Três pesquisadoras da Epamig ensinam procedimentos para que pecuaristas alcancem resultados mais qualitativos
Estratégias envolvem boas práticas desde a ordenha até o processamento da matéria-prima e podem elevar a rentabilidade em propriedades leiteiras. Para que a cadeia leiteira mantenha seus níveis de produtividade e rentabilidade, é essencial que os produtores estejam atentos às boas práticas que promovem uma melhor qualidade da matéria-prima em suas fazendas.
Cristiane Ladeira, pesquisadoras da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), explica que a qualidade do leite fluido é estabelecida por meio da avaliação das características físico-químicas e sensoriais, por meio de parâmetros de baixa contagem de bactérias, baixa contagem de células somáticas (CCS), ausência de microrganismos patogênicos, de conservantes químicos, e de resíduos de antibióticos, pesticidas e outras drogas.
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Leite com altos teores de proteína e gordura é vantajoso, pois proporciona um maior rendimento dos produtos lácteos – Foto: Erasmo Pereira
Composição do leite
Ela salienta que a composição do leite é determinada pelos teores de proteína, gordura, lactose, sais minerais e vitaminas. “Um leite com altos teores de proteína e gordura é vantajoso, pois proporciona um maior rendimento dos produtos lácteos”, avalia.
Já a contagem das CCS está relacionada, de acordo com a pesquisadora, à presença de mastite subclínica no rebanho, “então quanto menor o seu índice, melhor para a qualidade do leite”, afirma.
A especialista destaca que a mesma metragem vale para a contagem de bactérias na matéria-prima, “pois é um dado que remete à higiene na ordenha, no tanque de resfriamento e no processamento do leite”, completa.
Manejo nutricional e aumento de rentabilidade
Karina Toledo, também pesquisadora da Epamig, ressalta que são diversas as condições que influenciam a qualidade do leite, entre eles, a alimentação, raça e saúde das vacas. Além desses, outros fatores interferem, como, por exemplo, os relacionados à obtenção, resfriamento e armazenagem do leite. A especialista destaca ainda o manejo nutricional dos animais como importante para a rentabilidade das propriedades.
“Se bem feito, ele ocasiona um aumento na produção de sólidos do leite, elevando, consequentemente, a bonificação paga pela indústria ao produtor de leite”, revela.
Karina informa que vacas bem alimentadas, ou seja, que tenham a sua necessidade de nutrientes suprida para manter as atividades metabólicas e a produção de leite, terão maior produção de sólidos. “O fornecimento de dietas balanceadas pode favorecer o aumento de proteína do leite, assim como o teor de gordura do leite pode ser favorecido com o fornecimento de fibras de alta qualidade, o que aumenta a remuneração paga pelos laticínios aos produtores”, argumenta.
Igualmente pesquisadora da Epamig, Jaqueline de Sá sublinha que Minas Gerais é a maior bacia leiteira do Brasil. “Segundo dados da mais recente Pesquisa Trimestral do Leite, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado produziu cerca de 5,5 bilhões de litros de leite nos dois primeiros trimestres de 2023, o que representa 23,6% do total da produção nacional.
Juntas, as pesquisadoras listam algumas estratégias que devem ser adotadas pelos pecuaristas para alcançarem resultados mais qualitativos.
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Vacas bem alimentadas têm maior produção de sólidos do leite
Dicas para melhoria da qualidade do leite em propriedades rurais:
- Prevenir e controlar doenças no rebanho, principalmente a brucelose, tuberculose e mastite;
- Realizar procedimentos adequados durante a ordenha, ou seja,: realizar o teste da caneca de fundo escuro para identificação dos casos de mastite clínica e teste CMT para detecção dos casos subclínicos;
- Fazer o pré-dipping, a secagem dos tetos com papel toalha descartável e o pós-dipping;
- Proceder à manutenção e utilização correta do equipamento de ordenha, verificando a pressão de vácuo;
- Limpar e sanitizar adequadamente os equipamentos e utensílios de ordenha;
- Utilizar água de qualidade bacteriológica nos procedimentos;
- Implementar a linha de ordenha para que as vacas com mastite, e recém paridas, sejam ordenhadas por último;
- Acondicionar o leite em condições apropriadas do ponto de vista de higiene e temperatura;
- Treinar e capacitar mão de obra com ênfase em boas práticas agropecuárias;
- Contratar assistência técnica para identificação de pontos que precisam ser melhorados;
- Estabelecer medidas preventivas e corretivas dentro da realidade de cada rebanho.