Para diminuir riscos à saúde pública, no campo ou nas cidades, a Emater/RS-Ascar faz recomendações que devem ser adotados após as cheias para evitar a transmissão de doenças entre humanos e animais
As fortes chuvas que vêm atingindo o Estado do Rio Grande do Sul desde o final de abril continuam causando, na maioria das cidades e comunidades rurais, destruição, perdas humanas e materiais , além da morte de animais de estimação e de criação.
A médica veterinária Mara Helena Saalfeld, presidente da Emater/RS e superintendente geral da Ascar, chama a atenção para uma doença de extrema importância para a saúde pública e para a economia agropecuária, a leptospirose.
Ela ressalta que a leptospirose é uma zoonose, doença que é transmitida do homem para o animal e do animal para o homem, causando imensos prejuízos, principalmente na atividade leiteira. “a leptospirose é transmitida por uma bactéria, a leptospira, que tem 250 variedades diferentes. É uma doença que causa estragos muito grandes”.
Urina do rato
A especialista explica que a leptospirose é transmitida pela urina do rato contaminado. “O rato é um portador que não adoece, ele transmite através de sua urina e não fica doente, não morre.”
A veterinária destaca a importância de se alertar para a leptospirose. “A bactéria leptospira sobrevive na água por quase cinco meses e praticamente todo o Estado está atravessando um período de grandes enchentes, alagamentos, enxurradas.”, salienta.
Ela completa que “as pessoas estão tendo contato com essa chuva, com essa água que pode estar contaminada.”
Segundo a presidente da Emater/RS, além das pessoas, os animais também estão em contato com essas águas e, da mesma forma, podem se contaminar.
Para a médica veterinária, a leptospirose é uma doença extremamente importante “porque a bactéria atravessa a pele intacta, não é preciso ter uma ferida para que a leptospira entre na pele”, conta.
Mara orienta que o contágio pode ser feito através dos olhos, do nariz, da boca, e, ainda, pelos aparelhos genital e reprodutor dos animais. “Então, é uma doença muito importante e é necessário evitar, ao máximo, a presença dela em nossas propriedades”, esclarece a especialista.
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Criações e animais domésticos
Para evitar o contágio dos animais, a médica veterinária recomenda aos criadores que protejam a ração dos animais dentro da propriedade, mantendo-a em lugar fechado e protegido, que impeça o acesso de ratos. “Em um quilo de ração, 250 gramas o rato come e 750 gramas ele estraga urinando”, revela.
A especialista sublinha que “é preciso ter muito cuidado e atenção para que essa situação não venha a acontecer”.
Vacinação contra leptospirose
Outro aspecto lembrado pela presidente da Emater/RS é a vacinação contra a leptospirose. “Existe vacina para essa doença, então, temos de prevenir.”
Ela aconselha que o produtor faça contato com o veterinário da propriedade ou com os extensionistas da Emater, para verificar se na região é preciso vacinar a cada quatro ou seis meses.
Produtores de leite
Mara reforça ainda deve haver uma precaução extra dos produtores de leite, uma vez que têm contato diário com as vacas leiteiras. “Ao longo do dia, eles frequentam o estábulo, a sala de ordenha, e a vaca, às vezes, urina nesses locais e, através das gotículas dessa urina, as pessoas que estão ali manejando com os animais podem se contaminar”, alerta.
A especialista reforça para que se tenha muito cuidado com esse cenário. “Qualquer sintoma que seja observado, é necessário chamar o veterinário verificar, fazer os testes de laboratório para saber se é leptospirose, recomenda.
Segundo a médica veterinária, é importante ficar atento aos sintomas. “Não é possível falar em leptospira sem falar na saúde humana. É imprescindível prestar atenção se há dores musculares, na panturrilha, além de olhos avermelhados e febre alta, pois pode ser leptospirose”, ensina.
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Zoonose
Ela alerta para que as pessoas tenham bastante atenção a esses sintomas porque a leptospirose é uma zoonose de extrema importância, pois é letal e demanda cuidados.
De acordo com a especialista, “em relação aos animais, os sintomas incluem urina avermelhada, febre, perda de apetite, e isso vale para todos os animais”, afirma.
Assim, Mara aconselha que se preste bastante atenção nesses sintomas, principalmente para quem tem cachorro na propriedade, pois ele é um dos primeiros animais a ficar doente. “O cão é um guardião da casa e é preciso se estar atentos”, reforça.
Cuidados
A presidente da Emater RS faz o alerta para que todos se protejam, usem botas, macacão impermeável, luvas, principalmente quem tiver contato direto com as águas das enchentes. “Cuidem-se para que essa zoonose não os atinja vocês, nem aos animais da propriedade”, pede a veterinária.
Ela aconselha ainda que as pessoas fiquem atentas aos sintomas e procurem rapidamente médicos e veterinários caso tenham o problema dentro da propriedade. “Procurem os escritórios da Emater se vocês tiverem necessidade”, sugere Mara.
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Confira outras dicas
- Arboviroses (Dengue, Zika e Chikungunya)
A veterinária alerta ainda que as enchentes também favorecem a reprodução do mosquito Aedes Aegypti. “Quando a água baixar e for possível, elimine recipientes com água parada e use repelentes para se proteger contra doenças transmitidas pelo mosquito”, recomenda.
- Acidentes com animais peçonhentos
Outro aviso da especialista refere-se aos animais peçonhentos que, após as enchentes, podem procurar abrigo nas áreas habitadas. “Ao limpar locais inundados, é preciso atentar para a possível presença animais peçonhentos. Busque ajuda médica o mais rápido possível, se houver picadas.
- Proteção Pessoal
A especialista recomenda ainda que, ao fazer a limpeza da casa após a enchente, proteger-se usando botas, luvas e calças longas para evitar contato com água suja.
“Sua segurança e a saúde de sua família são prioridades. Mantenha-se informado sobre medidas de prevenção e siga as orientações das autoridades locais. Em caso de emergência acione os serviços de socorro”, avisa.
Fonte: Emater/RS
Foto abertura Enchente área rural RS – Agência Brasil EBC