Aprovado em inúmeras degustações técnicas, um novo tipo de cerveja acaba de ser lançado no mercado. Com sabor leve e suave, a bebida se destaca ao substituir totalmente o malte pelo arroz.
Mestre cervejeiro e gerente de produção, Vitor Antoniazzi conta que, hoje, as pessoas buscam mais qualidade do que quantidade. “Nossa cerveja não tem glúten nem conservantes, por exemplo. Buscamos um público preocupado com a reeducação alimentar e hábitos de consumo mais saudáveis”, conta o especialista.
A produção da cerveja artesanal fica em Itajaí, litoral do Estado de Santa Catarina. Luciano Teixeira é um dos sócios da Cervejaria Faroeste, responsável pelo lançamento do produto. Ele conta que a ideia é aproveitar a proximidade com o litoral e com os turistas e ganhar espaço entre os apreciadores de cervejas especiais.
“A bebida é feita com ingredientes frescos, orgânicos, ela não é pasteurizada. É concebida de forma artesanal, com curta validade. Isso tudo agrega valor, mas também exige mais conhecimento técnico e cuidados na linha de produção”, explica Luciano.
Confira a reportagem completa no vídeo abaixo:
Versatilidade
O arroz escolhido para produção da cerveja é a SCS122 Miura, uma cultivar lançada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). A instituição também atuou com o suporte técnico para encontrar a melhor variedade para essa finalidade, analisando as principais caraterísticas do grão, como genética, estrutura, cor, sabor e aroma.
Santa Catarina é o 2º maior produtor nacional de arroz. São mais de 146 mil hectares plantados que rendem mais de 1 milhão de toneladas ao ano. Com a produção já consolidada, a Epagri quer agora estimular usos alternativos para o cereal. Reconhecida nacionalmente pelas pesquisas e lançamentos de cultivares, a Estação Experimental da instituição em Itajaí mostra que este alimento pode ser muito mais versátil do que se imagina.
“Além do consumo convencional, o arroz pode ser processado e utilizado na produção de macarrão, pão, óleo e bebidas de alta qualidade. O objetivo é criar novas opções de cultivo aos agricultores familiares em função do mercado da alta gastronomia bastante promissor”, explica Alexander de Andrade, doutor em genética e melhoramento de plantas e pesquisador da Epagri, onde coordena o Projeto Arroz.
A cultivar
A SCS122 Miura alcança 9,46t/ha, enquanto a média estadual está em torno das 7t/ha. Ela também resiste ao acamamento por ventos, problema que impossibilita a colheita e causa perdas na cultura.
A planta tem bom perfilhamento, ou seja, emite mais panículas e grãos de arroz, e ainda é resistente à brusone, principal doença do arroz irrigado. Os grãos são longo-finos e agradam o mercado e o consumidor brasileiro.
Esta cultivar é resultado do cruzamento realizado em 2003 entre a linhagem PR 122 (Iapar) e o cultivar SCSBRS Tio Taka (Epagri). No ano seguinte, o híbrido originário desse cruzamento foi retrocruzado com a linhagem multiespigueta da Epagri SC 354. Após anos de seleção, na safra 2010/11 a linhagem resultante foi considerada promissora e denominada SC 681.
A partir da safra 2011/12, a SC 681 foi avaliada durante três anos agrícolas em experimentos oficiais registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em locais representativos de cultivo do arroz irrigado em Santa Catarina.