Durante a solenidade aniversário, a entidade programou várias novidades, entre elas o lançamento de novas soluções tecnológicas
Caravana FertBrasil, que atenderá as regiões de todo o Brasil oferecendo alternativas eficientes para qualificar a produção é uma das ações em comemoração aos 49 anos da Embrapa, que iniciou suas atividades dia 26 de abril de 1973.
A solenidade de aniversário será realizada no dia 27 de abril, na sede da Embrapa, em Brasília, com a presença de autoridades governamentais, parlamentares, lideranças de instituições do agro nacional e parceiros.
Durante o evento, a Embrapa apresentará os resultados no Balanço Social da Empresa de 2021, a atualização da plataforma Visão do Agro (que traça tendências de futuro para o agro brasileiro), além de lançamentos de novas soluções tecnológicas e de assinaturas de novas parcerias estratégicas
“A ciência é sempre a principal resposta da Embrapa”, afirma Celso Moretti, presidente da empresa, referindo-se à trajetória de quase cinco décadas, construída a partir do investimento do Brasil em pesquisa e que elevou o país à categoria de um dos maiores players mundiais na produção de alimentos e referência científica no agro.
Eficiência em fertilizantes
Para o Brasil, o contexto em que a empresa se insere é ainda mais estratégico – e não só para a economia de agora, considerando-se a participação do agro de 27,4% no PIB brasileiro, mas para o que está por vir. No caso dos fertilizantes, por exemplo, Celso Moretti afirma que é possível aumentar a eficiência de 60% para até 70% ainda este ano, gerando uma economia de 1 bilhão de dólares para a agricultura brasileira, a partir do uso racional.
“Associado a isso, há um conjunto de tecnologias que podem contribuir com a redução da dependência da importação de fertilizantes, a exemplo do biofertilizante BiomaPhos, que atua sobre o fósforo que está no solo e o deixa disponível para a planta, reduzindo o uso de fosfato e adubo”, explica.
Segundo Moretti, a expectativa é a de que até 2030, com o avanço da adoção de fontes alternativas de fertilizantes, a necessidade de importação possa cair em 25%, o equivalente a 10 milhões de toneladas. A importação brasileira atualmente é de 43 milhões de toneladas.
Autosuficiência do trigo
Ainda no cenário que marca a passagem do aniversário de 49 anos da Empresa está a perspectiva de que a ciência possa apoiar no processo de autosuficiência interna do abastecimento de trigo, um dos produtos mais essenciais na produção dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro, como o indispensável pãozinho do café da manhã.
“Já conseguimos desenvolver aqui o trigo que não é produzido em nenhuma outra região tropical”, comemora o presidente. Atualmente, no cerrado, 200 mil hectares já estão ocupados por cultivos de trigo tropical. “Além do mercado interno, ainda podemos ajudar a reduzir a fome em outros países do mundo”, completa.
Da demanda anual brasileira de 12,5 milhões de toneladas, ele lembra que foram produzidas 7,5 milhões e que o restante pode ser compensado com a utilização de áreas do cerrado, graças à tecnologia da Embrapa.
Para Moretti, as boas perspectivas que a pesquisa da Embrapa está trazendo para o País com o desenvolvimento do trigo também nas áreas de cerrado em Roraima serão decisivas para o agro nacional.
“Os avanços dos últimos três anos estão alterando o setor produtivo”, afirma, referindo-se aos recentes testes com três materiais para a região, que já revelaram o potencial de cultivo, principalmente em relação ao ciclo, de apenas 66 dias, e a produtividade de três toneladas por hectare, possibilitando a produção de duas safras de trigo no inverno.
“Já mapeamos o cerrado e temos disponibilidade de mais dois milhões de hectares de área consolidada para cultivo, que vão possibilitar que seja triplicada a produção atual, elevando o Brasil à categoria de um dos dez maiores exportadores de trigo do mundo”, garante.
Pauta da sustentabilidade
Entre as principais defesas do presidente, no que diz respeito à imagem brasileira dentro e fora do país, a questão da sustentabilidade do agro nacional é uma prioridade. “É preciso reforçar e comunicar melhor o que realmente está sendo feito e os resultados desse esforço para que o mundo compreenda que o Brasil sempre buscou conciliar as atividades produtivas do agro com a preservação ambiental”, diz.
Ao completar quase meio século de pesquisas, Moretti lembra os destaques da contribuição da Embrapa que têm chamado a atenção em fóruns científicos estrangeiros. “Os Sistemas Agroflorestais (SAF) e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantio direto, manejo integrado de pragas (MIP), fixação biológica de nitrogênio (FBN) e recuperação de pastagens são apenas algumas das tecnologias que temos apresentado e repercutido no exterior”, cita.
Na trajetória da Embrapa, há muitos relatos de impactos positivos na economia, no meio ambiente e na mesa do brasileiro. Se hoje o Brasil se posiciona na liderança do mercado internacional de forrageiras, a marca da Empresa está presente: 90% da área plantada em todo território nacional usa variedades da Embrapa, presentes em mais de 64 milhões de hectares, beneficiando mais de 44 milhões de cabeças de gado.
Tecnologia e inovação
A tecnologia e a inovação em clonagem, o maior banco genético da América Latina, as pesquisas na área de melhoramento genético, o potencial da Carne Carbono Neutro, o agro digital e a agricultura de precisão, o incentivo ao desenvolvimento de startups e o desenvolvimento de softwares e aplicativos móveis já se tornaram referência no meio científico internacional e têm motivado o interesse de parceiros na Europa, Estados Unidos, Canadá, países do Oriente Médio e África.
Dos destaques mais recentes da inovação na pesquisa agropecuária, o presidente menciona o desenvolvimento do bioinsumo BiomaPhos, o bioinseticida Crystal e a sua eficiência no controle de lagartas, as novas cultivares de seringueira, soja, guaraná, mandioca, algodão, trigo e arroz irrigado, a Cana Flex I e II, primeiras canas editadas geneticamente consideradas não-transgênicas, que facilitam a fabricação de etanol (de primeira e segunda geração) e a extração de outros bioprodutos.
A pesquisa com o café robusta, que agrega valor e promove transformação social na Amazônia, a plataforma Aquaplus, reunião de tecnologias de soluções inovadoras para produtores e empresários voltadas à melhoria de manejo e genética de espécies aquícolas, o banco ativo de germoplasma de peixes nativos do Brasil e ainda as cultivares que mais geraram royalties para a Embrapa (BRS Piatã, BRS Zuri, Soja BRS 284, Arroz BRS Pampa CL e Trigo BRS 264) também entraram para o rol de resultados de maior impacto para o agro nacional.