Cerca de 13% dos alimentos são perdidos globalmente após a colheita, enquanto 19% são desperdiçados no varejo. Esse A desperdício é responsável por até 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, com o gás metano (Foto: FAO)
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), QU Dongyu, reforçou a necessidade urgente de reduzir a perda e o desperdício de alimentos para melhorar a segurança alimentar, proteger o meio ambiente e promover uma distribuição mais equitativa dos recursos alimentares em todo o mundo.
“Ao reduzir a perda e o desperdício de alimentos, os países e comunidades podem se beneficiar de uma melhor segurança alimentar, acesso a dietas saudáveis e redução da desnutrição, ao mesmo tempo em que diminuem suas pegadas de gases de efeito estufa”, afirmou QU Dongyu durante o evento sobre o tema, na semana passada, em Roma, Itália.
Ele destacou que mais de 13% dos alimentos são perdidos globalmente após a colheita e antes de chegar ao varejo, enquanto 19% são desperdiçados em níveis de varejo, serviços de alimentação e nos lares.
A perda e o desperdício de alimentos são responsáveis por cerca de 8 a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, com o gás metano – gerado pela decomposição dos alimentos – tendo um potencial de aquecimento muito maior do que o dióxido de carbono.
QU Dongyu também ressaltou que, de acordo com o Relatório de Perspectivas Agrícolas da OCDE-FAO para o período de 2024 a 2033, a redução pela metade da perda e do desperdício de alimentos poderia diminuir as emissões globais de gases agrícolas em 4% e reduzir o número de pessoas subnutridas em 153 milhões até 2030.
Embora o mundo não esteja no caminho para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12, que inclui a meta de reduzir pela metade o desperdício de alimentos, o Diretor-Geral da FAO sublinhou a importância de aumentar os investimentos em clima, redesenhar sistemas de armazenamento e conscientizar o público sobre a educação dos consumidores.
A gastronomia a serviço da redução do desperdício
Chefes renomados globalmente participaram do evento virtual, abordando suas contribuições e responsabilidades na luta contra o desperdício alimentar.
Entre eles estavam Douglas McMaster, fundador do primeiro restaurante de zero desperdício do Reino Unido, e Fatmata Binta, a primeira africana a receber o Prêmio Mundial de Culinária Basca, que apoia mulheres agricultoras no cultivo de fonio, um grão resistente ao clima e nutritivo.
David Hertz, chef e cofundador da escola de gastronomia Gastromotiva no Brasil, também contribuiu, destacando soluções sustentáveis para a inclusão social através da gastronomia.
O Refettorio Gastromotiva foi construído, em 2016, no Rio de Janeiro, como legado dos Jogos Olímpicos do Rio daquele ano.
Desde dezembro de 2023, o local é um restaurante aberto ao público para o almoço, de segunda a sexta-feira, no valor de R$ 45, que é revertido integralmente para os jantares solidários, oferecidos todas as noites para pessoas em situação de vulnerabilidade no espaço.
Tanto esses jantares como o almoço são preparados por cozinheiros formados na Gastromotiva. Os ingredientes utilizados, em grande parte, são de alimentos de qualidade que seriam descartados.
Desde a abertura para o público, foram servidas quase 6 mil refeições completas.
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