Planta é cultivada em todas as regiões do país, especialmente por agricultores familiares (Foto: Acervo Epamig)
Alimento comum na mesa dos brasileiros, a mandioca possui forte identificação com a agricultura familiar. Conhecida por diferentes nomes e distinções regionais, esta raiz possui uma diversidade de usos na alimentação humana e animal e também na agroindústria para o preparo de polvilhos e farinhas.
De fácil adaptação nas diferentes regiões do país, a mandioca tem mais 4 mil variedades conhecidas, que se dividem em dois tipos: mandioca de mesa e mandioca brava. Esta última, também conhecida como de indústria, contém altas concentrações de compostos cianogênicos (como o linamarina), que podem liberar cianeto, uma substância tóxica, e é imprópria para o consumo in natura.
“Entretanto, ela não pode ser consumida crua (in natura) ou mesmo cozida diretamente como a mandioca mansa (também chamada de mandioca de mesa ou aipim). Para torná-la segura, é necessário um processamento industrial, como prensagem, fermentação, secagem ou outros métodos que eliminem o excesso de cianeto”, explica a pesquisadora Raquel Sobral.
A mandioca brava é usada, geralmente, para a produção de farinha, polvilho, fécula e outros derivados. Já a mandioca vendida em feiras e supermercados para consumo doméstico é, quase sempre, a mandioca mansa (aipim ou macaxeira), própria para cozinhar. O tucupi, tradicional ingrediente da culinária do Norte do país, é extraído da mandioca brava.

De fácil adaptação nas diferentes regiões do país, a mandioca tem mais 4 mil variedades conhecidas, que se dividem em dois tipos: mandioca de mesa e mandioca brava. Foto: Acervo Epamig
Identificação
A diferenciação visual entre a mandioca brava e mandioca mansa é muito difícil. “Essa distinção é, principalmente, uma responsabilidade do produtor, do fornecedor e dos órgãos de fiscalização”, afirma a pesquisadora, que cita alguns pontos para ajudar na identificação:
“Quando vendida embalada ou processada, é necessária uma rotulagem correta (responsabilidade do fornecedor), ou seja,ela, deve estar identificada claramente como própria para consumo ou para uso industrial”.Além disso, Raquel destaca as boas práticas agrícolas e comerciais. “O agricultor e o comerciante devem saber qual variedade estão cultivando e comercializando, e informar corretamente aos consumidores”, acrescenta.
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Conhecimento e seleção de variedades

De fácil adaptação nas diferentes regiões do país, a mandioca tem mais 4 mil variedades conhecidas, que se dividem em dois tipos: mandioca de mesa e mandioca brava. Foto: Acervo Epamig
O tempo de cozimento é uma característica agronômica e culinária relevante na seleção de cultivares de mandioca. Ele influencia não só na aceitabilidade pelos consumidores, mas também no uso na culinária e no momento ideal de colheita.
Com o intuito de ampliar o conhecimento e as técnicas para o cultivo de mandioca, a Epamig está iniciando um novo projeto para a identificação das características de diferentes cultivares. Segundo a pesquisadora, o objetivo é determinar as melhores formas de processamento e o tempo de cozimento da mandioca, além de avaliar a qualidade pós-colheita utilizando diferentes tipos de embalagens.
“A pesquisa foca em variedades de mandioca biofortificadas cultivadas no semiárido mineiro, com o intuito de adequar tecnologias de armazenamento que preservem melhor suas características. O projeto também inclui a criação, a médio prazo, de um banco de distribuição de manivas, visando apoiar os produtores da região e fortalecer a cadeia produtiva”, acrescenta.