Nutricionista dá orientações simples para auxiliar e aliviar os sintomas das DIIs com a alimentação (Foto: Freepik)
O cuidado com as doenças inflamatórias intestinais (DIIs) não deve se restringir ao Maio Roxo, mês de conscientização sobre essas condições, uma vez que se tratam de doenças crônicas, sem cura, mas que, com o tratamento adequado, o paciente pode ter uma melhor qualidade de vida.
As DIIs, como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, causam inflamação no trato digestivo e estão associadas a diversos sintomas incômodos, sendo os mais comuns: dores abdominais, diarreia, perda de peso e fadiga. Além do acompanhamento médico especializado para um diagnóstico correto, uma alimentação equilibrada e o suporte nutricional baseado em evidências são aliados importantes para aliviar os sintomas e promover o bem-estar dos pacientes em diferentes fases da vida.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), o número de internações por DIIs no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 61% na última década, saltando de 14.782 em 2015 para 23.825 em 2024, totalizando cerca de 170 mil hospitalizações no período. Os dados são do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde e refletem a necessidade crescente de atenção e conscientização no enfrentamento dessas doenças.
“As doenças inflamatórias intestinais exigem cuidado constante, e é fundamental que, além do tratamento medicamentoso e psicológico, a nutrição baseada em evidências seja também um pilar importante para minimizar as crises e contribuir para uma remissão clínica, histológica e endoscópica sustentada”, destaca a nutricionista Livia Modesto.

Alimentação equilibrada suporte nutricional são aliados importantes para aliviar os sintomas e promover o bem-estar dos pacientes em diferentes fases da vida. Foto: Shutterstock
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Dicas de prevenção e tratamento
Conforme esclarece a especialista, para quem enfrenta essas condições, seguir algumas orientações nutricionais pode fazer toda a diferença no dia a dia e é essencial. Diante disso, Lívia dá algumas dicas para manter o bem-estar e aliviar os sintomas das DIIs. A primeira delas é dar preferência por alimentos que contribuam positivamente para a microbiota. Ela orienta optar por fontes proteicas magras, como peito de frango, peixes magros e ovos, que vão contribuir para um alto teor de proteína de alta qualidade, além de frutas, legumes e fontes de carboidrato.
Batatas frescas, que são cozidas e depois refrigeradas, servem como uma fonte de amido resistente (AR). Isto é benéfico, pois pode produzir ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), incluindo butirato, que serve como fonte de energia para o colonócito. A quantidade de AR é maior nas batatas que foram cozidas e resfriadas, ou seja, refrigeradas. “Já as bananas e as maçãs são fontes de fibra solúvel. As maçãs contêm pectina, que é importante para certos micróbios benéficos produtores de butirato.” complementa Lívia.

Para aqueles que sofrem com as DIIs, o ideal é evitar o consumo de carnes e peixes processados. Foto: Freepik
Outra dica é evitar alimentos que possam irritar o intestino durante crises ou episódios de desconforto, “É importante buscar suporte do profissional médico e nutricionista que te acompanham e relatar os sinais e sintomas de desconfortos gastrointestinais. O ideal é levar para a consulta um diário alimentar e evitar o consumo de carnes e peixes processados, embutidos, refrigerantes e outras bebidas engarrafadas, como sucos de frutas artificiais, bebidas alcoólicas, chocolate, sorvete, snacks e adoçantes artificiais”, sugere a nutricionista.
Manter a hidratação em dia também entra na lista de dicas da especialista, pois a diarreia frequente pode causar desidratação, por isso, beber bastante água ao longo do dia é essencial. As bebidas podem ser água, chás de ervas frescas, como folhas de hortelã, limão, folhas de verbena, camomila ou uma fatia de raiz de gengibre (e chá gelado com base na mesma). Gengibre fresco ou folhas de hortelã podem ser adicionadas para melhorar o sabor da água para aqueles que tenham mais resistência e o mel pode ser adicionado ao chá. Além disso, eles podem tomar um copo de suco de laranja caseiro espremido na hora diariamente – mas não os prontos para uso em caixas ou garrafas – apenas suco feito na hora.
Fazer pequenas refeições ao longo do dia é outra dica destaca pela profissional, já que isso ajuda a não sobrecarregar o sistema digestivo e facilita a absorção dos nutrientes. Comer devagar e mastigar bem os alimentos também contribui para o conforto intestinal e evita sintomas desagradáveis. “Idealmente, uma dieta saudável deve ser seguida por todos, independentemente da pessoa ter ou não a doença de Crohn. Mais do que encarar uma dieta como um conjunto de restrições alimentares, é fundamental compreender, com base em evidências e estudos clínicos, como a alimentação e o suporte nutricional, ajustados conforme as fases da doença, podem ser aliados no tratamento”, finaliza a nutricionista.