Confira as dicas para os produtores de cana que tiveram prejuízos na safra devido aos impactos climáticos
As geadas ocorridas em junho e julho e o longo período de seca causaram muitos estragos nos canaviais brasileiros, derrubando a produtividade, além de risco de falta de mudas, entre outros problemas. No entanto, os preços do açúcar e do etanol abrem uma oportunidade e o produtor que investir pode recuperar sua lucratividade.
O evento virtual Seca e Geadas: Oportunidades e Desafios, promovido pela FMC, empresa de ciências para a agricultura, reuniu especialistas para orientar produtores de cana-de-açúcar a planejar o plantio da safra 2021/2022. “Temos o compromisso de encontrar caminhos e soluções para os produtores”, disse Marco Faria, diretor comercial da companhia.
Cuidados
Na visão do produtor rural e presidente da Canacampo, Daine Frangiosi, o manejo da cultura é o segredo para se obter maior produtividade. “Isso significa saber escolher bem as variedades, utilizar de forma correta os produtos químicos e biológicos, para deixar a cultura mais equilibrada, olhar o momento ideal do plantio, além de fazer rotação com outras culturas para melhorar o solo”, explicou.
Outro cuidado importante nesse período de retomada dos canaviais é com a infestação de pragas e insetos. A pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC,) Leila Dinardo Miranda, disse que, a seca intensa, as geadas e o período prolongado de frio intenso não afetaram o desenvolvimento dos nematóides e as cigarrinhas, que ficaram protegidos dentro dos ovos. “O mesmo acontece com outros insetos, em específico, a broca da cana. Porém, quando as chuvas chegarem, as pragas vão se recuperar rapidamente, as plantas estarão pequenas e não podem ficar desprotegidas”, alertou.
O especialista José Francisco Garcia, diretor da Global Cana, concorda com Miranda e reforça que a cana sofreu os efeitos da geada, mas os insetos estão prontos para voltar. “O produtor não deve baixar a guarda para ter um canavial produtivo em 2022”, avisou. Como dica, ele sugere o uso de inseticida sistêmico e seletivo para obter cana com qualidade e produtividade.
Outro ponto abordado pelos especialistas foi a preocupação em relação às plantas daninhas, que ficaram protegidas da geada pela palha e, agora, com a volta das chuvas, há a necessidade de repor o herbicida. “O manejo de plantas daninhas com seletividade será o grande desafio para essa safra”, reforçou Edison Baldan Jr, diretor da Baldan Connected. Segundo ele, o produtor vai chegar ao fim do ano com a cana aberta, necessitando usar produtos com longo efeito residual. “Aplicar o herbicida será fundamental, pois trará mais benefício do que o prejuízo que o produtor terá na hora de fazer a colheita mecanizada”, completou.
Tecnologia
Pior sua vez, o professor da Unesp de Botucatu, Carlos Crusciol, apontou que o estresse abiótico afetou muito as plantas e o produtor deve usar tecnologia com efeito antioxidante para destravar o canavial. “Deixar o canavial pronto para retomar o crescimento é uma oportunidade a ser aproveitada e, isso não for feito, o desenvolvimento será muito lento”, observou.
Em relação ao clima, considerado o principal o responsável por esse cenário, o professor da Esalq/USP, Fábio Marin, abordou a questão hídrica e mostrou que, embora seja o terceiro ano consecutivo de seca na principais regiões produtoras, as chuvas devem chegar entre setembro e outubro, com previsão acima da média na Região Sul e dentro da média em São Paulo e na Região Centro-Oeste.
“Este será um ano em que as chuvas voltarão ao normal, o preço do açúcar e do etanol estão atrativos e é hora de investir com produtos inovadores, eficientes e com alta qualidade de formulações”, arrematou Marco Faria.