No evento, eles destacaram que o agronegócio brasileiro é competitivo e segue rigorosas regras ambientais presentes no Código Florestal
Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel e do Mato Grosso, Mauro Mendes, que também é presidente do Consórcio Centro-Oeste de Governadores, defenderam os aspectos sustentáveis do agronegócio brasileiro, durante o Fórum Econômico do Lide, nesta quinta (29/6), no Rio de Janeiro.
Eles também aproveitaram o evento com empresários para fazer críticas a carta adicional enviada pela União Europeia, com novas exigências ambientais, como condição para assinatura do acordo de livre comércio com o Mercosul – bloco que o Brasil integra.
O acordo de livre comércio está em negociação desde 1999.
“Precisamos nesse debate, não sermos submetidos a uma legislação da União Europeia que não respeita a lei brasileira”, disse Mauro Mendes.
O governador do Mato Grosso destacou que o Código Florestal brasileiro vigente já é uma das legislações ambientais mais severas do mundo, e que o agronegócio brasileiro vem se adequando às regras.
“No Mato Grosso, preservamos 62% do nosso território (…) Aquilo que temos no Brasil, nenhum país relevante possui em termos de legislação para proteger o meio ambiente”.
Mendes também chamou atenção para o fato de que os países europeus que fazem exigências ambientais mais duras ao Brasil, são os que mais poluem, e que aumentaram a utilização de combustíveis fósseis poluidores nos últimos anos.
“Grande parte desses países que apontam o dedo para o Brasil, aumentaram o consumo e uso de matriz energética de combustível fóssil, enquanto mais de 90% da matriz do Brasil é renovável e limpa”, concluiu.
Competitividade do agro brasileiro
A carta foi alvo de críticas do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em visita à Europa, chamou o documento de “inaceitável” e de uma “ameaça”.
Na visão do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, a União Europeia tenta interferir na legislação brasileira.
“Depois do acordo construído vem uma carta paralela dizendo que seremos hoje penalizados por uma lei anti desmatamento que querem legislar no Brasil”, afirmou.
“Mesmo o desmatamento feito dentro das regras do Código Florestal brasileiro, a União Europeia não reconhece mais, e nos impõe sérias penalidades, descumprindo o que foi trabalhado durante 24 anos para chegar ao acordo”, completou Caiado.
O governador lembrou que o Brasil é o maior agroexportador do mundo mesmo sem grandes acordos de livre comércio, o que representa muitas vezes uma ameaça aos produtores dos Estados Unidos e União Europeia.
“Quase não temos acordos de livre comércio e competimos de igual para igual”, disse. “Temos uma característica que é a produtividade. Goiás é hoje entre o terceiro e quarto maior produtor de grãos do país, com cerca de 32 milhões de toneladas, e alta capacidade de produtividade por hectare”.
Caiado lembrou ainda que os estados do Centro-Oeste possuem uma expectativa de crescimento econômico de 6,2%, o que representa o dobro da média nacional, puxada especialmente pelo agronegócio.
Meio ambiente é parte do agronegócio
O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, pontuou que o agronegócio brasileiro está totalmente relacionado com as questões ambientais.
“Não tem mais como dissociar o novo agro competitivo, eficiente e moderno, da discussão ambiental. Não podemos nem precisamos atacar a discussão ambiental, pelo contrário, temos que adotá-la. O meio ambiente é indissociável para o agro”, disse Riedel.
Ele destacou ainda as boas práticas utilizadas no setor, que auxiliam no uso eficiente da água e na captura de carbono.
“Esse novo agro que está posto no Centro-Oeste, esparramado pelo Brasil inteiro, é um agro que une eficiência produtiva, tecnologia e a sustentabilidade, e o meio ambiente em três grandes vertentes: biodiversidade, água e balanço de carbono”, afirmou.
“O Centro-Oeste representa metade da safra brasileira, 162 milhões de toneladas, com potencial de duplicar isso sem derrubar um pé de árvore, com tecnologia”, completou.