína participando com 48,8%, 37,3% e 11,5%, respectivamente), grupo sucroalcooleiro (US$ 12,86 bilhões, com o açúcar representando 94,1% e o álcool etílico 5,8%), produtos florestais (US$ 11,21 bilhões, com 60,4% de celulose e 24,6% de madeira) e café (US$ 7,18 bilhões, com 91,7% de café verde e 7,4% de café solúvel). “Esses cinco grupos responderam por 81,8% das exportações do setor”, ressalta.