Regulação, certificação e informações sobre rastreabilidade devem estimular a produtividade e a eficiência do agro do Brasil e no continente americano
Os países da América Latina unidos são fortes na geopolítica global, pois o bloco tem um papel fundamental para garantir a segurança global, uma vez que possuem água, clima e uma matriz energética renovável. Entretanto, é preciso que a região participe ativamente da formação das métricas globais, ressaltando a diferença entre a produção em região temperada e em região tropical.
A avaliação foi de Ingo Plöger, presidente do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal) Cap. Brasil, na abertura do Diálogo de Líderes: A nova estratégia das Américas e suas alianças políticas. Segurança Energética, Alimentar e Sustentabilidade, promovido pelo Ceal. O evento foi mediado por Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil.
Na opinião do presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, as métricas são relevantes para as cadeias produtivas e a pegada de carbono é relevante para a América Latina. “Assim, a regulação, a certificação e as informações sobre rastreabilidade são narrativas que devem estimular a produtividade e a eficiência do agro do Brasil e das Américas”, disse.
Segundo especialistas, os países da AL têm certificados e processos para o desenvolvimento de uma bioeconomia importante para o mundo. Foto: Embrapa
Eduardo Serantes, presidente do Grupo de Productores del Sur (GPS), a União Europeia tem liderado a questão da sustentabilidade, colocando métricas para o mundo. “Temos que intervir porque somos sustentáveis, temos certificados e processos para o desenvolvimento de uma bioeconomia importante para o mundo”, comentou.
Para Alida Bellanti, vice-presidente do CEAL Cap. Brasil, a sustentabilidade tem sido um imã condutor nas negociações e nos investimentos mundiais. Por isso, ela disse que é sempre importante lembrar que a região possui importantes ativos ambientais e é o maior polo de bioeconomia circular, o que fornece poder de negociação global.
Capacidade competitiva
Segundo Carvalho, a capacidade competitiva dos países da América Latina é especial. No Brasil, por exemplo, há uma política específica para biocombustíveis, o Renovabio, que foi elaborado com a integração entre a iniciativa privada e o poder público, com metas para dez anos, com análises anuais. “Os produtores recebem incentivos quando obtém uma redução constante de emissão de carbono equivalente”, explicou.
O Renovabio, política específica para biocombustíveis, elaborado pela iniciativa privada e o poder público, tem metas para dez anos, com análises anuais. Foto: Embrapa
Essa integração, na análise do presidente da Abag, é fundamental. “Estamos iniciando a criação de um mercado mundial de carbono e isso não pode ser feito sem essa relação entre o público e o privado”, observu.
A seu ver, há também a necessidade de seguir com o desenvolvimento tecnológico no agronegócio da região e a continuidade da adoção de sistemas que integram as culturas, como o a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que contribuem para produzir mais, com redução da pegada de carbono. “Há um efeito poupa terra, ou seja, mais produtos agrícolas plantados e colhidos, em uma área menor, com menor emissões.”
Desafios sociais
Durante o evento, Maria Gloria Alarcon, presidente do Ceal Cap. Equador, apontou os desafios sociais, políticos e econômicos da região e ressaltou a necessidade de promover debates regionais e nacionais sobre as principais questões que estão sendo colocadas no comércio global.
Países do bloco devem apostar no desenvolvimento tecnológico do agronegócio da região e na adoção de sistemas que integram as culturas, como o a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta Foto: Embrapa
Na visão de Maria Gloria, a iniciativa privada é fundamental para pressionar o poder público para criar políticas públicas voltadas para segurança energética, segurança alimentar, redução dos impactos das mudanças climáticas, além de temas mais gerais, como melhor educação, mais segurança pública e melhor infraestrutura.
No encerramento do Diálogo dos Líderes, Plöger, destacou também que as ações que estão sendo feitas pelo Ceal para integração entre os países das Américas e ressaltou que é muito importante ver esse movimento de uma América unida. “É preciso buscar mais esse entendimento de integração”, sugeriu.
