Primeiras no Brasil, uma tem casca roxa e, a outra, vermelho intenso. Ambas possuem polpa bicolor
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, órgão da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, desenvolveu as primeiras variedades de batata do País com cascas e polpa coloridas: a IAC Turmalina, de casca roxa e polpa em anéis mesclados de roxo e branco, e a IAC Granada, de casca vermelho intenso e polpa em anéis mesclados de vermelho e branco.
O lançamento foi realizado dia 15 de outubro, na Cooperativa dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul, em Casa Branca, SP, com a presença do secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Itamar Borges. A cooperativa conta com cerca de 320 produtores e área de plantio ao redor de 13 mil hectares, o que representa 60% da área plantada de batata de São Paulo.
Na ocasião, também foram lançadas duas variedades de batata convencional, a IAC Obelix e a IAC Axel, ambas com alta resistência fitossanitária e elevada produtividade, além de tubérculos grandes e com formato que agradam à indústria e ao consumidor.
Além do alto valor agregado, a alta procura pelas batatas coloridas tem deixado os interessados à espera de maior volume de produção, segundo o pesquisador do IAC responsável pelos estudos, Thiago Leandro Factor. O quilo tem sido vendido por até R$ 10,00. Na América Latina, as batatas coloridas são consumidas em países como Peru, Colômbia e Chile. “O mercado nacional está ávido por batatas coloridas”, afirma Factor.
As duas variedades coloridas estão sendo cultivadas por pequenos e médios produtores de batata, inclusive no sistema orgânico. O IAC pretende produzir plântulas e sementes genéticas pelo método da aeroponia, técnica desenvolvida por Factor, para melhorar a qualidade da batata semente. “Para prodizir semente básica G1 e G2, vamos licenciar a produção junto às empresas que já manifestaram interesse por essas novas variedades”, informa o pesquisador.
Apelo visual
A IAC Turmalina, de casca roxa e anéis mesclados roxo e branco, atrai o consumidor pelo visual. É ideal para produzir chips coloridos. Para o agricultor, um dos benefícios é o ciclo precoce, de 80 a 90 dias. “Para o produtor orgânico, quanto menos tempo a planta ficar em campo, melhor, para evitar a incidência de doenças. Já para o agricultor que faz irrigação com pivô, quanto antes colher, mais rapidamente poderá instalar outra lavoura, como a de feijão, por exemplo”, ilustra o pesquisador.
A variedade IAC Granada tem a casca na cor vermelho intenso e a polpa com anéis mesclados em vermelho e branco. Também conquista consumidores “pelos olhos”, por sua aparência diferenciada que rende chips saborosos e com visual atraente. Para os agricultores, o ganho é a na moderada resistência às duas principais doenças da cultura: requeima e alternaria.
A requeima mata a planta em apenas três dias. “É muito difícil controlá-la sem aplicações sucessivas de produtos”, diz o pesquisador do IAC. Já A alternaria, típica de locais ou épocas de cultivo com temperaturas mais altas, provoca perdas de mais de 50% da produtividade, em especial se a incidência for precoce.
As convencionais
A IAC Obelix e IAC Axel, novas variedades de batata convencional, apresentam alta produtividade, ao redor de 40 toneladas por hectare. Ideal para batata palito, a IAC Obelix tem alta resistência à requeima. “Não existe outra no Brasil com resistência tão alta à mais grave doença da cultura”, garante Factor. Por isso, tem sido cultivada no sistema orgânico. Outra vantagem são os tubérculos grandes, compridos e alongados, que proporcionam melhor rendimento industrial.
A IAC Axel requer 30% menos insumos que os demais materiais convencionais, por conta da alta resistência à alternaria. Possui formato que agrada ao consumidor. “O brasileiro gosta desse formato: comprida, alongada e com casca lisa e brilhante”, comenta Factor. Para completar o perfil ideal, tem dupla aptidão, pode ser cozida e frita.
As quatro novas variedades já passaram pela tecnologia de finger print, para identificar a “impressão digital” do material biológico, a sua identidade, em qualquer lavoura onde estiver plantado. As análises de finger print foram realizadas no laboratório do Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, interior paulista. Os quatro materiais estão em fase de registro junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Frita ou cozida?
O uso da batata depende da quantidade de matéria seca no tubérculo. A batata, em geral, é composta por 80% de água e 20% de matéria seca. Quanto maior o percentual de matéria seca, mais a batata é indicada para a fritura. Quanto menor, mais apropriada ao cozimento. No caso das novas variedades IAC, apenas a Axel tem dupla aptidão. As duas coloridas são ideais para fazer chips, e a Obelix, para batata palito.