Toda a colheita de Carolina Reaper do Haras Mirante da Ilha é usado na produção artesanal de molhos e geleias
O produtor rural Rodrigo Batista (42), de Vila Cajueiro, zona rural de Cariacica, na Grande Vitória, é o único capixaba a utilizar a pimenta Carolina Reaper, a mais ardida do mundo, como matéria-prima na produção artesanal de molhos e geleias. Ele conheceu a variedade em 2019, em uma viagem de visita à filha, nos Estados Unidos.
“Ganhei cinco sementes de um amigo. Um mês depois, plantei as sementes no sítio”, conta Rodrigo, que é proprietário do Haras Mirante da Ilha, a 10 quilômetros de Campo Grande (MS) onde cria cavalo, vacas, carneiro e tilápias. As sementes foram transformadas em mudas, resultando em 20 pés de Carolina Reaper. Animado, acabou com uma área de capim e plantou mais pimenta. Atualmente, são 400 plantas em produção.
“No começo, não conseguia acertar a mão. Colocava no azeite e os vidros estouravam, de tão forte que a pimenta é. Quando comecei a fazer geleia, usava três pimentas para fazer nove potes, mas ninguém conseguia comer”, conta Batista.
Aprendizado
Em um curso na internet, Batista aprendeu com um especialista alguns segredos e cuidados para manipular a Carolina Reaper. “Um deles é o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), indispensável para evitar contato da pimenta com a pele e permitir respirar normalmente”, relata.
Outro aprendizado importante foi a necessidade de deixar a pimenta repousar 10 dias antes de ser processada. “Depois do curso, a receita com 3 pimentas agora rende 33 potes de geleia, prontos para o consumo.”
A receita de geleia tradicional preparada por Batista leva cebola, maçã, laranja e limão. Há uma versão com abacaxi no lugar da cebola, além da pimenta em conserva no vinagre e no azeite. Os produtos com a marca Mirante da Ilha são comercializados em pequenos comércios de Cariacica e numa unidade da Ceasa.
Expansão
A aceitação dos produtos caseiros animou Rodrigo Batista a investir em uma minifábrica. Só falta a vistoria para obter o selo da Vigilância Sanitária autorizando a venda das geleias e molhos nos supermercados locais. “A Prefeitura de Cariacica está ajudando com o processo. Já tive encomenda de mil vidros, mas preciso legalizar a minifábrica”, diz.
Santos contratou um funcionário para ajudar na produção e também conta com o apoio do filho de 16 anos. A ideia é produzir mostarda, molho barbecue, ketchup e pasta básica à base de Carolina Reaper. Para isso, está expandindo o cultivo. A meta é saltar de 1.000 mudas para 5.000, ocupando mais uma área de 20 mil metros quadrados da propriedade.
Ardência
Com a fama de ser a mais forte do mundo, a Carolina Reaper é uma pimenta da variedade da espécie Capsicum chinense. Originalmente chamada de HP22BNH, foi criada por Ed Currie, presidente da companhia de PuckerButt Pepper Company, em Fort Mill, Carolina do Sul, Estados Unidos. Cruzamento da Habanero com a Naga Bhut Jolokia, é muito mais picante do que a jalapeño, com mil unidades na escala de ardência.
Com 1,5 milhão de unidades na escala de ardência, em 2017, a Carolina Reaper entrou para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, como a pimenta mais forte do mundo.