Na lista dos preferidos estão salgadinhos, biscoitos recheados e bebidas açucaradas, como lácteas e achocolatados
Dados de 2022 da Federação Mundial de Obesidade relacionam o crescente consumo de ultraprocessados com o aumento de peso da população mundial. Até 2030, 30% dos adultos e 3,8% das crianças estarão obesas. Por usa vez, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), realizada pelo Ministério da Saúde, constatou incremento de 14,3% no consumo desses alimentos.
Já o estudo do Datafolha, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em 2020, revela que o consumo dos ultraprocessados saltou pelos mais jovens subiu de 30% para 35%. Na lista dos preferidos estão salgadinhos, biscoitos recheados e bebidas açucaradas, como lácteas e achocolatados.
Além de serem palatáveis, os alimentos ultraprocessados apresentam preços mais competitivos. Há a percepção de um consumo de geração para geração, na qual a criança cresce exposta a esses produtos, aumentando a chance de consumi-lo ao longo da vida.
“Os alimentos ultraprocessados são aqueles produtos com adição de substâncias com o objetivo de modificar características físicas, químicas, biológicas e/ou sensoriais durante fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte e/ou manipulação”, detalha a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo. “Esses adicionais podem ser obtidos de fontes naturais ou sintetizados em laboratórios.”
Os aditivos
Além de prontos para o consumo imediato, os ultraprocessados apresentam relevantes quantidades de farináceos, açúcares refinados, gordura vegetal hidrogenada, sódio, corantes, aromatizantes e emulsificantes artificiais. “Esses aditivos são utilizados para aumentar a palatabilidade (sabor, textura, cheiro), estimular o consumo e prolongar o tempo de validade
O consumo frequente desses alimentos também tem a capacidade de alterar a microbiota intestinal e aumentar o risco de disbiose (desequilíbrio de bactérias) e todas as condições clínicas e/ou doenças ligadas ao intestino.
Estudo recente conduzido pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que pessoas que consumiram mais de 20% das calorias diárias em ultraprocessados tiveram um impacto negativo de aproximadamente 30% em sua cognição, ou seja, no que se refere ao conhecimento (pensamento, memória, percepção, linguagem e atenção).
Quantidade segura
Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, a quantidade máxima de açúcares simples não pode ultrapassar 10% das calorias sugeridas para ingestão diária. A gordura saturada, ou seja, aquela encontrada principalmente em alimentos de origem animal, não deve corresponder a mais do que 10% da quantidade de gorduras totais consumidas.
Em relação ao sódio, orienta-se o consumo de até 2g/dia. “Cabe destacar que a quantidade de sódio indicada diz respeito tanto ao sal de adição como de produtos industrializados”, completa a nutricionista.
Para as demais substâncias, ela afirma não existem doses seguras regulamentadas específicas. Desta forma, recomenda-se que a maior parte da dieta seja composta por alimentos in natura e/ou minimamente processados.
“A redução do consumo de ultraprocessados deve respeitar a premissa do descasque mais e desembale com consciência. Além disso, é preciso buscar informação de fontes confiáveis para que nós, consumidores, estejamos munidos de conhecimento para fazer boas escolhas frente à crescente propagação dos ultraprocessados”, explica Adriana.
Processamento, um aliado
Considerando a sociedade moderna, o avanço da tecnologia e o controle de patologias relacionadas a alimentos contaminados, o processamento é um aliado ao estilo de vida saudável em relação à segurança alimentar e à rotina atribulada das pessoas. Por causa da praticidade e da variabilidade do consumo, os alimentos processados cuidadosamente são muito bem-vindos.
Existem produtos embalados sem adição de quaisquer substâncias artificiais. “Os alimentos processados são aqueles que foram submetidos a processos físicos como assamento, resfriamento e foram fabricados em equipamentos industriais específicos. A inclusão de ingredientes ou aditivos naturais, a fim de preservar e dar mais cor e sabor aos alimentos, é segura”, explica a gerente de P&D da Jasmine Alimentos, Melissa Carpi.
“Utilizamos apenas óleos vegetais sem gordura trans, melado de cana e extrato de malte, edulcorante stevia natural, corante natural de urucum e ingredientes naturais como beterraba em pó, espinafre em pó, alfarroba em pó. São ingredientes que auxiliam no sabor, na cor e na conservação do produto, mantendo suas propriedades nutritivas”, complementa Melissa.
A nutricionista consultora da Jasmine destaca, todavia, que “nenhum alimento e/ou produto tem indicação de consumo livre, pois cada consumidor possui necessidades, condições clínicas, histórico pessoal e familiar específicos”, observa.