Emater-MG participou do processo conduzido pelo IMA que reconheceu a produção de uma granja do norte do estado
A Avicultura Sítio do Bunito, localizada em Bocaiuva, no Norte de Minas Gerais, é a primeira agroindústria familiar do Estado a conseguir o certificado de produtora de ovos caipira, concedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A próxima etapa será a conclusão do registro do entreposto de ovos, onde é feita a seleção, classificação, embalagem, rotulação e encaminhamento para a comercialização. O documento, emitido pelo mesmo órgão, ainda passa por pequenos reajustes.
A granja está instalada em propriedade rural de 9,6 hectares. No total, a granja tem 4 mil galinhas caipiras poedeiras e produção diária de 334 dúzias de ovos. O proprietário é João Bispo da Silva que conta, principalmente, com o trabalho conta do irmão e da cunhada.
Os dois processos tiveram a participação da Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) e do Instituto Mineiro de Agropecuária, órgãos vinculados à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
A certificação e o registro da granja é uma atribuição do Certifica Minas Ovo Caipira, programa do governo estadual, criado para promover a adoção de práticas sustentáveis de rastreabilidade e de qualificação do ovo de galinha caipira.
“Em Minas Gerais, esse tipo de produção vem aumentando, conforme a exigência dos consumidores”, afirma a coordenadora técnica estadual de Agroindústria da Emater-MG, Thaís Kalil. “A certificação da propriedade é uma espécie de autorização para usar a denominação “caipira” no rótulo, o que agrega valor ao produto.”
Segundo Thais, entre os benefícios do programa estão o respeito ao bem-estar das aves; o acompanhamento da produção, da origem até o produto final; além da possibilidade de ampliação do comércio para novos mercados e a credibilidade junto aos consumidores.
Entre as ações da Emater, voltadas para a certificação, Thais destaca o acompanhamento da aplicação do checklist do IMA, a elaboração de memorial descritivo (estrutura e funcionamento da granja) e a assistência técnica. Já, para o registro do entreposto, a empresa fez a planta baixa e memorial descritivo econômico, sanitário e de construção, além da rotulagem e capacitação.
O começo
Bispo iniciou a atividade há cerca de três anos, com pouco mais de mil aves. Na fase inicial, ele aproveitou dois galpões no sítio, um onde cultivava hortaliças no sistema hidropônico e outro onde pretendia montar uma marcenaria.
Com os investimentos que teve de fazer para se adequar às normas de certificação e registros do IMA, ele espera maior valorização do seu produto e mais expansão na comercialização.
“É muito bom ser a primeira avicultura certificada de ovos caipiras do Norte de Minas e do Estado. Com a certificação, a expectativa é de valorização da produção, além de ter mais clientes”, diz ele que comercializa ovos, principalmente em Montes Claros, mas também em Bocaiuva, Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem.
A coordenadora de Bem-estar Social da unidade regional da Emater-MG de Montes Claros, Beatriz Cristina Batista, comemora a primeira certificação de ovos caipiras na região. Para ela, os custos da certificação compensam pelos potenciais bons resultados. “A certificação do ovo caipira tem tudo para ampliar os pontos de comercialização. Acredito que a experiência em Bocaiuva vai incentivar outros agricultores familiares interessados em ampliar novos mercados de ovos caipiras”, diz.
A diferença
A principal diferença entre o ovo caipira e o ovo convencional é a maneira de criação das galinhas e a sua alimentação. Criadas soltas, as galinhas de ovos caipira são recolhidas somente à noite, em galpões, e possuem um grande espaço para abrir as asas, saltar e ciscar. A coordenadora técnica estadual de Pequenos Animais da Emater-MG, Márcia Portugal, explica que o ovo caipira é aquele originado da galinha criada no sistema caipira, que é diferente da galinha criada no sistema convencional.
“A galinha caipira é livre para pastar, tem acessos a piquetes para tomar sol, comer insetos e moluscos. Se o produtor não tiver um pasto formado por gramíneas, ele fornecerá restos de verduras e capim picado, por exemplo. Já a galinha convencional, é criada presa em galpões ou em gaiolas”, compara.
Márcia acrescenta que as duas recebem ração balanceada. A diferença é que a caipira, além da ração, tem uma alimentação alternativa. “Gosto de frisar, também, a importância do bem-estar animal. Por isso as galinhas caipiras são consideradas mais felizes”, completa.