Veja a importância da tecnologia e dos microrganismos para a redução do descarte precoce de comida (Foto: Banco de Imagens)
A humanidade permanece em constante busca por soluções e, a cada dificuldade superada, uma nova se instala em grande escala com a necessidade de resolução cada vez mais urgente. Neste cenário, um dos grandes desafios enfrentados há tempos, e que requer o envolvimento e esforço de muitos para ser vencido, é o desperdício de alimentos.
De acordo com relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), publicado no primeiro trimestre deste ano, o desperdício de alimentos continua a prejudicar a economia global e a fomentar as mudanças climáticas, a perda da natureza e a poluição. No mundo, em 2022, foram desperdiçados mais de 1 bilhão de refeições por dia, enquanto 783 milhões de pessoas foram afetadas pela fome e um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar.
“O impacto das nossas ações é gigantesco nesta questão, mas a boa notícia é que já é possível caminhar rumo a uma diminuição do descarte de comida com o uso de biossoluções, que nada mais são do que microrganismos presentes na própria natureza, que passam por um processo de intervenção humana e, com auxílio de recursos tecnológicos, podem ajudar a humanidade em questões importantes como o desperdício de alimentos”, alerta o vice-presidente de Food & Beverage Biosolutions da Novonesis para a América Latina, Nelson Falavina.
O especialista destaca que, nesse sentido, há profissionais que se debruçam em pesquisas com a finalidade de prolongar a vida útil dos alimentos – sem deixar de lado aspectos de nutrição e sabor –, para que eles cheguem à casa dos consumidores e possam ter boa durabilidade, mantendo as características sensoriais agradáveis de um alimento fresco.
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Exemplos
Na indústria de panificação, por exemplo, já é possível encontrar soluções de “fresh keeping” para estender a maciez dos pães por mais tempo. Isso quer dizer que a validade dos produtos pode ser prolongada trazendo vantagem tanto para o consumidor quanto para a indústria, que consegue obter produtos que vão durar mais tempo nas prateleiras.
“Além de validade prolongada, a solução mantém o pão macio e resiliente por mais tempo, fazendo com que o consumidor não precise descartá-lo por motivos sensoriais, já que não há impacto no sabor e nem na textura do produto”, cita Falavina.
Ele acrescenta ainda que a mesma solução ajuda também a reduzir a quantidade de açúcar e emulsificante adicionado, gerando um produto com “rótulo mais limpo”. “Estima-se que desde que esta linha de “fresh keeping” foi lançada para a indústria, em 1990, cerca de 80 bilhões de pães deixaram de ser descartados”, pontua.
Pesquisas sobre perdas de alimentos no setor lácteo revelam que 81% ocorrem pela expiração da data de validade e ainda mostram que, se essa data fosse aumentada em 7 dias, pelo menos 30% desse descarte precoce poderia ser evitado. Portanto, outro setor que se beneficia diretamente das biossoluções é o de lácteos.
Falavina destaca ainda que “bactérias boas”, identificadas por pesquisadores, ajudam a fortalecer os efeitos bioprotetores que a fermentação tradicional oferece, protegendo os produtos da deterioração causada por leveduras e mofos. “Com isso, além de reduzir o desperdício de alimentos, as ‘bactérias do bem’ ajudam a manter o frescor dos produtos lácteos por mais tempo, melhorando sua qualidade e consistência”, completa.
Segundo ele, há muitas outras formas de se aplicar biossoluções com ingredientes projetados para prolongar a vida útil, melhorar o sabor e aumentar a segurança e a produtividade alimentar, pois a era das biossoluções já começou e tem mostrado cada vez mais ao mundo que é possível transformar a forma de se produzir, consumir e viver.
“A biotecnologia é capaz de promover mudanças significativas que impactam em mais qualidade de vida para a população, em mais sustentabilidade, gerando valor aos negócios e sem deixar de lado a preocupação com as questões mais urgentes do planeta”, conclui Falavina.