A vacina que imuniza bovinos e bubalinos contra a febre aftosa no Brasil terá sua dosagem reduzida de cinco para dois mililitros, a partir de maio de 2019. De acordo com as ações do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com essa mudança, a expectativa é de que diminuam as ocorrências de reação nos animais.
“Se considerarmos o alto custo da vacina, talvez seja inteligente a decisão de diminuir a dose utilizada para imunizar um animal. É a resposta a um eco dos produtores que se repete há vários anos. No entanto, o que o produtor precisa estar atento é que, de forma isolada, a diminuição dos índices de lesões na carcaça por reação vacinal não irão diminuir se ele não aplicar as técnicas de manejo racional e bem-estar animal ao seu rebanho”, alerta o médico veterinário Renato dos Santos, consultor de Bem-Estar Animal e Manejo Racional da Beckhauser, empresa que desenvolve e industrializa soluções para a pecuária.
Segundo o especialista, o mais provável é que esse índice de lesões vacinais caia ainda mais, mas somente nas propriedades que já adotaram as boas práticas, a exemplo de fazendas “que já utilizam corretamente o produto e seguem as orientações do fabricante, aplicando no local indicado (tábua do pescoço) e sem o manejo aversivo”.
Manejo correto
Para o médico veterinário, na fazenda onde não se dá a devida importância ao manejo – e isso é “a maioria esmagadora” –, a iniciativa da dose reduzida não surtirá efeito algum.
“Se os animais continuam sendo vacinados sem contenção adequada e até mesmo em lugar incorreto, a lesão vacinal continuará presente, causando prejuízos financeiros ao produtor.”
Com o intuito de evitar esse problema, o que o pecuarista pode fazer para uma mudança positiva efetiva? Santos afirma que a resposta está em várias frentes.
“Uma delas é oferecer treinamento para a mão de obra e melhorar as condições de trabalho dos funcionários. Vemos por aí equipamentos de contenção ultrapassados, que exigem do aplicador um verdadeiro malabarismo para que ele consiga aplicar o medicamento na tábua do pescoço dos animais.”
Outra mudança, indica o médico veterinário, é investir na melhora dos equipamentos utilizados, como seringas e aplicadores.
“Muitos ainda são difíceis de higienizar, desmontar e as doses são imprecisas. Já vi casos em que os peões precisam de tratamento para LER (Lesão por Esforço Repetitivo) após o período de vacinação, pelas péssimas condições de trabalho.”
Orientações de conservação e compra
Mais uma iniciativa pode trazer benefícios: seguir rigorosamente as orientações de conservação e compra da vacina.
“O governo recomenda que as doses sejam adquiridas somente em lojas registradas. Também é necessário que se verifique se estão na temperatura correta: entre 2°C e 8°C. Para transportá-las, deve ser utilizada uma caixa térmica, com três partes de gelo para uma de vacina, lacrando-a ao final. E, a vacina deve ser mantida no gelo até o momento da aplicação”, informa Santos.
Embora as orientações sejam simples, o especialista salienta que, muitas vezes, essa não é a realidade do campo. “Na região Centro-Norte do País, por exemplo, a energia elétrica é tão inconstante nas fazendas, que não se consegue conservar os alimentos. Então, imagine a vacina!”
Em sua opinião, é urgente a implantação e a exigência, da porteira para dentro, de soluções mais eficazes que apenas reduzir a dose vacinal.
“Então, o menor volume na imunização só impactará no menor porcentual de lesões, caso ocorram mudanças em todos os envolvidos. Caso contrário será mais uma vez, apenas uma medida paliativa.”
Para mais informações, acesse www.beckhauser.com.br.