Farm lab de inovação busca startups de tecnologia da informação e telecomunicação e indústria agropecuária
Dia 20 de dezembro, a Embrapa abriu chamamento público para seleção de empresas parceiras do AgNest, iniciativa para promover a inovação aberta e o empreendedorismo, com foco na geração de soluções digitais e sustentáveis para a agricultura. A iniciativa é da Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agricultura Digital, com o apoio da Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa.
O laboratório vivo, em Jaguariúna (SP), vai oferecer infraestrutura para que startups do agronegócio (agtechs e foodtechs) realizem experimentação, validação e demonstração de novas tecnologias, em um ambiente que possibilitará a conexão com instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), corporações e investidores.
O edital, que ficará aberto por 60 dias, é direcionado a empresas de tecnologia da informação e telecomunicação e representantes da indústria agropecuária das áreas de biotecnologia, máquinas e implementos, agricultura de precisão e alimentos.
Iniciativa
O projeto recebeu financiamento do Empreendedorismo e Inovação do (MCTI), para o aprimoramento da infraestrutura local para instalação de modernas ferramentas de conectividade, sensores, máquinas e equipamentos. A ideia é criar um ambiente com condições de apoiar as startups desde as fases de ideação até a atuação comercial, fomentando o desenvolvimento de serviços e produtos que potencializem a agricultura digital e sustentável.
Na opinião de Marcelo Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, fortalecer este ecossistema de inovação aberta é fundamental para enfrentar os desafios globais de atender à demanda crescente por alimentos, fibras e energia.
“O Brasil possui capacidade técnico-científica, produtores rurais que entendem e sabem fazer agricultura, tecnologia disponível e recursos naturais. Estes elementos que colocam o País em condições de se posicionar como grande condutor do futuro, autossuficiente em tecnologia e líder em agricultura sustentável”, comenta Morandi.
A expectativa é impulsionar a geração de soluções baseadas em internet das coisas, big data, inteligência artificial e automação, que busquem o aumento de eficiência e de produtividade dos sistemas de produção agropecuária.
“As tecnologias digitais têm potencial para agregar valor em todos os elos da cadeia produtiva, apoiando a tomada de decisão, reduzindo custos, otimizando o uso de recursos naturais e outros insumos”, afirma a chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, Silvia Massruhá. “A agricultura digital é uma realidade e o AgNest será uma oportunidade de trazer para perto os atores do ecossistema de inovação para que o setor siga avançando”, acrescenta.
Conceito
O AgNest foi idealizado com base no conceito plug and play, em que as startups e as empresas parceiras, isoladas ou conjuntamente, poderão acessar o ambiente de laboratório vivo para testes e experimentações. A proposta é disponibilizar a estrutura necessária para as startups e corporações se conectarem, e com isso acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias, com custos menores, de forma a alcançar mais rapidamente o mercado e os usuários.
Paula Packer, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio Ambiente, explica que diferentes parceiros poderão testar suas soluções numa escala menor. “O AgNest é uma fazenda operacional, de menor porte, por isso um laboratório vivo. A startup se conectará ao ambiente e executará um plano de trabalho para desenvolver ou aprimorar seu produto até colocá-lo no mercado”, diz. “O ambiente vai agregar, num modelo inovador, a expertise da Embrapa, em pesquisa agropecuária, e das corporações, com a visão de mercado, ao perfil ágil e flexível das startups”, completa.
O empreendimento ocupará um campo experimental situado na Embrapa Meio Ambiente, de cerca de 60 hectares, metade deles destinados a atividades agrícolas, para a pesquisa. A área tem histórico de implantação de culturas perenes, semi-perenes, para cultivos anuais de verão, como grãos e fibras, e também comporta a implantação de sistemas de irrigação, o que permite o cultivo de culturas de inverno, como trigo, cevada e aveia.
O AgNest fica a 10 minutos de Campinas (SP), importante polo de ciência, tecnologia e inovação, com a presença de universidades e institutos de pesquisa, e uma concentração considerável de empresas privadas, aceleradoras, incubadoras e investidores. Também está a 1h30 de São Paulo, cidade com maior número de agtechs do Brasil.
Na avaliação do pesquisador Vitor Mondo, da área de negócios da Embrapa Agricultura Digital, esse conjunto de fatores permite amplas possibilidades de atuação das startups. “O objetivo do AgNest é facilitar a interação dentro desse ecossistema de inovação e empreendedorismo, propiciando novas soluções e benefícios para o setor e sustentando a posição do Brasil como referência em agricultura tropical no mundo”, conclui.