Segundo o Conab, neste ano há uma produção de arroz entre 500 e 600 mil toneladas acima da demanda normal, na comparação com a safra passada
A estimativa de uma quebra entre 20% e 30% na safrinha nacional de milho e a sua consequência na formação dos valores relativos à ração animal vem causando preocupação em relação aos custos de produção de proteína animal e lácteos.
A estiagem já havia impactado a cultura que pode ter a situação agravada pelas geadas previstas para os próximos dias. A questão foi debatida dentro do projeto Duas Safras, ação da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Embrapa, que aponta um provável excedente de arroz como alternativa ao problema.
Conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), há uma produção excedente neste ano entre 500 e 600 mil toneladas de arroz na comparação com a safra passada, além de uma queda nas exportações do cereal. Isso fez cair o preço do saco de 50 Kg pago ao produtor até o momento.
O valor médio que estava em torno de R$ 90,00, agora gira próximo dos R$ 70,00. O assunto já vem sendo tratado pela Farsul e pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). A proposta é a substituição do milho pelo arroz na alimentação de bovinos, suínos e aves.
Desse modo, o projeto Duas Safras se apresenta como alternativa para solucionar o problema nas duas pontas. Enquanto garante a alimentação animal utilizando o arroz como base, evitando que os custos de produção disparem, ajuda no escoamento do estoque do cereal paralisado pela queda nas exportações.
As unidades Clima Temperado (Pelotas/RS) e Suínos e Aves (Concórdia/SC), da Embrapa, têm em andamento uma pesquisa que aponta excelentes resultados nessa substituição.
Ação imediata
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, lembra que a base da proposta do projeto Duas Safras, o aumento da produção das culturas de inverno para reduzir a dependência do milho na ração animal, “ainda está no horizonte, não irá se resolver em um ou dois anos”, declara.
Porém, a oferta do arroz e a escassez do milho permite uma ação imediata. “É uma forma de resolver um problema atual das nossas grandes avicultura e suinocultura. Temos pressa de um lado e oportunidade do outro”, avalia Gedeão.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, também ressalta a necessidade de compreender que se trata de uma solução pontual.
“Devemos nos guiar nas questões técnicas e econômicas, mas estamos diante de uma escassez e a possibilidade da substituição de um produto, mesmo que em parte”, reforça. Velho ressalta que o interesse da Federarroz e da Farsul é o de aproximar as partes.
“A iniciativa foi de avançar nesse processo. Aproximar os interessados para que possam evoluir as conversas entre equipes técnicas e os agentes de mercado”, descreve.
As negociações terão continuidade. Os envolvidos estão trabalhando na criação e uma agenda com encontros técnicos e comerciais que será concluída nos próximos dias.