Especialista tira dúvidas sobre a prática
Apesar de muito comum nos lares brasileiros, diversos estudos científicos comprovam que a prática de lavar o frango antes do preparo não apresenta benefícios do ponto de vista da segurança alimentar, podendo inclusive representar um risco à saúde pública.
Segundo a engenheira de alimentos da Tijuca Alimentos, Flaubenia Maia, a principal razão para evitar esse processo está na ineficácia na eliminação de bactérias presentes na carne e, pior, o jato d’água pode disseminar as bactérias para outras superfícies da cozinha, contaminando outros alimentos e utensílios.
“O frango abatido em abatedouro, com inspeção, já passa por um processo de lavagem, na temperatura correta, com a quantidade de cloro adequada, portanto, a ave já chega ao consumir lavado, não precisando ser higienizado novamente em casa”, explica.
Consequências
Conforme cita a especialista, a contaminação pode provocar uma Doença Transmitida por Alimentos (DTAs) que, em adultos saudáveis, pode ocasionar doenças menos severas, porém, em crianças e idosos, há mais chances de consequências graves, como internação hospitalar ou até morte, a depender da quantidade de alimento ingerido ou do tipo de bactéria.
“O cozimento adequado, em temperaturas superiores a 74°C, é a única forma segura e cientificamente validada de eliminar as bactérias presentes no frango e prevenir doenças como salmonelose e campilobacteriose”, orienta a engenheira de alimentos.
Outros perigos
Flaubenia alerta ainda que, além de não eliminar as bactérias, lavar o frango também aumenta o risco de contaminação cruzada, fenômeno que ocorre quando as bactérias da carne crua contaminam outros alimentos que já estão cozidos ou prontos para o consumo.
“Imagine o seguinte cenário: você lava o frango e, logo em seguida, utiliza a mesma tábua de corte para picar legumes. As bactérias do frango podem contaminar os legumes e ocasionar doenças”, adverte.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em condições ideais de calor e umidade, uma única bactéria alojada em alimentos perecíveis pode se multiplicar em 130.000 em apenas seis horas.
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Prevenção
Diante desse cenário, para garantir a segurança alimentar durante a manipulação do frango, a engenheira de alimentos recomenda algumas medidas preventivas, além de orientar como proceder para melhor aproveitamento do alimento.
Em primeiro lugar, segundo ela, está a lavagem rigorosa das mãos com água e sabão antes e depois de manusear o frango. “Também é recomendada a utilização de tábuas de corte e utensílios específicos para o frango, com posterior higienização meticulosa com água quente e sabão após o uso”, cita;
Além disso, Fela sugere a separação do frango de outros alimentos durante todo o processo de preparo e armazenamento e o cozimento completo do frango, até que a carne esteja totalmente branca e os sucos fiquem transparentes.
“É importante ressaltar que a lavagem do frango antes do preparo não oferece nenhum benefício à segurança alimentar, podendo inclusive representar um risco à saúde pública. Seguir essas medidas é fundamental para garantir o manuseio seguro e higiênico dessa carne, e assim evitar práticas que possam comprometer a saúde e a qualidade do alimento”, conclui Flaubenia.