Ex-Ministro da Agricultura foi um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do setor no Brasil
A SNA recebe com consternação e tristeza a notícia do falecimento de Alysson Paolinelli, ocorrido nesta quinta-feira, 29 de junho. O ex-Ministro da Agricultura estava internado para tratar complicações decorrentes de uma cirurgia para colocação de uma prótese no quadril, mas não resistiu. Aos 86 anos, Paolinelli deixa um legado gigantesco para a agricultura brasileira, para cuja modernização e crescimento teve papel determinante.
Mineiro de Bambuí, formou-se engenheiro agrônomo em 1959 pela então Escola Superior de Agronomia de Lavras (ESAL). Em 1971, a convite do governador Rondon Pacheco, assumiu a Secretaria Estadual de Agricultura, criando incentivos e inovações que alçaram Minas ao posto de maior produtor nacional de café.
Seu sucesso no posto chamou a atenção de Ernesto Geisel, levando o então presidente a oferecer-lhe o Ministério da Agricultura, que assumiu em 1974, num momento de profundas mudanças no panorama do agronegócio brasileiro. Paolinelli investiu na consolidação da recém-criada Embrapa, além de promover a ocupação econômica do Cerrado. Implantou também um ousado programa de bolsas para estudantes brasileiros nos maiores centros de pesquisas em agricultura do mundo, a fim de preparar novos quadros para a gestão qualificada da nova potência que ele próprio ajudava a criar.
Cuidou também da reestruturação do crédito agrícola e da reocupação do bioma amazônico. Sua gestão é considerada um divisor de águas, durante a qual a expansão para o interior do País possibilitou um crescimento sem precedentes e permitiu ao Brasil, nos anos e décadas seguintes, alcançar lugar de destaque entre os maiores produtores e exportadores de gêneros alimentícios no mundo. Vários de seus contemporâneos e estudiosos de sua atuação o classificam como o fundador e patrono da agricultura moderna brasileira, através da revolução que comandou, inspirando gestores públicos e privados que deram continuidade ao seu legado.
Tal prestígio restou inconteste quando, por iniciativa da Esalq/USP, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2021. A escolha se deu pelo conjunto de suas realizações no sentido de aumentar a segurança alimentar mundial, uma preocupação que norteou suas ações a vida inteira. Na ocasião, a SNA, na pessoa de seu Presidente, Antonio Alvarenga, apoiou a indicação em carta que a Esalq encaminhou ao Conselho Norueguês do Nobel.
Quando deixou o Ministério, em 1979, Paolinelli seguiu ativo na vida pública como professor, palestrante e autoridade respeitada e reconhecida mundialmente no agronegócio. Elegeu-se Deputado Federal por Minas em 1986 e, durante seu mandato, participou da Assembleia Nacional Constituinte, esforçando-se para que fossem inseridos na nova constituição os preceitos da agricultura tropical sustentável. Foi também Presidente do Banco de Minas Gerais e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Teve uma segunda passagem pelo secretariado estadual mineiro na gestão de Hélio Garcia, até 1978.
Em 2006, foi agraciado com o World Food Price, que muitos consideram o “Nobel da Alimentação”. Mais recentemente, exercia a presidência da Abramilho – Associação Brasileira dos Produtores de Milho. Era membro titular da Academia Nacional de Agricultura, ocupando a cadeira 37, cujo patrono é Mello Leitão.
A SNA presta condolências e solidariedade aos familiares e amigos, bem como registra o agradecimento ao professor Paolinelli pela fecunda colaboração que sempre teve com a entidade. Que sua memória sirva de bússola para a atuação de todos que desejam perpetuar uma marca tão distintiva no desenvolvimento agrícola brasileiro. Sua trajetória de visionário, seus feitos notáveis e consciência social permanecem vivos.