A AgroBrasília 2023 alcançou o montante de R$ 4,8 bilhões em negócios fechados. De 23 a 27 de maio, 562 expositores dos mais diversos segmentos apresentaram produtos e serviços na cadeia do agro, com foco no tema desta edição do evento, que foi “Tecnologia para Sustentabilidade”.
Durante os cinco dias, cerca de 175 mil pessoas passaram pelo Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, em Brasília, para fechar negócios e conhecer a riqueza e a diversidade do mundo rural, tão essencial à vida urbana. Além dos negócios, há os empregos – somente na organização do evento, foram 350 postos de trabalho gerados.
Os números são um novo recorde. Para o presidente da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), José Guilherme Brenner, que realiza a Feira, o objetivo de reunir o setor produtivo foi alcançado.
“Juntamos todos os componentes de um ambiente de negócios ideal – empresas, produtores, instituições financeiras. Vimos que o produtor esteve presente e incorporou tecnologias para melhorar sua produtividade com sustentabilidade, o que resulta em renda no campo.” Em 2022, a AgroBrasília registrou R$ 4,6 bilhões de negócios. Foram 520 expositores e 135 mil visitantes.
A Feira começou de forma diferente, sob a fé e tradição. A abertura foi feita com uma Missa de Ação de Graças e a benção das sementes.
No mesmo dia 23, o caráter tecnológico e inovador da exposição se destacou, com a inauguração do Espaço Inovação & Negócios no Campo, que foi construído numa área útil de 1.120 m2, a partir da parceria da AgroBrasília com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Sebrae/DF), a Federação da Agricultura e Pecuária do DF (Fape/DF), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/DF) e a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do DF.
No espaço, também há a Feira do Produtor, ponto de encontro consolidado na AgroBrasília, onde o visitante pode acessar uma amostra do que existe de melhor na produção rural local – doces, geleias, queijos e laticínios, pimentas, carnes, bebidas artesanais e peças exclusivas produzidas por artesãos.
Durante a semana, uma programação de palestras abordou temas atuais e de debate fundamental para os produtores. Sustentabilidade, tributação da atividade rural, uso da Inteligência Artificial (IA) no campo, aplicação de drones, e desafios como a conectividade e o abastecimento de energia no meio rural foram itens da pauta.
A importância da AgroBrasília não só para o Planalto Central e para a agricultura tropical no Cerrado, mas também para o mundo, foi o foco do dia 24, quando ocorreu o Dia Internacional.
Embaixadores e representantes de mais de 40 países e blocos econômicos participaram da iniciativa, cujo objetivo é apresentar à comunidade internacional em Brasília o potencial da atividade agropecuária no Centro-Oeste e no Planalto Central, além de promover o intercâmbio tecnológico e comercial entre países.
De acordo com a organização da iniciativa, foi o maior Dia Internacional de todas as edições da Feira. A ação é realizada em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), e teve ainda o apoio da Secretaria de Relações Internacionais do Distrito Federal (Serinter-DF).
Pulses, mercado promissor
Seguindo a linha da tecnologia para sustentabilidade, uma das grandes atrações da Feira foi o campo de pulses e o Pulse Day, realizado em 25 de maio, a fim de apresentar o mercado dessas cultivares como alternativas para pequenos, médios e grandes produtores. Numa área de sete mil m2, foram plantadas 44 cultivares, dentre feijões, milhos, lentilhas, grão de bico, gergelim.
As pulses são grãos que, quando cozidos, produzem um caldo grosso. No campo, o cultivo foi feito com controle biológico, para minimizar o uso de produtos químicos na lavoura, o que traz segurança alimentar para a população e conservação de recursos naturais.
Essas culturas representam um mercado mundial de US$ 35 bilhões que cresce até 10% por ano. No Brasil, há um mercado de 200 milhões de pessoas que hoje têm poucas alternativas, como o feijão carioca, que corresponde a 60% da oferta e do consumo, e o feijão preto, vermelho e rajado.
Há potencial para exportação e, no espaço de pulses, esses produtos e seus produtores foram aproximados de compradores no exterior, com a visita das comitivas de países que participaram do Dia Internacional da Feira.
Os bioinsumos, utilizados no cultivo das pulses, tiveram espaço especial no evento. Quem chegou à Feira pelos três primeiros portões logo encontrou os estandes de diversos expositores de insumos biológicos. Na visitação, foi possível conhecer lançamentos de produtos elaborados por grandes marcas com tecnologia de ponta.
Os biológicos estão cada vez mais populares entre produtores brasileiros. A sua elaboração requer alta tecnologia, mas ainda são mais baratos que defensivos convencionais. A principal vantagem deles é ser polivalente – controlam mais tipos de pragas e não são agressivos ao meio ambiente por serem elaborados com micro-organismos do próprio meio, manipulados em laboratório.
Melhoramento genético
Um dos principais insumos do agro, as sementes têm seu lugar garantido na AgroBrasília. Nos grãos, alta tecnologia que inclui melhoramento genético, que as torna mais resistentes a condições climáticas adversas e a pragas e doenças.
Melhoramento genético animal também esteve em foco. A Feira apresentou estandes com exposições de bovinos e ovinos criados com melhoramento genético, que resulta em animais bons e pesados, com mais rendimentos de carne e de leite, a depender da raça.
O Parque Tecnológico Ivaldo Cenci oferece ainda diversas oportunidades de vivência no campo. Uma delas é organizada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater/DF), que simula em sua área projetos de sucesso que ajudam a impulsionar a produção agrícola local e a ampliar a renda dos produtores. A empresa organiza ainda o Pavilhão de Negócios, com 54 expositores.
Uma iniciativa desenvolvida pela estatal da região é o projeto Caminhos Rurais do Distrito Federal, que busca o melhor aproveitamento da propriedade rural. A Emater dispõe de um escritório completo, com equipes especializadas, que prestam assistência técnica. As orientações vão desde dicas para bem atender até adequações às regras e legislação ambientais.
Cooperativismo
Mulheres
No último dia da Feira, 27 de maio, e por mais um ano, a Feira dedicou um evento especial para as mulheres, ao realizar o 1º Encontro das Mulheres Rurais. Para estimular a participação e o empreendedorismo femininos no agro, a AgroBrasília recebeu pecuaristas e agricultoras da região para debater representatividade, autonomia, saúde, inteligência emocional.
Uma das participantes foi a superintendente da Secretaria Federal da Agricultura, do Ministério da Agricultura e Pecuária, Jane Batista. Com 17 anos de atividades e experiência no agro, Jane é a primeira mulher a ocupar o cargo no órgão federal.
Para a gestão, ela busca mais proximidade com os produtores rurais. “É muito importante esse trabalho junto à mulher no agro. Com nosso apoio, esse desenvolvimento terá ainda mais chances de crescimento”, explica a superintendente.
Entre as palestrantes, a presidente da Comissão Nacional das Mulheres no Agro da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Stephanie Ferreira, reforçou essa ideia. “Nós somos essenciais para o sistema do agronegócio. Todo mundo sabe”, afirmou Stephanie.