Dos 159 milhões de hectares de pastagens no Brasil, 63% estão degradados, correspondendo a 99 milhões de hectaresm, segundo dados aprsentados no Congresso Brasileiro de Sementes (Foto: Luiz Henrique Magnante/Embrapa)
Durante o V Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras, realizado em paralelo ao XXII Congresso Brasileiro de Sementes, o tema da degradação das pastagens brasileiras ganhou destaque, revelando um cenário alarmante que desafia a sustentabilidade do setor agropecuário.
Especialistas do governo, da iniciativa privada e pesquisadores discutiram soluções, principalmente a utilização de sementes forrageiras, para reverter a deterioração das terras agrícolas e fomentar a recuperação ambiental.
O engenheiro agrônomo Marco Antônio Fujihara, diretor da Infrapar Capital Partners, apresentou dados que ilustram a gravidade do problema: dos 159 milhões de hectares de pastagens no Brasil, 63% estão degradados, correspondendo a 99 milhões de hectares.
Dentro desse total, 41% sofrem de degradação intermediária, enquanto 22% apresentam degradação severa. Para recuperar essas áreas, estima-se que o custo ultrapasse R$ 116,1 bilhões, segundo levantamento do Banco do Brasil.
A degradação do solo não só compromete a produtividade, como também contribui para as emissões de gases de efeito estufa.
O Brasil é o quinto maior emissor mundial, com quase metade dessas emissões derivadas de mudanças no uso da terra, especialmente pela degradação e queima de resíduos florestais.
Nesse contexto, a recuperação das pastagens se torna fundamental para conter o impacto ambiental e garantir a sustentabilidade do setor agropecuário.
Potencial das sementes forrageiras
Fujihara enfatizou que a recuperação de áreas degradadas pode ser acelerada com o uso de sementes forrageiras.
“A forrageira é a base da recuperação da área degradada. Se você plantar a forrageira, você consegue recuperar essa área degradada muito mais depressa, em vez de 5 anos, leva 2 anos”, comparou ele, destacando um exemplo prático de uma fazenda de 5 mil hectares no Mato Grosso que foi revitalizada graças ao plantio de forrageiras.
No entanto, apesar dos benefícios, o custo da recuperação é um grande obstáculo para muitos produtores, que muitas vezes não conseguem arcar com os investimentos necessários ao longo dos dois anos de recuperação.
Esse desafio, segundo Fujihara, ainda é o maior entrave para a restauração de áreas degradadas.
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Crescimento do mercado
O mercado de forrageiras também tem apresentado crescimento significativo. De acordo com Marcos Roveri José, Coordenador do Comitê de Forrageiras da ABRASEM (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), o setor movimentou cerca de R$ 5 bilhões em 2023, impulsionado pela integração lavoura-pecuária.
“Hoje já temos uma agricultura muito forte trabalhando dentro desses sistemas integrados de produção”, afirmou Roveri, destacando o papel fundamental das forrageiras na retenção de carbono e na sustentabilidade dos sistemas produtivos.
A pesquisadora Jaqueline Verzignassi, da Embrapa Gado de Corte e organizadora do Simpósio, ressaltou a importância da inovação tecnológica no setor.
“Tem tecnologia industrial, tecnologia de preparo de sementes, de superação de dormência, tem tecnologia de colheita”, explicou, acrescentando que o evento também abordou oportunidades de negócios para garantir a sustentabilidade e aumentar a eficiência na produção de sementes forrageiras.