Em plena região do Semiárido baiano, cerca de 60 mil famílias, que vivem em 32 municípios com alguns dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do País, estão sendo assistidas pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Semiárida da Bahia (Pró-Semiárido).
A iniciativa foi considerada pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência de desenvolvimento rural da Organização das Nações Unidas (ONU), como o melhor projeto, financiado pelo FIDA, de apoio a populações rurais carentes de todo o mundo.
Até o início de 2020, já foram investidos R$ 204,2 milhões, em ações de apoio aos principais sistemas produtivos, como a fruticultura de espécies nativas, a avicultura, a apicultura, a caprino-ovinocultura e a bovinocultura de leite.
Uma das razões para esse trabalho ter conquistado o topo do ranking do organismo internacional envolve a integração de atividades para jovens e mulheres.
O Pró-Semiárido integra um conjunto de ações do governo da Bahia para erradicar a pobreza na região semiárida. Executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), o projeto pretende continuar contribuindo para a redução da pobreza rural, de forma duradoura.
Para alcançar esse objetivo, realiza ações de desenvolvimento sustentável da produção, da geração de emprego e renda, em atividades agropecuárias e não agropecuárias, além do desenvolvimento do capital humano e social.
Diretor-presidente da CAR, Wilson Dias explica que esse projeto utiliza uma metodologia diferenciada e específica, que começa no processo seletivo dos beneficiários, quando é identificada a raiz da pobreza das famílias com maiores dificuldades ao acesso a serviços e oportunidades.
Segundo ele, a partir dessa etapa, os investimentos são aplicados de acordo com cada realidade. Outro diferencial é a oferta de assistência técnica qualificada e baseada na convivência com o Semiárido.
Vocação produtiva
“Os investimentos são baseados nessa vocação produtiva local e a interação permanente dos jovens, mulheres e famílias que vivem no campo foi o que resultou nessa ação diferenciada dentro desse projeto, fazendo com que esse organismo internacional, que nos financia, reconhecesse esse projeto como de maior importância dentre todos os outros que existem no mundo inteiro”, afirma Dias.
Segundo o oficial de projetos do FIDA no Brasil, Hardi Vieira, para o Pró-Semiárido ter conseguido o primeiro lugar no ranking da ONU, foram analisados vários aspectos, entre eles, a focalização.
“O projeto tem realizado um trabalho com critérios muito bem estabelecidos, nas comunidades. Além disso, também se destacam os mecanismos de focalização de gênero, de participação da juventude, de comunidades tradicionais como quilombolas e fundos e fechos de pasto e, ainda, o mecanismo de assistência técnica com a rede de parceiros e com organizações da sociedade civil que prestam esses serviços para essas comunidades”, explica Vieira.
Outros fatores positivos avaliados foram o mecanismo inovador de monitoramento e avaliação, as parcerias no tema de “recatingamento” com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária (IRPAA) e com o Slow Food, tanto na preparação do evento Terra Madre Brasil Junho 2020, quanto em iniciativas de valorização de produtos locais.
O projeto, além disso, tem trabalhado na questão do acesso a água como, por exemplo, no município de Ponto Novo, onde foi implantado o fusegate, um sistema inovador que garantiu a ampliação da capacidade do reservatório de água da barragem em quase 24%.
Investimentos que transformam
O FIDA é a única agência financeira especializada para o tema da agricultura familiar e desenvolvimento rural e trabalha com operações em 98 países ao redor do mundo, na África, Ásia, Oriente Médio e América Latina. No total, são 231 projetos, o que representa aproximadamente 13 bilhões de dólares em projetos em andamento.
“Hoje em dia, o Pró-Semiárido tem conseguido praticamente 90% de desembolso e tem mostrado um desempenho muito forte na parte financeira, de aquisições em contratos, no trabalho de comercialização e de acesso ao mercado”, destaca Hardi Vieira.
Para ele, “o mais importante de tudo é o compromisso e a prioridade do governo do Estado da Bahia, a liderança da CAR e a excelente gestão do projeto. Isso é chave pra esse sucesso”.
Fonte: Governo da Bahia