AgroResidência conta com mais de 100 projetos voltados para capacitação e inserção, desenvolvidos em parceria com instituições de ensino em diversos estados
Em seu primeiro ano, o Programa de Residência Profissional Agrícola, o AgroResidência, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem resultados animadores. No ano passado, cerca de 90 residentes atendidos pela política pública conseguiram um emprego com a experiência adquirida durante as atividades.
O AgroResidência é destinado à qualificação de jovens estudantes e recém-egressos dos cursos de ciências agrárias e afins e tem como foco a inserção dos beneficiários no ambiente real de trabalho, por meio de treinamento prático, orientado e supervisionado, propiciando o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao exercício profissional.
Por meio da política pública, são custeadas bolsas para residentes de cursos técnicos de nível médio, no valor de R$ 900; e de nível superior, no valor R$ 1.200. A carga horária de trabalho dos residentes é de 40 horas semanais. Também são custeadas bolsas para professor orientador, no valor de R$ 200 por orientado. Cada professor deve orientar entre cinco e dez residentes. Sendo assim, a bolsa pode variar de R$ 1 mil a R$ 2 mil.
O programa conta, atualmente, com mais de 100 projetos de residência profissional agrícola, desenvolvidos em parceria com instituições de ensino em diversos estados. Cada projeto leva em conta as características das atividades agropecuárias da região onde é implementado. A expectativa é que, até 2023, serão atendidos mais de 1.300 beneficiários com as atividades de qualificação técnica desenvolvidas pela política pública.
Na opinião da ministra Tereza Cristina, o AgroResidência contribui para fomentar a assistência técnica no País, proporcionando a capacitação dos beneficiários para atenderem o produtor rural. “É um programa que pega o jovem no último ano ou recém-formado e, junto à universidade, o prepara para ele dar assistência técnica a algumas Unidades Residentes, como empresas e cooperativas. Isso tem dado resultado e esse jovem está empregado”.
Experiências
O engenheiro agrônomo cearense Wíctor Rodrigues participou do programa AgroResidência e foi contratado por uma empresa que presta serviços de assessoria e consultoria com foco na regulamentação orgânica, no Ceará. Depois de participar das atividades, entre fevereiro e dezembro de 2021, o jovem foi contratado pela Unidade Residente.
Formado pela Universidade Federal do Cariri (UFCA), Rodrigues realizou a residência agrícola em uma empresa que presta serviços de assessoria e consultoria com foco na regulamentação orgânica, sediada no município de Guaraciaba do Norte (CE).
“Na empresa, tive maior contato com o mundo dos orgânicos. Conheci diversos tipos de certificação e documentos padrões das certificadoras nacionais, aprendendo a preenchê-las e as formas de apresentar seus documentos anexos”, relata Rodrigues. “Tive contato direto com os produtores, sanando suas dúvidas e contribuindo para que eles possam produzir da melhor forma possível e seguindo os princípios da agricultura orgânica.”
Além disso, o jovem relata que participou da elaboração de manuais de Boas Práticas de Fabricação para Indústrias, de ações voltadas para o registro de produtos no Ministério da Agricultura, da criação de fichas técnicas, da realização de treinamentos para produtores e equipes técnicas, entre outras atividades.
Hoje contratado pelo estabelecimento no qual realizou a residência agrícola, ele atua como consultor em orgânicos. “A experiência que tive dentro da empresa, através do programa, foi a que me levou a permanecer nela, mostrando que consegui aprender muito em 11 meses e que posso oferecer muito mais, graças ao meu esforço e oportunidades que me foram oferecidas”, afirma.
Outra beneficiária do programa que comemora a conquista do emprego é Ane Cavalcante, de 24 anos. Nas fazendas de uma empresa voltada para nutrição animal, localizada no Pará, a jovem zootecnista desenvolveu atividade de cria, recria e engorda de bovinos.
“Aprendi mais sobre manejo, bem-estar animal, organização operacional das fazendas e como coordenar atividades junto aos colaboradores. Também aprendi sobre a formulação de relatórios ligados aos índices zootécnicos das propriedades com base nos resultados obtidos”, conta a jovem zootecnista.
Anderson Schott, de 25 anos, do Rio Grande do Sul, também participou das atividades da residência agrícola e foi contratado por uma empresa internacional para atuar no ramo comercial e técnico de defensivos agrícolas. Formado em agronomia, ele desenvolveu as atividades da residência agrícola em uma cooperativa agropecuária, localizada no município de Júlio de Castilhos, e afirma que o programa lhe abriu portas.
“O AgroResidência contribuiu para eu me recolocar no mercado de trabalho, principalmente, por ter contato com pessoas de diferentes empresas e por conhecer diferentes produtos. Isso abriu várias oportunidades para que eu pudesse ser contratado”, diz
Como funciona
Por meio de Editais de Chamamento Público, o Ministério da Agricultura seleciona propostas de projetos de residência profissional agrícola, apresentadas por Instituições de Ensino de todo o país, voltadas para a qualificação técnica dos estudantes. Após a conclusão do processo de seleção, o resultado é divulgado no portal do Mapa. Informações podem ser solicitadas pelo e-mail: programa.residencia@agro.gov.br e por telefone: (61) 3276-4675 ou 3276-4674.