Mudanças nos hábitos dos consumidores demandam atenção da cadeia produtiva
A evolução tecnológica tem acelerado as transformações em relação às mudanças de hábitos e comportamento da sociedade, o que tem gerado impactos em todos os setores. Diante desse cenário, a alimentação é o segmento que mais tem chamado a atenção, não só por conta da necessidade em se nutrir, mas também por questões relacionadas à saúde das pessoas e a sanidade dos alimentos em geral.
Segundo o analista de sistemas, cofundador e CTO da foodtech Diferente, Paulo Monçores, atualmente, é possível enxergar que a forma de comer mudou consideravelmente. “Há alguns anos, a criação do micro-ondas permitiu que as pessoas passassem a esquentar ou preparar alimentos de uma maneira muito mais rápida e simples em comparação com o uso de um forno ou fogão”, exemplifica.
Porém, em relação à revolução do hábito de comer, Monçores afirma que é fundamental entender que a verdadeira transformação atrelada ao avanço tecnológico é a ampliação do acesso à informação. “Graças a esse fator, as pessoas têm compreendido cada vez mais os efeitos da alimentação na sua rotina e, consequentemente, tornaram-se mais vigilantes e atentas a esse ponto”, analisa.
A mudança
O resultado desse processo, na visão do especialista, é um movimento de predileção cada vez mais intenso em relação aos alimentos saudáveis e, sobretudo, orgânicos. “Consumidores informados são mais exigentes e a barra de qualidade vem aumentando cada vez mais, com isso, a forma como nos alimentamos está refletindo em nossos hábitos, em quem somos ou queremos nos tornar”, destaca.
Com isso, cresce também o desafio para o setor produtivo, para conseguir cumprir essa nova demanda e se tornar um agregador na vida dos consumidores. Nesse contexto, não há como deixar de lado o papel que vem sendo atribuído às foodtechs, que, graças ao suporte estabelecido pelo uso eficiente das principais tecnologias disponíveis no mercado, vêm conseguindo trazer novas dinâmicas e visões para o setor alimentício no Brasil.
Outro ponto destacado por Monçores é que o acesso a uma alimentação saudável trata-se de uma linha produtiva de muitos passos, que envolve cultivo, distribuição, armazenamento, venda, entre outros fatores. “Com uma cadeia tão grande, praticamente todas as fases do processo possuem oportunidades de desenvolvimento pelo uso de ferramentas tecnológicas adequadas”, argumenta.
Mercado
Na avaliação do especialista, é nesse nicho que as foodtechs vêm apresentando um alto impacto para a sociedade. Ele lembra, como exemplo, que há, ainda, uma ideia bastante presente dentro da cabeça dos consumidores de que os alimentos orgânicos são produtos caros e disponíveis para pessoas com alto poder aquisitivo.
“De fato, por muito tempo esse realmente seria posicionamento válido, já que, por conta da ineficiência de toda a cadeia de produção, o cliente acabava pagando um preço elevado para ter acesso a uma alimentação de qualidade”, observa.
No entanto, de acordo com o executivo, devido ao papel desempenhado por essas empresas baseadas no uso tecnologia, produtores e distribuidores têm encontrado formas de desenvolver um trabalho mais assertivo e eficiente, com impacto positivamente em todo o processo do plantio, colheita e distribuição dos alimentos, assim como nos preços desses produtos – que hoje já estão muito mais acessíveis a toda a população.
“A forma como nos relacionamos com os alimentos mudou. A sociedade está cada vez mais interessada em entender sobre o impacto que os produtos terão em seu cotidiano e a busca pelo saudável nunca esteve tão em voga. E, da mesma forma que a tecnologia foi uma das aceleradoras dessa transformação, ela vem sendo também o agente catalizador para a democratização do acesso a esses produtos” arremata Monçores.