Plantel catarinense produz milhares de toneladas mensalmente da matéria orgânica (Foto: Divulgação)
Considerada o coração da avicultura catarinense, a região de Chapecó, no oeste do Estado, concentra cerca de três mil granjas com aproximadamente 65 milhões de aves, número que, conforme dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (CIDASC), da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, corresponde a 79% da avicultura de todo o Estado.
O plantel catarinense, segundo maior produtor do Brasil, produz, diariamente, milhares de toneladas de matérias orgânicas geradas pelas camas de aves. Para se ter uma ideia do volume, a quantidade de cama de frango gerada, após o ciclo de 40 dias de engorda das aves, por exemplo, é de cerca de dois quilos por animal alojado. Um lote de 25 mil aves pode gerar aproximadamente 50 toneladas de esterco nesse período.
Como apresenta importantes nutrientes que podem ser incorporados ao solo, a indústria vem desenvolvendo soluções inovadoras e produtos que promovem o incremento na produtividade das lavouras com redução de custo de produção.
“Além de ser um excelente fertilizante e maximizar a produção da lavoura, a prática da utilização da cama de aves para a fabricação do produto é alinhada à preocupação com a preservação do meio ambiente e aos preceitos da economia circular, já que reutiliza toda essa matéria-prima que seria descartada no meio ambiente”, destaca o CEO da Terraplant, Cléber Terribile.
LEIA TAMBÉM:
→ Hidrogênio verde pode reduzir dependência do Brasil por fertilizantes
Potencial produtivo
Conforme explica o executivo, é alto o potencial de nutrientes dessa matéria-prima atualmente para a produção de fertilizantes organominerais. “Existem fertilizantes organominerais que são produzidos à base de outros resíduos orgânicos como a cana-de-açúcar, esterco suíno ou bovino, mas não possuem todos esses nutrientes. O fertilizante com matéria-prima de cama de aves entrega uma nutrição completa com até 13 nutrientes”, aponta.
Na avaliação do doutor em solos e Coordenador de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Terraplant, Alex Becker, as camas de aves brutas precisam passar por uma operação bastante complexa até se transformarem em fertilizante pronto para a utilização.
“No entanto, se as camas de aves forem transformadas em adubos ou fertilizantes sem o devido cuidado técnico, pode ter o efeito contrário e prejudicar o solo deixando-o mais ácido e até mesmo levando à degradação”, alerta o especialista.
Ele acrescenta que, geralmente, o produto chega à empresa como um resíduo, então, se o produtor utilizar diretamente no solo, estudos comprovam que pode ocorrer a degradação do solo, levar microrganismos que não são benéficos, além de acidificar o solo. Ou seja, a matéria-prima sem a transformação necessária pode ser um grande malefício ao solo quando utilizada em altos volumes.
“É bastante complexa essa operação para que o resíduo seja utilizado de forma segura na agricultura. Tem muitos produtores que utilizam a cama sem tratamento nas lavouras e isso gera problemas no solo”, arremata Becker.