Além de lucro, negócios impulsionam o turismo rural no município de Rio Preto, na Zona da Mata mineira
A comercialização de produtos agropecuários via on-line mudou a rotina do município de Rio Preto, localizado na Zona da Mata mineira. Por conta das restrições causadas pela pandemia, 26 produtores rurais aprenderam usar as ferramentas digitais e, mesmo com o retorno das vendas presenciais, continuam apostando no novo formato de negócios para conquistar novos mercados e ampliar as vendas.
Para manter o isolamento social proposto para a contenção da covid-19, eles precisavam encontrar uma saída para escoar a produção, uma vez que a feira livre da cidade foi suspensa. Para isso, a Emater, com o apoio da prefeitura e voluntários das áreas de gestão, tecnologia e marketing, criou uma feira livre on-line, que ganhou o nome de Feira ON. Os produtores, junto com familiares e feirantes, adotaram o sistema para a venda de queijos, biscoitos, bolos, pães, doces, ovos, hortaliças, frutas e artesanato.
Na feira presencial ou na Feira ON, produtores vendem queijos, biscoitos, bolos, pães, doces, ovos, hortaliças, frutas e artesanato. Crédito: Emater-MG.
Semanalmente, são postadas fotos e informações dos itens que estarão à venda no Instagram e no Facebook. Além das redes sociais, os pedidos também podem ser feitos pelo aplicativo de mensagens WhatsApp e são entregues pelos produtores, em dias agendados.
Segundo a técnica da Emater-MG em Rio Preto, Viviane Clementino, para utilizar as redes sociais e outras ferramentas da Feira ON, foram feitos treinamentos individualizados com os produtores. “Para a divulgação de seus produtos, eles foram orientados sobre fotografia, aprendendo, por exemplo, sobre melhor ângulo, luz, apresentação, como postar vídeos, compartilhar”, conta a técnica. “Além de melhorar a visibilidade dos produtos, também melhoraram a organização e começaram os serviços de entrega”, diz Viviane.
O resultado foi além das expectativas e, de acordo com Viviane, muitos conseguiram superar as vendas da feira presencial e até atenderam encomendas dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Jorge Luiz de Freitas, um dos produtores, relata que, no início da pandemia, os queijos ficavam estocados por até 80 dias. “Com a feira on-line, os negócios melhoraram muito e já vendemos nossa produção até para o Rio de Janeiro”, conta.
“A feira on-line veio nos incentivar a manter as vendas e, assim, conquistamos novos clientes”, afirma a produtora Ozana Maria de Paula. Ela e o marido, José Hugo, produzem leite, que é utilizado para a produção de queijos e biscoitos, ofertados na Feira ON.
Com o aval da prefeitura de Rio Preto, a feira livre voltou a ser realizada na cidade, aos sábados. Mas os produtores mantiveram as vendas pela internet. “Nem todos os produtores voltaram para as barracas na feira livre, por serem do grupo de risco, mas a feira on-line continua e veio para ficar e se somar à feira tradicional”, afirma Viviane Clementino.
Incentivo ao turismo rural
A Emater calcula que hoje se vende muito mais para consumidores de fora de Rio Preto do que da própria cidade. Muitos turistas que visitam o município fazem os pedidos pela internet, com antecedência, e os produtores entregam nas pousadas.
Café da manhã ao ar livre, com guloseimas produzidas pelo produtor rural, atraem turistas. Crédito: Emater-MG.
Segundo a técnica da Emater-MG, o município já atraia turistas que procuravam as cachoeiras da região, mas a Feira ON deu uma visibilidade maior para os produtos da região. Viviane conta que a Emater tem uma parceria com a Secretaria Municipal de Turismo, que está fazendo um trabalho para que a feira se torne um patrimônio de Rio Preto. “Por causa da divulgação on-line, a feira se tornou uma vitrine para o município”, diz.
O produtor Luiz Fernando da Costa, presidente da feira, aproveitou o momento para inovar e expandir as atividades. Além de vender seus produtos pela internet, ele abriu as portas do sítio Jacarandá para receber turistas, que conhecem a criação de búfalos e podem escolher o cardápio de um café, servido com produtos feitos na propriedade, como bolos, queijos, pães e biscoitos. E podem fazer encomendas para levar para casa.
“A gente já tinha um projeto antigo de turismo rural e tivemos a ideia do café. A iniciativa está dando certo, ajudo na renda, e a procura tem crescido”, afirma Costa.
Outro desdobramento foi a criação da associação dos feirantes de Rio Preto, sinal verde para a participação em políticas públicas, obtenção de crédito rural e de doações pelo grupo.
O trabalho de criação da Feira ON rendeu à Emater-MG de Rio Preto o segundo lugar no Prêmio Melhor Inovação de 2020. O concurso é uma iniciativa da empresa e elege os trabalhos desenvolvidos por seus funcionários que tenham obtido resultados relevantes para a entidade e para seus clientes.
